Para brilhar, vice de futebol do Fla se espelha em seu pai, Cláudio Coutinho
Com ligação histórica com o Flamengo, Paulo César relembra infância no clube. Filho de Cláudio Coutinho hoje é o homem forte do futebol rubro-negro
Paulo César lembra com carinho as travessuras nos vestiários do clube. Era tão brincalhão, que chegava a dar nós nas camisas e calças dos jogadores. E o apelido Cascão vem de uma brincadeira que Júnior e Zico fizeram com ele. Depois de tantas traquinagens, um dia, os jogadores tiveram a ideia de pregar uma peça no garoto.
- Brincava tanto que os jogadores resolveram começar a me dar caldo na lama. Me jogar na lama, enfiar a minha cara lá. Sabe aquele caldo dentro d'água, que entra água no nariz? Comigo era assim, só que na lama. Eu ficava sempre todo sujo no Flamengo, e eles ficavam me provocando: "Vai Cascão, vai tomar banho" - contou Paulo César.
Abel Braga, um dos zagueiros da Seleção de 1978, dirigida por Cláudio Coutinho, o pai de Cascão, lembra das peripécias do garoto:
- O Cascão perturbava, cara. A gente dava cascudo nele, era uma coisa espetacular. Ele perturbava tudo. Você estava comendo a sobremesa, ele vinha e tirava o talher. Estava com suco, ele passava, pegava o copo e tomava. Ele era o inferno - brincou o técnico do Fluminense.
tricampeã no México (Foto: Reprodução/TV Globo)
Cláudio Coutinho apareceu para o Brasil em 1970. Era o preparador físico da Seleção Brasileira tricampeã do mundo no México, e com métodos revolucionários, deu gás para o time canarinho levantar o caneco naquele ano.
- Olha, sinceramente, eu nunca estive tão bem fisicamente como em 70. Uma preparação fantástica, maravilhosa. E a gente tirou frutos - lembrou Rivelino.
O Rei Pelé também lembra com carinho do pai de Cascão:
- Em 70, nós trabalhamos junto com o professor Cláudio Coutinho. Excelente pessoa, muito, muito profissional. Era o mais bravo do grupo, e foi uma pessoa importante na nossa vida, na época de 70. Foi um dos professores que nos ajudou bastante - disse Pelé.
O sucesso e os estudos tornaram Coutinho treinador. Ele dirigiu a seleção peruana, o Vasco, mas fez história quando comandou o time do coração, o Flamengo, de 1977 a 1980. Cláudio Coutinho lançou a geração mais vitoriosa da história do clube, que ganhou a Libertadores e o Mundial de 1981.
- Sem dúvida ele foi o melhor treinador com o qual trabalhei. Ele conseguiu juntar talvez todas as virtudes dos grandes treinadores - disse Júnior, comentarista da TV Globo.
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Coutinho também foi o técnico da Seleção Brasileira na Copa de 78, na Argentina. Ali, teve a maior frustração da carreira. O Brasil venceu a Polônia por 3 a 1 nas semifinais e achava que já tinha se classificado para a final. À noite, viu a Argentina golear o Peru por 6 a 0 e se classificar para a decisão contra a Holanda.
- Com certeza essa foi a maior frustração dele. Ele estava muito esperançoso. Ele fez um trabalho sério, estudou os adversários e achou que seria uma competição justa, que venceria o melhor - contou Cascão.
Praticante da apneia, o mergulho sem auxílio de cilindros de ar comprimido, Coutinho morreu em 1981, nas Ilhas Cagarras, no Rio de Janeiro. Hoje, mais do que nunca, Paulo César se espelha no pai para fazer um bom trabalho no Flamengo.
- Eu preciso honrar o nome da minha família. Devo isso ao meu pai, por tudo que ele fez na vida, por nós, mas sobretudo, eu preciso honrar o nome do Flamengo, que é o nome mais importante na nossa história. Espero que meu pai ilumine minha cabeça, o meu pensamento, e peça lá para Deus me dar uma força - finalizou Paulo César.
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