Lei Geral: com acordo para proibir bebidas, votação é adiada de novo
Texto será levado ao plenário da Câmara apenas na próxima quarta, após visita de Blatter. Liberação de cerveja nos estádios pode ser vetada
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A votação da Lei Geral da Copa, prevista para a tarde desta quarta-feira na Câmara dos Deputados, ficou para a próxima semana, apesar do acordo entre os parlamentares de se retirar do texto a liberação para venda de bebidas alcoólicas durante o Mundial de 2014. A previsão é que o texto seja analisado pelo plenário apenas na próxima quarta, ou seja, já depois do encontro da presidente da República, Dilma Roussef, com o mandatário da Fifa, Joseph Blatter, que está marcado para esta sexta, às 11h (de Brasília), no Palácio do Planalto.Após reunião entre os líderes da base aliada, os deputados informaram que o governo recuou na decisão de apoiar a liberação, deixando a decisão para o Congresso (a comissão especial que analisava o projeto havia aprovado a venda de cervejas no último dia 6). O recado da Casa Civil chegou mais cedo, e o governo deixou claro que, nas palavras de um líder, "tanto faz" a proibição ou não da venda de bebidas - com a alegação que o tema não faria parte das garantias apresentadas pelo governo à Fifa.
Na Câmara, muitos parlamentares são contrários à medida, e os líderes dos partidos foram unânimes em serem contrários à venda. Por isso, sem o apoio do governo, a venda não deve ser liberada.
O relator do projeto, deputado Vicente Cândido (PT-SP), incomodado pela mudança de posição, disse que vai retomar a redação original do projeto encaminhado pela presidente Dilma Rousseff em setembro do ano passado, a menos que o governo deixe clara a posição contrária. Isso porque o texto do Executivo previa a suspensão do artigo do Estatuto do Torcedor que proíbe a venda de "bebidas ou substância proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência" - ou seja, libera, na prática, a venda.
- [O governo ] expôs não só o relator, como vários membros que votaram assim, defenderam assim, encaminharam assim não só na comissão como em entrevistas - disse Cândido, que afirmou ter sido "induzido ao erro".
mostrou-se contrário à liberação de bebidas
na Copa (Foto: Ed Ferreira/Agência Estado)
O novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), não demonstrou preocupação com a possível reação da Fifa à medida, lembrando a legitimidade do Congresso para tomar a decisão.
- A Fifa vai, naturalmente, achar ruim, agora não creio que por causa disso a Fifa vai ter qualquer atitude fora do razoável.
Segundo o líder, o novo acordo que deve permitir a aprovação do texto abrirá a brecha para que os estados com legislações que proíbam a venda negociem diretamente com a Fifa a liberação.
- É possível, pelo que eu pude depreender que a redação pode deixar a possibilidade... Porque veja: se você não autoriza aqui, você não está proibindo que os entes federados façam uma negociação. De repente, um estado pode negociar, não estão fechadas todas as portas.
A posição do Congresso tem potencial para tensionar a reunião prevista para esta sexta-feira entre Blatter e Dilma - já complicadas após a recente crise diplomática causada pelas críticas do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. O suíço chega ao Brasil na sexta para tentar amenizar a crise após a polêmica declaração do francês, que afirmou que o país merecia um "chute no traseiro" por causa dos atrasos nas obras e na aprovação da Lei Geral.
A liberação do álcool nos estádios também é um dos temas que mais preocupam a Fifa, já que a entidade tem uma cervejaria como importante patrocinadora do Mundial. Em janeiro, Valcke esteve no Brasil e cobrou a permissão de cerveja nos jogos:
- Em relação à venda de cerveja nos estádios, sempre fizemos isso em todas as Copas e nunca houve problema. É um compromisso que foi assinado quando o Brasil soube que receberia o Mundial. É claro que também é uma questão comercial. Podemos discutir, mas não podemos esquecer que 95% da renda da Fifa vem de Copas do Mundo - disse o francês na época.
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