Lendas são homenageadas e
aprovam liga de veteranos do UFC
Royce Gracie, Mark Coleman, Dan Severn e Art Jimmerson conversam
com os fãs antes da pesagem oficial do UFC 167 em Las Vegas
Por Evelyn Rodrigues, Ivan Raupp e Marcelo Russio
Las Vegas, EUA
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O bate-papo de grandes lutadores com os fãs antes da pesagem oficial de
um evento é uma tradição do UFC. Mas, na edição de número 167, que
marca os 20 anos do torneio, a conversa foi mais que especial. Ela
reuniu ninguém menos que os ex-campeões e lendários Royce Gracie, Mark
Coleman e Dan Severn, e Art Jimmerson, que foi o primeiro adversário de
Royce no UFC - e que subiu ao palco com a famosa luva em uma das mãos
que o notabilizou e garantiu seu lugar na história do evento.
Logo ao subirem ao palco, os lutadores foram ovacionados pelos fãs
presentes e fizeram muitas brincadeiras uns com os outros,
principalmente quando foi perguntado a eles se apoiavam a ideia de uma
liga composta por veteranos do UFC.
- Só há um jeito de descobrir... - disse Royce, sorrindo.
Royce e outros veteranos presentes em evento com fãs antes da pesagem (Foto: Evelyn Rodrigues)
Ao seu lado, Coleman concordou com o brasileiro, e Severn brincou, fazendo alusão a sua luta contra Gracie no UFC 4.
- Há alguns assuntos mal-resolvidos aqui (risos). Acho que seria bom
que isso fosse resolvido de uma vez... Digamos que a derrota para Royce
me custou 60 mil dólares. Foi um custo de educação também, porque o que
aconteceu comigo na luta contra Royce Gracie nunca mais aconteceu
novamente. Posso dizer que aprendo rápido...
Royce e Coleman roubaram a cena com brincadeiras sobre todos os
assuntos. O americano lembrou uma passagem que teve com Georges
St-Pierre alguns anos atrás.
- É verdade. Em 1996, 97, 98, a única coisa que sabíamos era ser
barulhentos, intensos. Não percebi que estava tomando espaço dele na
academia, nem que ele (St-Pierre) não sabia inglês. Nós éramos
intimidadores. Agora ele é quem toma o espaço no tatame. E eu diminuí
meu tom de voz.
Mark Coleman brinca com Royce Gracie em evento antes da pesagem do UFC 167 (Foto: Evelyn Rodrigues)
Perguntado sobre a diferença entre os faixas-pretas do seu tempo, que
preferiam deixar o braço ser quebrado ou apagar a ser finalizados e
desistirem de uma luta, o brasileiro mostrou que continua com o mesmo
espírito guerreiro em suas palavras.
- Não se trata de ser um faixa-preta ou não. O coração está dentro de
você. Eu sou um Gracie. Eu sou assim. Eu nunca assinei o contrato para
uma luta para desistir. Jon Jones disse que não desistiria da luta
contra Vitor Belfort mesmo que seu braço quebrasse. Eu respeito isso. Se
você me pegar, me finalize, porque eu não vou bater. Um dia eu decidi
correr para ver até onde eu aguentava. Corri 41 milhas em sete horas, e
parei porque minhas pernas não aguentavam mais. Eu gosto do desafio, e
por isso eu prefiro o formato de lutas sem tempo. Se eu luto contra um
cara maior que eu, eu dou a ele a vantagem de peso, mas me dê tempo.
Art Jimmerson também recebeu perguntas, e invariavelmente elas eram
sobre a sua luta contra Royce Gracie, na qual ele desistiu segundos após
ficar de costas no chão. Como boxeador, ele não sabia como se defender
no solo e desistiu.
