Com exame na mão, Valdivia admite erro, ataca críticos e diz que não sai
Meia conta que não avisou que iria se atrasar porque ninguém
acreditaria que ele estaria trabalhando durante as férias no Chile
Por Marcelo Prado
São Paulo
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Valdivia, durante entrevista coletiva no Palmeiras
(Foto: Marcelo Prado / globoesporte.com)
Reconhecedor do erro que cometeu ao não avisar que se reapresentaria na
data correta, mas sem arrependimento de ter feito um trabalho com um
preparador físico particular no Chile, sem o consentimento do Palmeiras.
Este é Jorge
Valdivia,
que concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira, na Academia de
Futebol, para falar da sua nova polêmica dentro do Palmeiras.
Ciente de que não foi bem em 2012, o chileno resolveu agir nas férias.
Explicou que decidiu se tratar numa clínica particular para acelerar a
recuperação da lesão que sofreu no joelho esquerdo, em outubro. Pronto
para treinar com o elenco, ele disse que concorda com a multa que
recebeu, mas atacou seus críticos e diz que hoje paga pelos erros que
cometeu no passado.
– Errei ao não avisar. Se falasse que não viria na quinta, porque iria
treinar no Chile até domingo, ninguém acreditaria. Quem desconfia do que
estou falando, basta apenas ligar para os médicos lá no Chile. Volto
disposto a jogar no Palmeiras e não saio daqui até o fim do ano. Não
adianta aparecer babaca querendo me vender – afirmou.
Veja abaixo os melhores momentos da coletiva
Razão de ter voltado atrasado
No Chile, contratei o preparador físico Carlos Burgos, que trabalha com
vários esportistas chilenos. Fizemos um projeto de trabalho que teve
início no dia 20 e que, para ser bem feito, demoraria duas semanas,
acabaria no dia 5. Treinei todos os dias, a maioria em dois períodos.
Entrei em contato com o César (Sampaio, gerente de futebol) e expliquei a
ele no dia 3 a razão de não me apresentar. Ninguém acreditaria que
estava treinado nas férias
(o diretor palmeirense avisou na sexta, dia 4, que não havia conseguido localizar o meia no dia anterior).
Multa é correta?
Errei e mereço a multa, afinal, não me reapresentei. Mas não estava de
férias. Vocês não têm uma foto minha de sunga na praia. Não fiquei as
férias no Facebook e no Twitter. Quando todos os atletas saíram no dia 3
de dezembro, eu fiquei uma semana tratando aqui. Depois, fui para o
México, e no dia 20 comecei a trabalhar minha recuperação no Chile.
Poderia ter avisado, sem dúvida.
Valdivia levou resultados dos exames para a sala de imprensa (Foto: Marcelo Prado / globoesporte.com)
Arrepende-se do trabalho feito?
De maneira nenhuma. Não fiz o trabalho que o Palmeiras recomendou
quando viajei. Isso porque era uma atividade voltada para a
fisioterapia. Lá, trabalhei forte para voltar recuperado. Se não tivesse
feito o trabalho que fiz, teria me reapresentado e ainda precisaria de
um tempo de recuperação no departamento médico. Agora estou à disposição
da comissão técnica. Se o treinador quiser, posso jogar no dia 20
Vai ficar no Palmeiras em 2013?
Vocês não me ouviram falar que vou sair. Se tem babaca, diretor ou
conselheiro que quer me vender, que quer recuperar dinheiro investido,
pergunte a eles. Não pretendo sair. Ontem recebi uma ligação de um
empresário, Rodolfo Forte, dizendo que havia uma proposta do Al-Ain, mas
pediu para que não falasse nada sobre isso com os jornalistas. Aí o
mesmo cara vai e fala para um jornal. Esse é outro idiota. Não tem
proposta nenhuma. Estou com muito desejo, quero ter um grande ano. Não
saio daqui até o fim do ano.
Relação custo-benefício é boa?
Quando vim do Colo-Colo, o Palmeiras pagou US$ 3 milhões (pouco mais de
R$ 6 milhões, em valores atuais). Quando fui vendido da primeira vez, o
clube recebeu R$ 16 milhões. Quando retornei, passei a ganhar um
salário compatível ao de um jogador que tinha disputado Copa do Mundo e
que havia deixado saudade para o torcedor. Quando o Palmeiras foi
campeão, estive junto, presente. Se não joguei mais, é porque as lesões
não deixaram. É por isso que me preparei dessa maneira. Quando eu for
vendido, muita gente vai sorrir que nem o Curinga
(personagem do Batman).
Recado ao torcedor
Não tenho nada a falar para o torcedor. Só escuto duas palavras:
comprometimento e disciplina. Isso deve ocorrer dentro de campo. Fora,
basta ter uma conduta normal. O torcedor tem todo o direito de não
confiar em mim.
Valdivia corre sozinho na Academia de Futebol do Palmeiras (Foto: Cesar Greco / Ag. Estado)