Marlone troca Kaká por Juninho e diz que espera sua chance no 'cantinho'
Um dos três promovidos ao elenco, meia tira Reizinho - seu conselheiro - como referência e sonha encarar o irmão gêmeo no Campeonato Carioca
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(Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Com esse histórico de vida, garante não ter pressa para conquistar um espaço no time de Cristóvão Borges. Nos últimos meses, Marlone conheceu um novo mestre, que o fez deixar o ídolo Kaká um pouco de lado. Depois de ouvir os ensinamentos de Juninho, o jovem entende que não será a solução imediata para os problemas no Brasileirão - são cinco rodadas sem vencer. Nesta sexta-feira, fará somente o primeiro treino com o grupo completo.
- Sempre tive a esperança de chegar. Vim trabalhando, recebendo a força de todos e deu certo. Não iria ficar eterno ali (juniores). Ia chegar a minha oportunidade. Vou ficar no meu cantinho fazendo o meu, pronto para corresponder. Ninguém falou que eu vou ser usado agora, que já vou ser solução. Então me espelho no Juninho, que falava comigo quando eu treinava com ele. É um cara que me pedia para ter calma, me orientou muito e me identifiquei com o profissionalismo, com o exemplo que ele dá e a história que fez - contou Marlone.
Além dele, o meia Jhon Cley e o atacante Romário são as outras promessas integradas ao elenco. Vão ocupar nos treinos a lacuna deixada pela falta de algumas peças ofensivas que foram negociadas pelo Vasco e não foram repostas. Atualmente, jogadores formados na base como Max, Renato Augusto, Diego Rosa e Jonathan participam das atividades, mas são pouco usados. Dieyson e Jomar deram um passo atrás. O zagueiro Luan é o único caso à parte. Aos 19 anos, é nome frequente na Seleção sub-20 e tido como joia na Colina.
Isso é fruto das condições precárias nas categorias inferiores, que vêm sendo alvo do Ministério Público na administração de Roberto Dinamite. Ainda em Porto Alegre, após a derrota por 2 a 0 para o Grêmio, o presidente até mandou um recado para Cristóvão olhar para as revelações, mas a verdade é que só depois da morte de Wendel Júnior Venâncio, de 14 anos, no CT de Itaguaí, em fevereiro, quando participava de um teste, e das constantes ameaças públicas da Justiça, a diretoria empregou recursos na reforma do local, que será reinaugurado em setembro, e deve reformular o setor. O clube não vence clássico nos juniores há mais de duas temporadas e admite que, por problemas financeiros, suspendeu as viagens de olheiros pelo Brasil.
Técnico dos juniores, Galdino detalhou as qualidades dos ex-pupilos.
- Marlone é aquele jogador rápido, que bate forte na bola. Ele encorpou mais, porque tinha uma deficiência em marcação, mas conseguiu suprir isso. Jhon Cley joga em posição semelhante a do Marlone, é mais novo, tem potencial muito bom, chuta forte, idêntico ao Marlone. E, por último, Romário é um jogador de área, finalizador, jogador com características idênticas ao Alecsandro, com grande potencial de cabeceio. Estamos colocando as fichas nesses garotos, que vão dar muitas alegrias - disse, empolgado, em entrevista à Rádio Brasil.
O primeiro contato do jogador com a equipe de cima foi em 2009, quando o então técnico Dorival Júnior o convocou para enfrentar a seleção da Nicarágua, em amistoso. A boa atuação, aos 17 anos, foi um empurrão para receber a camisa 10 dos juniores posteriormente. Hoje, Marlone, chamado de "Russo" é visto como referência, tanto que ministrava palestras para garotos que tentavam a sorte no Vasco. O assunto girava em torno da importância da conversão à religião para não ceder às tentações que o futebol oferece.
Doença e sonho com irmão
O espírito de superação de Marlone também teve outro obstáculo pela frente, entre 2011 e 2012: ele viu sua evolução ser atrasada por uma forte virose, cujos sintomas eram diarreia e muitas dores. Isso lhe tirou até peso e prejudicou seu desempenho quando pôde retornar. Resultado: amargou o banco de reservas por algumas partidas e freou a badalação.
- Já jogamos na base, está empatado com duas vitórias para cada um, eu acho (risos). O que mais queremos é isso, seria um dia muito especial. Tomara que seja possível - espera.
Com os pés no chão, Marlone, que recusou oferta do Botafogo, sabe que ainda precisa batalhar muito para trilhar o sucesso no futebol. Mas nada impede que a imaginação de quem já alcançou um dos objetivos tenha asas. Primeiro, brilhando pelo Vasco, com o qual tem contrato até 2016, e, depois, num grande clube europeu, para ter condições de reunir toda a família.
- Sempre tive desejo de ficar no Vasco. Teve essa proposta de verdade, mas nunca quis sair. Meu sonho é "virar" no Vasco e, se der, sonhar com Europa, né? A torcida sempre me tratou com carinho aqui. Quero fazer algo pelo clube, que é um grande pai para mim.
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