Art Jimmerson lembra de sua luta com uma luva só no UFC 1, contra Royce Gracie (Foto: Evelyn Rodrigues)
- Eu não sabia o que esperar. Nunca tinha ouvido falar de Royce. Estava
na expectativa. O mais engraçado é que quando meu nome foi anunciado,
fui aplaudido por duas pessoas: os meus treinadores. Quando ouvi o dele,
todo mundo aplaudiu, o ginásio quase veio abaixo. Eu me perguntei:
"Quem é esse cara contra quem vou lutar?". Tenho orgulho de ter feito
parte disso. Obrigado, Royce, você me fez famoso (risos). Hoje eu sei
que lutei contra o melhor de todos os tempos na minha primeira luta. Eu
enfrentei o Michael Jordan, o Babe Ruth do jiu-jítsu. Não tenho
arrependimentos.
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Mark Coleman também falou de arrependimentos na carreira, e aproveitou para elogiar Royce Gracie.
- Eu não deveria ter arrependimentos, mas tenho alguns. Eu deveria ter
escutado mais as pessoas. Ter levado mais a sério as instruções dos
treinadores, e não ter pensado que sabia tudo. Ninguém sabe tudo. Mas o
Royce está perto disso (risos).
Severn garantiu que não tem o direito de se arrepender de nada por tudo que conquistou como profissional da luta.
Dan Severn lembra de seu tempo de lutador, em evento antes da pesagem (Foto: Evelyn Rodrigues)
- Eu fiz o que fiz na minha época, e não me arrependo de nada. Eu fui
campeão aos 37 anos de idade, disputei o cinturão três vezes e fiz
algumas superlutas, então não tenho o direito de me arrepender ou
reclamar de nada.
Uma hora descontraída foi o momento em que uma fã perguntou como seria um TUF com a participação dos veteranos.
- Seria um programa em que os atletas usariam bengalas e andadores para
ir para o octógono e lutar. Levaria algum tempo para gravar um show
desses - disse Severn, entendendo que eles participariam como atletas, e
não como técnicos, como a fã perguntou.
Coleman, que é treinador auxiliar de BJ Penn no TUF 19 que está sendo gravado, falou sobre a experiência.
- Tenho sorte de estar no próximo TUF. Não posso falar muito, mas tem
sido muito próximo de como era entrar no octógono. Treinar eses caras
está me dando uma vida nova. Obrigado ao Dana white e ao BJ Penn. Vou
sentir falta quando acabar. Fiz muitos amigos. Adoraria voltar como
treinador, contra esse cara aqui - apontando para Royce Gracie. Seria um
sonho.
Mark Coleman foi um dos veteranos do Ultimate homenageados em evento (Foto: Evelyn Rodrigues)
Uma das últimas perguntas foi sobre uma superluta que cada um dos veteranos gostariam de fazer. Jimmerson brincou:
- Eu contra Royce Gracie, mas sem a luva desta vez (risos).
Coleman preferiu pedir uma reedição da sua luta contra Severn, que ele venceu com uma chave de pescoço.
- Eu adoraria voltar a enfrentar Dan Severn. Ainda faria isso.
Honestamente, hoje tenho muito mais respeito pelo jiu-jítsu, mais do que
eu deveria ter tido no passado.
Royce Gracie brincou com as respostas dos companheiros de palco.
- Quando se está no topo, se fica para sempre. Já fui desafiado pelos
três aqui... - arrancando risos da plateia de dos colegas de entrevista.
O UFC 167 será realizado no MGM Grand Garden Arena, na noite deste
sábado. O canal Combate transmite o evento ao vivo a partir das 21h30m
(horário de Brasília), e o Combate.com acompanha tudo em Tempo Real,
além de transmitir o primeiro duelo do card preliminar (Cody Donovan x
Gian Villante). Nesta sexta-feira, a pesagem ocorre a partir das 22h,
com transmissão ao vivo do canal Combate e do Combate.com.
UFC 167
16 de novembro de 2013, em Las Vegas (EUA)
CARD PRINCIPAL
Georges St-Pierre x Johny Hendricks
Rashad Evans x Chael Sonnen
Rory MacDonald x Robbie Lawler
Josh Koscheck x Tyron Woodley
Tim Elliott x Ali Bagautinov
CARD PRELIMINAR
Donald Cerrone x Evan Dunham
Ed Herman x Thales Leites
Brian Ebersole x Rick Story
Erik Perez x Edwin Figueroa
Jason High x Anthony Lapsley
Will Campuzano x Sergio Pettis
Cody Donovan x Gian Villante