Barba, cabelo e... Bigode: Damião arrasa São Luiz, e Inter fatura a Piratini
Centroavante volta aos velhos tempos,
marca duas vezes no 5 a 0 sobre o time de Ijuí e ajuda Dunga a levar o
primeiro turno do Gauchão
DESTAQUES DO JOGO
-
nome do jogoDamiãoDois gols, duas assistências e uma atuação de gala. Parece que o Damião versão 2011, o da Seleção e das lambretas, está de volta ao Internacional.
-
decepcionouSão LuizMelhor campanha, o time de Paulo Porto não ofereceu resistências e levou o mesmo número de gols que havia sofrido em todo o campeonato.
-
mandou bemVuadenBastante visada pelas últimos episódios com Dunga, a arbitragem desta vez foi bem. Vuaden não errou e conseguiu manter o controle da decisão.
A CRÔNICA
por
GLOBOESPORTE.COM
Tudo levava a crer que seria uma tarde de domingo incomum em Ijuí. Chuva, um campo absurdamente embarrado, torcedores com ingressos recorrendo a um perigoso muro
para assistir à partida e ainda um time do Interior com a melhor
campanha da Taça Piratini. Mas o trilar inicial do apito de Leandro
Vuaden restaurou a ordem natural das coisas. O Inter naturalmente se
apoderou das ações no terreno rival, venceu o São Luiz por 5 a 0 e
conquistou o primeiro turno do Campeonato Gaúcho.
347 comentários
Até o que havia deixado de ser rotina voltou a acontecer naturalmente: Leandro Damião protagonizou uma atuação de gala. Sem marcar há duas partidas, anotou o primeiro, deu os passes para Gabriel e D'Alessandro e ainda fez um golaço no final, comemorando com a homenagem ao pai, o seu Bigode, e desenhando com traços irreparáveis o inapelável abismo a separar as duas equipes - Rafael Moura fechou o placar. Diferença que dá o primeiro troféu a Dunga como técnico do clube em que foi criado, justamente na terra em que nasceu, e o garante de forma antecipada na decisão do Estadual.
Com a taça aninhada no colo, o Inter tem a semana inteira para comemorar o triunfo. Volta a campo apenas no domingo, às 16h, no Complexo Esportivo da Ulbra, contra o Canoas, na abertura da Taça Farroupilha, o segundo turno. Mesmo dia em que o São Luiz buscará a recuperação e, quem sabe, mais uma campanha histórica, diante do São José, em casa, às 17h. saiba mais
Insistente durante três dias, a chuva era a ameaça antes de a bola rolar no 19 de Outubro. A grande quantidade de água transformou o campo num lamaçal, mas o árbitro Leandro Vuaden garantiu a realização da partida. Quem não garantia nada era a Brigada Militar, que se eximiu de culpa a respeito do episódio que marcou a decisão. Antes do jogo, centenas de colorados não conseguiram se acomodar no estádio e subiram num muro de quatro metros. Mesmo com risco de queda, permaneceram ali. O tenente-coronel Felisberto Cunha afirmou que a responsabilidade era do clube mandante.
O São Luiz tinha a vantagem de jogar em casa, em Ijuí, cidade a 400 quilômetros de Porto Alegre, por sua campanha invejável. Desde que Paulo Porto assumiu, foram sete vitórias e um empate. A sensação do campeonato, no entanto, tinha pela frente o Inter, de Dunga, D'Alessandro, Diego Forlán e Damião. O quarteto que, dentro e fora de campo, fez a diferença. Até porque tudo o que poderia atrapalhar o curso normal do favoritismo colorado se esvaiu. A partir das 16h, o sol apareceu, a chuva sumiu, a inquietação dos torcedores sem acomodações se acalmou... E, quando o assunto fica só na bola, a qualidade irrompe, absoluta.
Josimar se anima e vira até articulador
(Foto: Diego Guichard/GLOBOESPORTE.COM)
O camisa 9, há dois jogos sem balançar as redes, redimiu-se aos 31. Passe de quem? Forlán, Fred ou D'Alessandro? Que nada. Da estrela de última hora chamada Josimar. O lançamento caiu macio no pé do artilheiro. O chute, como manda a cartilha dos avantes, despregou-se seco do pé direito. Oliveira sujou o uniforme no barro. Em vão: Inter 1 a 0.
Gol e assistências: o Damião total
Com os experientes atacantes Juba e Eraldo, ambos artilheiros em edições anteriores do Gauchão, o São Luiz só conseguiu assustar quando o Inter deixava. Em falha de Fabrício, Juba, por pouco, não deixou Eraldo em frente a Muriel. Mesmo assim, um susto quase que imperceptível. Impossível de não notar são as reclamações de D'Alessandro. Além do bom futebol, o gringo protagonizou algumas pequenas discussões. A principal delas, aos 34, após levar drible por entre as pernas de seu marcador Chicão.
O Inter, por sua vez, não assusta nem fala de mais. Marca gols. Aos 44 minutos, Damião saiu de goleador a garçom. Cruzou na área para um corte mal sucedido de Thiago Costa. A bola se ofereceu mansa a Gabriel. O lateral fuzilou Oliveira para marcar o 2 a 0, seu primeiro gol com a camisa vermelha.
- A gente está criando as situações. O gol foi importante. Estava com saudade. A bola sobrou. Se eu erro, seria corneteado pelos companheiros - brincou Gabriel, na saída para o intervalo.
- Temos que manter o ritmo - alertou um energizado D'Alessandro.
Aos 10, em vez de bater, o São Luiz jogou. E chegou com perigo. Após cruzamento, Juba só não marcou por que Juan deitou-se, aplicou o carrinho e salvou o Inter. Valeu a pena. Na resposta colorada, Leandro Damião mostrou ter tomado gosto da vida de garçom. Desta vez, serviu D'Alessandro. Na frente de Oliveira, o argentino escolheu o canto com a tranquilidade de quem já sabe que é campeão antes mesmo do fim do jogo: 3 a 0.
Muriel toca na bola após mais de 60 minutos
Aos 16, um momento quase que histórico. Muriel, enfim, sujou de barro o seu uniforme preto. O inconformado Eraldo chutou cruzado, e o goleiro precisou se esticar. A bola saiu quicando da área vermelha e caiu no destino natural da tarde. No pé de algum colorado.
Porque só o Inter jogou. Porque só o Inter poderia jogar. E só Damião poderia fechar essa goleada. E em grande estilo. Aos 35, arriscou de fora da área. Contou com um desvio que abrilhantou ainda mais a finalização. Que entrou seca no ângulo. Oliveira acompanhou aturdido e impotente. Assim como o São Luiz inteiro que, num dia, sofreu o mesmo número de gols de todo o campeonato. Ah, Rafael Moura, que entrara na vaga de um ovacionado Damião, ainda marcaria o quinto. Até nisso, Damião deu sorte, "consagrando" o seu substituto.
Desfecho perfeito para uma tarde que se descortinava complicada, mas que terminou completamente sem contestações. Ao Inter, não houve empecilho. Poderia chover, não choveu. O São Luiz poderia surpreender o clube grande, não surpreendeu. E Damião poderia jogar mal, não jogou. Nada de anormal aconteceu após o apito inicial de Vuaden. Talvez tenha faltado um gol de Forlán, artilheiro do Gauchão com seis gols. Apenas um detalhe, incapaz de desfazer o abismo. A Taça Piratini cai nas mãos de um legítimo campeão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário