Contraprova de Deco dá positivo, e amostra contaminada será analisada
Defesa vai se basear em resultado de análise das
vitaminas utilizadas regularmente. Jogador do Flu será suspenso
preventivamente por um mês
Por GLOBOESPORTE.COM
Rio de Janeiro
Deco será suspenso preventivamente por um mês
pelo TJD/RJ e irá a julgamento (Foto: Photocamera)
Flagrado no exame antidoping após o jogo entre Fluminense e Boavista,
no dia 30 de março, Deco recebeu a notícia nesta sexta-feira de que a
contraprova de seu teste deu positivo para a substância Furosemida, um
diurético, que o meia faz uso há três anos e nunca havia tido problema. O
jogador planeja processar a farmácia de manipulação e o farmacêutico
responsável pela confecção de vitaminas sob a alegação de contaminação.
A equipe de Deco enviou amostras da vitamina que ele toma para serem
analisadas por um laboratório. A estratégia de defesa dele será feita em
cima do resultado dessa análise. Aos 35 anos, Deco divulgou nota
oficial ressaltando que em 18 temporadas como profissional no futebol
jamais teve seu nome ligado a um episódio do tipo e destacou que irá
atrás de justiça no caso até as últimas consequências.
A suspensão do meia deve ser confirmada, preventivamente, por um mês
assim que o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD/RJ) for notificado, o
que acontecerá na próxima segunda. Assim, ele estaria liberado para
disputar a final da Taça Rio, domingo, contra o Botafogo, se o técnico
Abel Braga optasse por escalá-lo.
No entanto, isso não vai acontecer. O diretor executivo Rodrigo Caetano
fez questão de passar a informação, para aliviar de antemão o turbilhão
pelo qual atravessa o jogador.
- Não há possibilidade nenhuma, isso (Deco jogar) está descartado. Não
tem nem cabeça para isso. Precisamos preservar o jogador e o ser humano -
avisou.
Defesa se baseará em análise do laboratório
De acordo com o procedimento, o tribunal apresentará uma denúncia, e a
defesa do jogador terá cinco dias para se manifestar. A partir de então
será marcado um julgamento em cerca de 15 dias. A punição pode chegar a
dois anos, como em casos recentes do esporte. Neste cenário, sua
carreira muito provavelmente seria abreviada, já que o meia considera a
possibilidade de pendurar as chuteiras em dezembro, quando acaba seu
contrato.
Em nota oficial, o Fluminense divulgou que o atleta
contratou um advogado particular para defendê-lo e respeita a decisão, embora tenha colocado todo o departamento jurídico à disposição de Deco.
Cielo e Dodô: casos semelhantes com fins diferentes
Em outros casos de doping no Brasil, os nadadores Cesar Cielo, Henrique
Barbosa e Nicholas dos Santos foram apenas advertidos em 2011 pela
Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça, pelo uso da mesma substância
Furosemida. O tribunal atribuiu o doping à contaminação de um suplemento
alimentar manipulado pela farmácia Anna Terra, de Santa Bárbara
D'Oeste, em São Paulo. Na ocasião, o estabelecimento assumiu a culpa,
enviando relatório no qual avisava sobre a contaminação das cápsulas por
falta de limpeza no balcão onde as pílulas são produzidas.
Já o caso de Dodô, em 2007, foi bem diferente. Quando o jogador foi
flagrado com a substância femproporex, o Botafogo inicialmente culpou
cápsulas de cafeína produzidas por uma farmácia de manipulação. O
atacante chegou a ser absolvido pelo Superior Tribunal de Justiça
Desportiva, mas o caso foi parar no CAS, que suspendeu o atleta por dois
anos.
No atual Campeonato Carioca, o meia Carlos Alberto, do Vasco, também
foi pego no exame antidoping pelo uso de substâncias hidroclorotiazida e
carboxi-tamoxifeno, uma combinação incomum, de acordo com os médicos
especialistas. O jogador foi suspenso preventivamente pelo TJD-RJ por 30
dias e aguarda seu julgamento. Ele alega inocência.