Pacotão da F-1: do faroeste à Guerra nas Estrelas, uma corrida de cinema
Com clima de bangue-bangue e George Lucas no paddock, GP
dos EUA vê Alonso evitar o título antecipado de Vettel; confira tudo
sobre a corrida texana
Por GLOBOESPORTE.COM
Austin, EUA
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Dos duelos empoeirados no Velho Oeste às batalhas numa galáxia
distante, a distância não é tão grande assim. Pelo menos não foi neste
domingo, que reuniu passado e futuro para o
GP dos Estados Unidos
de Fórmula 1. Criador da saga "Guerra nas Estrelas", o cineasta George
Lucas circulou pelo paddock antes da corrida e deu ao fim de semana sua
cota de ficção científica. O resto foi o bom e velho faroeste. Com
referências ao bangue-bangue por toda parte, a corrida no Texas tinha
dois pistoleiros em ponto de bala:
Sebastian Vettel, em busca do título antecipado, e
Fernando Alonso, disposto a tudo para evitá-lo. No fim das contas, um forasteiro coadjuvante roubou a cena:
Lewis Hamilton
venceu a prova e, somando seu triunfo a uma polêmica estratégia da
Ferrari antes da largada, a festa do alemão ficou adiada para o Brasil.
Vettel, ainda tranquilo, e Alonso, ainda preocupado: a decisão ficou para o Brasil (Foto: Getty Images)
Os pilotos voltam à pista neste fim de semana, para o GP de Interlagos.
A corrida está marcada para 14h de domingo, e aí não há mais para onde
correr. Vettel será campeão se chegar em quarto, sem se preocupar com a
posição de Alonso. O espanhol precisa vencer e torcer para o alemão
chegar em quinto. Se o espanhol for o segundo, torce para Vettel ser no
máximo oitavo. E se for terceiro, o adversário terá de chegar em décimo.
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Confira os destaques positivos e negativos da 19ª etapa da temporada 2012 da F-1:
No filme de faroeste em que se transformou a disputa no Texas, o
coadjuvante roubou a cena a 14 voltas do fim. Lewis Hamilton, já sem
chances de título, ultrapassou Vettel e colocou água no chope do alemão.
O piloto da RBR tinha dominado todas as atividades do fim de semana,
dos treinos livres à pole position no classificatório. Na hora da
verdade, no entanto, o inglês deu o pulo do gato. Na reta principal,
usou a asa móvel, jogou o carro para a direita e tomou a ponta. Mesmo
com a vitória nos Estados Unidos, Hamilton está em quarto lugar no
campeonato, atrás de Vettel, Alonso e Kimi Raikkonen. Ainda assim, virou
protagonista na penúltima corrida do ano e chegou a quatro triunfos na
temporada - só perde nesse quesito para Vettel, que tem cinco.

O jogo de equipe subiu para outro nível nos Estados Unidos. Como se não
bastassem as ultrapassagens entre companheiros de time, tão comuns na
Fórmula 1, o GP texano viu uma combinação antes mesmo do ronco dos
motores na largada. De propósito, a Ferrari trocou o câmbio de
Felipe Massa,
que foi punido com a perda de cinco posições no grid para facilitar a
vida de Alonso. A estratégia deu certo. O espanhol largou em sétimo, no
lado limpo da pista, e ganhou três posições. Era o que precisava para
evitar o título antecipado de Vettel. Dito e feito. Ainda conseguiu
chegar em terceiro e adiou a decisão do campeonato para o Brasil.

Se a Ferrari acertou na artimanha pré-corrida, errou feio durante a
prova. Na volta de número 21, Alonso parou nos boxes. Os mecânicos
demoraram para trocar o pneu direito traseiro da Ferrari, e o espanhol
voltou à pista em quinto lugar. Àquela altura Vettel ainda era o líder, e
a posição de Alonso daria o título ao alemão. A demora no pit stop
preocupou os torcedores ferraristas, mas ainda havia muita corrida pela
frente. Alonso ganhou duas posições, Vettel perdeu uma, e a definição do
campeonato ficou para o próximo domingo. O troféu Nakajima, portanto,
não vai para nenhuma barbeiragem na pista, mas sim para uma lambança
mecânica que quase pôs tudo a perder para a equipe italiana.

Felipe Massa começou a prova mergulhado numa polêmica. O brasileiro
aceitou a determinação da Ferrari de ter seu câmbio trocado para forçar
uma punição de cinco posições no grid. Com isso, largou da 11ª posição -
tudo para sair do caminho de Alonso e deixar o espanhol no lado limpo
da pista. Os dirigentes da Ferrari adoraram a boa vontade de Felipe, mas
não bastava ficar bem na fita com os chefes. Massa queria provar para
ele mesmo que era capaz de fazer uma corrida de recuperação. Dito e
feito. Ganhou sete posições ao longo da prova e terminou em quarto,
beliscando um pódio que de qualquer forma seria impossível, já que o
terceiro foi Alonso.

No terceiro treino livre, que geralmente serve para pouca coisa,
Michael Schumacher já tinha dado uma prévia: quase se enroscou com
Felipe Massa de forma desnecessária. Na corrida, o alemão mostrou que a
fase não anda mesmo boa. Na penúltima corrida de sua vitoriosa carreira,
o heptacampeão mundial largou em quinto lugar. Parecia o prenúncio de
um desfecho digno para uma trajetória cheia de glórias, mas se quiser se
despedir bem, terá de ser mesmo no Brasil. Nos Estados Unidos, Schumi
conseguiu a proeza de perder 11 posições ao longo da corrida. Reclamando
dos pneus, terminou o GP texano em 16º lugar.
George Lucas, criador de 'Guerra nas Estrelas', circula no paddock do GP dos Estados Unidos (Foto: AP)
Uma pitada de culinária: o chef Gordon Ramsay também esteve no GP em Austin (Foto: Getty Images)