Entre animais e ringues, Átila Cowboy busca seu espaço no MMA
Lutador baiano radicado em Santa Isabel leva sua experiência como peão e tratador de animais para as lutas no Jungle Fight
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trabalhou (Foto: Rodrigo Mariano)
Átila Oliveira Pininga, de 29 anos, nasceu e passou os primeiros anos de sua vida na Bahia. A exemplo de muitas pessoas que moram por lá, ele levava uma vida dura ao lado do pai, da mãe e de duas irmãs. Por conta disso, bem cedo, Átila já se viu na obrigação de ir para a rua ajudar a família no sustento da casa.
- Desde a minha infância, eu sempre convivi com os animais e fui me apaixonando. Quando eu vim para Santa Isabel, tive que amadurecer muito rápido, procurar emprego para ajudar a família. Foi onde comecei a trabalhar como tratador e conheci o rodeio. A força que eu adquiri com este serviço consigo trazer para dentro do octógono. Estabeleci uma resistência física a mais e isso foi bom - contou.
do Cowboy (Foto: Rodrigo Mariano)
O lutador tinha um tio que morava na cidade do Alto Tietê. Pouco tempo depois de ter se instalado no novo lar, ele conheceu Zé Maria, um rapaz que tinha uma hípica na cidade. Como estava à procura de alguém que quisesse trabalhar no local cuidando dos animais, Átila era a opção certa. Diante da necessidade de conseguir um emprego e da paixão que o atleta tinha por gado, ele aceitou o chamado e lá trabalhou por alguns anos.
- Existem trabalhos que são mais puxados. Cuidar dos animais é só intenso. Gostei muito e ainda sinto falta às vezes. É cativante demais. Eles são diferentes um do outro, têm personalidade - disse o 'Cowboy'.
Na hípica, ele exercia as mais diversas funções: das 6 da manhã às 6 da tarde, dava banho no gado, escovava, alimentava os cavalos. Depois de um tempo, começou a trabalhar em outra hípica, e também em outros empregos. Átila chegou, inclusive, a fazer um curso de eletrecista, embora não exerça a profissão.
...para a adrenalina dos octógonos
Em paralelo a toda correria do dia a dia, o lutador cultivou uma outra paixão: as lutas. A batalha pelo ganha pão deu espaço também à batalha nos ringues, tatames e octógonos. Aos 10 anos, quando ainda morava na Bahia, deu seus primeiros golpes no caratê, e, quando chegou em Santa Isabel, aos 14 anos de idade, conheceu outras modalidades, como o jiu-jítsu e o muay thai. Foi quando começou a se dedicar a luta.
Os primeiros treinos eram feitos na própria cidade de Santa isabel e também em Guarulhos, onde Átila treina até hoje. Além da rotina e dedicação ao esporte, ele também cuida da própria academia.
- É difícil, tem que saber conciliar. Dar aulas, treinar em Guarulhos, cuidar da esposa e da família... Mas é como eu pago minhas contas hoje. Da luta vem minha renda. Minha academia é minha principal conquista. Jamais imaginei isso e hoje tenho um local meu, no centro da cidade - se orgulhou.
(Foto: Rodrigo Mariano)
Aos poucos, o lutador foi ganhando espaço no mundo das lutas através de competições menores. No ano passado, chegou a um lugar com o qual muitos lutadores sonham diariamente: o Jungle Fight, maior evento de MMA da América Latina.
O convite para fazer uma luta no evento veio após um bom desempenho em outros campeonatos. Lutando na categoria dos pesos galo (até 61 quilos), Átila Cowboy venceu sua luta de estreia contra Pilão Santana, após três rounds. O segundo combate no evento ocorreu esse ano, e o Cowboy não teve a mesma sorte. Perdeu para Mário Israel, do Amazonas, que hoje detém o cinturão da categoria.
- Lutar no Jungle Fight foi o meu ápice até agora. Sair de onde eu saí e chegar no maior evento da América é a realização de um sonho, é minha maior conquista. Não sei se chegarei ao UFC. Claro que tenho essa vontade, mas se não conseguir, já tenho um sonho realizado - garante.