Hoje ídolo, Juninho por pouco não foi dispensado por Eurico: 'Não aceitei'
Ao fim de 95, time não ia bem, e Vasco sofreu para pagar ao Sport pelo meia e por Leonardo. Craque relembra momentos marcantes de sua passagem
Apesar de pouco conhecido, o obstáculo para a permanência de Juninho era financeiro. O departamento de futebol do clube carioca, comandado pelo então vice-presidente, Eurico Miranda, não foi capaz de quitar os US$ 3 milhões junto ao Sport Recife, como acordado. Entre a revelação do Brasileiro de 94 e o atacante Leonardo, em mais evidência na ocasião, o escolhido para sair seria o primeiro. Ele teria hesitado, diante da má participação da equipe no campeonato, mas na hora de responder à diretoria, garante ter sido firme.
Veja o vídeo acima e confira a entrevista na íntegra
- Chegamos (ele e Leonardo) sob pressão por resultados, o time não se encaixou e éramos muito jovens para assumir e sermos tão importantes para o Vasco. Esse joga, vai para o banco, joga e vai para o banco é normal. Acontece com todos. Mas o pior foi que, no fim dos seis meses, o Vasco pensou em nos devolver. Foi o momento mais crítico. Eu não aceitei e disse: vim para ficar! Logo surgiu uma proposta do Corinthians pelo Léo e tudo se resolveu assim - esclareceu.
A escalada de sucesso, a partir daí, não demorou. Juninho se recorda que, quando passou a ser mais efetivo na parte ofensiva, foi caindo nas graças da torcida.
O pior foi que, no fim dos seis meses, o Vasco pensou em nos devolver. Foi o momento mais crítico. Eu disse: vim para ficar! Logo surgiu uma proposta do Corinthians pelo Léo e tudo se resolveu assim"
Juninho Pernambucano
Lamentos, mesmo, só restaram para a perda de contato com o amigo Leonardo. Ambos não tiveram a base juntos, mas se aproximaram bastante até que, ao serem separados, jamais voltaram a se ver em campo.
- Nós nos encontramos em Recife, ano passado, depois de muito tempo, as férias não batiam. Sempre fomos amigos e nem conversamos sobre futebol, pois o Léo já parou. Foi uma coincidência como a vida nos uniu e separou. Ele veio do Piauí para o Sport, nos conhecemos, fomos campeões de juniores e chegamos à Seleção de novos e viemos juntos para o Vasco. Mas foram seis meses de convivência apenas. No fim, acabei ficando mais tempo no Vasco, pude aproveitar mais. Léo seguiu a carreira dele, jogou no Corinthians, no Cruzeiro, no Palmeiras, rodou bem aqui no Brasil e fico feliz pelo sucesso dele também - comentou.
Gols, título e nome na história
Quando o assunto são as principais recordações do meia, alguns se destacam na cabeça do Reizinho, como, em especial, a efusiva e inesperada celebração diante da torcida cruz-maltina no Palestra Itália, depois de um dos gols de Romário na incrível virada sobre o Palmeiras, que deu ao Vasco o título da Copa Mercosul de 2000.
- Houve vários momentos fortes. Tristes de derrota também, mas grandes momentos marcantes de vitória. Esse gol contra o River (pela semifinal da Libertadores de 1998) foi especial, e aquele lance ali na Mercosul que marcou, eu nunca imaginava que fosse acontecer. No calor do jogo, perdendo de 3 a 0, Juninho Paulista e Romário jogando muito no segundo tempo... Todos reagiram bem. E eu estava em frente à torcida e quis passar algo como "não vamos largar esse jogo!". Mas tiveram outros também, como a final do Brasileiro de 2000, no qual fiz gol, outros jogos muito importantes, a própria final do Mundial contra o Real Madrid. Mas fiz parte de uma geração, muito longe de ser sozinho. Fiz parte de uma engrenagem que funcionava. Por ainda estar jogando hoje, o torcedor lembra mais. Mas é lógico que Romário, Edmundo e Roberto Dinamite estão acima de todos - ressaltou Juninho.
Articulado, o jogador acredita que o incomum contrato que propôs ao clube pode ser mais usado por outros jogadores em situação semelhante à dele. Na França e no Catar, onde atuou na década passada, a atitude causou repercussão.
- Eu não estava mais no Lyon agora, mas a imprensa noticiou, sim, e ficaram surpresos. Todos se espantaram um pouco, mas não é algo de outro mundo para quem tem 36 anos, está próximo de parar e tem ligação com o clube. É normal até e acho que outros podem optar por isso também. O futebol brasileiro é bem disputado, tem mais pressão, não dá para ter certeza do desempenho. O que não pode é perder o foco do campo. Lá, todos são iguais, independente de salário. É assim que vou me concentrar e fazer o melhor pelo Vasco - finalizou.
Confira os bastidores da participação de Juninho no "Tá na Área"
Na noite desta segunda-feira, no "SporTV News", você ainda vai conferir um outro material especial com o craque, que foi entrevistado pela apresentadora Vanessa Riche. Articulado, ele falou sobre assuntos como o que encontra de diferente no futebol nacional desde que foi para o exterior, sua passagem um pouco frustrante pela Seleção e que se sentiu realmente constrangido com a recepção de gala que teve no Vasco. Além disso, revelou um modo pessoal de agir que, segundo ele, vai fazê-lo se arrepender ao fim da carreira. O programa vai ao ar às 23h. Fique ligado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário