Lembra dele? Ex-Barcelona, Sylvinho busca se firmar como auxiliar técnico
Ex-jogador, que passou pelo Corinthians e os ingleses
Arsenal e Manchester City, é o braço direito do técnico Vágner Mancini
no Sport
Por Elton de Castro
Recife
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Vestido com a roupa de treino, Sylvinho pode ser facilmente confundido
com algum integrante do elenco do Sport. O físico não difere muito do
que era visto nos tempos em que defendeu Corinthians, Arsenal, Barcelona
e Manchester City. Nos treinamentos, a postura do auxiliar do treinador
Vágner Mancini é de quem sabe como poucos os atalhos da lateral
esquerda.
Sylvinho, que é natural de São Paulo e tem como nome de batismo Sylvio
Mendes Campos Júnior, chegou ao Recife logo após o fim do Campeonato
Pernambuco. Junto a Mancini, o ex-jogador, de 38 anos, tem a missão de
levar o Sport a uma boa campanha no Brasileirão 2012. Experiência não
lhe faltará. Como jogador, Sylvinho conquistou títulos por onde passou,
incluindo duas Uefa Champions League pelo Barcelona (2005-06 e 2008-09),
Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Paulista.
Essas conquistas estão bastante vivas na memória de Sylvinho e agora
ele tenta repetir como auxiliar técnico as glórias do passado.
- Comecei muito novo no Corinthians e me lembro bem da minha primeira
conquista como profissional. Foi em 1995. Nós vínhamos de algumas
derrotas para o Palmeiras, que na época era bancado pela Parmalat. Aí,
chegamos à final do Paulistão contra eles, mas dessa vez conseguimos
ganhar. Nós vínhamos de um longo período sem títulos e nesse ano levamos
dois. O Paulista e a Copa do Brasil.
No Sport, Sylvinho é o braço direito do técnico Vágner Mancini (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)
Aliando velocidade à marcação implacável, Sylvinho se destacou no clube
paulista e acabou chamando a atenção dos times europeus. O Corinthians
até tentou mantê-lo, mas após a conquista do Brasileirão 1998 o lateral
arrumou as malas e foi atuar no poderoso Arsenal, da Inglaterra.
Sonho de qualquer jogador profissional, jogar na Europa pode se
transformar em um grande pesadelo se o processo de adaptação não for
realizado com muita disciplina. Mas isso não foi um empecilho para
Sylvinho. Assim que chegou à Inglaterra conquistou espaço no Arsenal e
ganhou a confiança do técnico Arsène Wenger. Pelos Gunners chegou à
final da Copa da Uefa, mas acabou derrotado pelo Galatasaray-TUR. Dois
anos depois foi parar na Liga Espanhola. O modesto Celta de Vigo não
tinha condições de conquistar título algum, mas mesmo assim Sylvinho se
destacou e conseguiu levar o clube ao quarto lugar na temporada.
Os títulos mais importantes da minha vida foram no Barcelona"
Sylvinho
Se no Celta Sylvinho via se afastar a possibilidade de conquistar
qualquer título na Europa, em 2004 o sonho virou realidade. Com atuações
consistentes, o lateral chamou a atenção do poderoso Barcelona, onde se
juntou aos também brasileiros Ronaldinho Gaúcho, Thiago Motta, Belletti
e Edmílson. Logo no primeiro ano veio a primeira conquista: o título
espanhol.
A partir desse campeonato, os troféus não abandonaram mais o jogador.
Em sua passagem pela Cataluña foram nada menos que dez títulos. Entre
eles, quatro Espanhóis e duas Uefa Champions League pelo Barcelona
(2005-06 e 2008-09). Na memória, a recordação de ter participado de um
das melhores equipes do futebol mundial.
- Os títulos mais importantes da minha vida foram no Barcelona. Imagina
você conquistar uma Champions League, no Estádio Olímpico de Roma. É um
clube fantástico, no qual a maior estrela é o próprio clube. Você
aprende muito jogando com os principais jogadores do mundo e com um
padrão tático absolutamente impressionante.
Fase de Sylvinho no Barcelona foi uma das melhores na carreira (Foto: Agência Reuters)
Sucesso na Europa e esquecimento na Seleção
Na medida em que o futebol de Sylvinho ganhou destaque nos campos
europeus, o lateral perdia espaço na Seleção. Sem qualquer tipo de
frustração, ele lembra do período em que as convocações só serviam para
definir quem seria o reserva de Roberto Carlos, que comandou a posição
durante as Copas de 1998 a 2006.
- Na minha época era muito complicado, a concorrência era forte. O
Palmeiras tinha o Júnior, que tinha herdado a posição do Roberto Carlos,
que tinha ido para a Europa. O São Paulo contava com o André Luiz, a
Portuguesa, com o Zé Roberto, e ainda o Fábio Aurélio. Dessa turma toda,
só um era convocado, porque o titular absoluto era o Roberto Carlos,
que foi um jogador extraordinário. Como eu não era daqueles laterais que
primeiro apoiavam para depois marcar, acabei perdendo espaço. Isso me
ajudou na Europa, mas me prejudicou aqui. Mas não guardo frustração por
conta disso. Até porque me sinto um privilegiado na profissão.
No Barcelona, Sylvinho jogou ao lado de
Ronaldinho Gaúcho (Foto: agência AP)
Com vários títulos no currículo e um forte senso de profissionalismo,
Sylvinho passou a chamar a atenção do recém-milionário Manchester City. O
clube tinha um forte aporte financeiro, mas não conseguia concretizar
qualquer contratação de astros do futebol. Tentando dar mais experiência
ao elenco e atrair futuros craques, os dirigentes ofereceram ao lateral
um contrato que lhe garantiria uma aposentadoria tranquila.
Aos 35 anos, Sylvinho aceitou o desafio de voltar à Inglaterra, onde
atuou por uma temporada. Os títulos não vieram, mas a passagem pelo City
deu uma certeza ao jogador: era necessário voltar para casa.
- Quando eu fui para o Manchester, eles me falaram que minha função era
ajudar a mudar a mentalidade do grupo. Como eu era um cara que tinha
muita bagagem, eles queriam que eu passasse isso para os mais novos. Foi
uma ótima experiência, que guardo com muito carinho. Fiz muitos amigos,
lá.