Cinco anos depois, Gabiru revela mágoa: 'Não iria a uma festa do Inter'
Herói da conquista do título mundial contra o Barcelona, meia vive dias de quase anonimato em Curitiba e procura um clube para jogar em 2012
- Me colocaram para escanteio - afirmou, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.
O começo de 2007, no entanto, tisnou o encanto. Más atuações no Gauchão e a saída de Abel Braga (Alexandre Gallo assumiu) fizeram Gabiru revisitar os dias de luta pré-Mundial. Rumou ao Figueirense, onde durou poucos meses, e de lá e foi repassado ao Sport, de Recife. Na celebração de um ano do título, os gestos de reconhecimento da torcida se repetiram num Gigantinho lotado. Ali, Gabiru já era um visitante. Parecia que estava tudo bem. Nem tanto. A mágoa com o clube perdurou.
- Claro que perdoei a torcida, sou um cara tranquilo. Mas acho que não iria mais a uma festa do Inter se fosse convidado novamente. Pelo que fizeram comigo. Naquele momento, fiquei com raiva. Agora, não. Fico mesmo meio chateado de sair daquela maneira, treinando em separado. Mas fazer o quê? Futebol é assim. Sempre tem um para ser julgado. Caía tudo nas minhas costas.
- Pô, o cara acabou com o meu treino!
- Lá, eu treinei bem, treinei sério - confirma o atleta. - Estava preparado.
Claro que perdoei a torcida, sou um cara tranquilo. Mas acho que não iria mais a uma festa do Inter se fosse convidado novamente"
Adriano Gabiru
- Eu fiquei meio assim, né? Estava mal no Brasileirão - reconhece. - Mas o Abel teve personalidade e me escolheu.
Apesar de não ser citado, Fernando Carvalho também merece um pouco dos créditos pela improvável redenção de Gabiru em Yokohama. Afinal, o presidente do clube na época do Mundial tentava contratar o meia desde 2002, ainda em seu primeiro mandato. Só conseguiu em 2006.
A insistência valeu a pena. O gol sobre o Barcelona valeu por mil. É inclusive capaz de tirar a passividade da voz de Gabiru e levá-lo um plano mais ameno, sem ressentimentos e lembranças desagradáveis. Ao descrever os momentos que o conectaram com a eternidade, mescla humildade com pitadas de humor. Espontâneo, não enfeita, fala o que pensa, o que acha que realmente tenha acontecido naquele 17 de dezembro que ainda não terminou.
- Eu fui acompanhando a jogada. Nunca imaginei que fosse fazer o gol. Ela quicou, e eu chutei. Depois me perguntaram por que eu não driblei o goleiro... Se eu fosse do nível de um Ronaldinho, tudo bem, até poderia - justifica, já se esquecendo da carinhosa faixa que havia avistado há cinco anos na multidão.
Ela é uma prova de que, para os colorados, sim, “Gabiru é melhor que Ronaldinho”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário