Pacotão: Vettel brincalhão, Alonso na maca, Massa na bronca e Kimi rebelde
Alemão
domina GP de Abu Dhabi e tira onda com 'zerinhos' e imitação de
Raikkonen. Espanhol precisa passar por exames e brasileiro se irrita com
erro de tática da Ferrari
Por GLOBOESPORTE.COMAbu Dhabi, Emirados Árabes
Comente agora
Sebastian Vettel estava cheio de graça no GP de Abu Dhabi (Foto: Reuters)
Desde
que a Fórmula 1 voltou das férias de agosto, foram sete corridas e um
fato em comum: Sebastian Vettel venceu todas. E depois que
Lewis Hamilton sugeriu que a soberania do alemão da RBR poderia afastar os fãs,
o tetracampeão parece ter ficado “preocupado” e resolveu dar um sabor
diferente aos domingos, estendendo seus shows para além da linha de
chegada. Foi um espetáculo completo
no GP de Abu Dhabi:
vitória incontestável, com direito a novos “zerinhos”, como na Índia, e
uma impagável imitação de Kimi Raikkonen pelo rádio. E por falar em
“preocupação”, com dores nas costas, Fernando Alonso precisou passar em
um hospital após sair da prova. Já Felipe Massa e Kimi Raikkonen não
tiveram motivos para se preocupar, mas sim para se irritar. Enquanto o
brasileiro criticou uma opção da Ferrari no segundo pit stop, o
finlandês chegou a ameaçar não correr as últimas provas do ano em razão
de salários atrasados e, para piorar, ainda bateu na largada.
Confira os destaques positivos e negativos do GP de Abu Dhabi:
Foi
mais uma atuação para não deixar margem de dúvidas que Sebastian Vettel
é “O Cara” da Fórmula 1 atual. Largando em segundo, precisou de apenas
alguns metros para superar seu companheiro de RBR, Mark Webber. O que se
viu na sequência no cair da noite em Yas Marina foi mais um implacável
baile do alemão. Com um ritmo enlouquecedor, ele colocou dez segundos de
vantagem sobre o resto do pelotão. No fim cruzou a linha de chegada a
“eternos” trinta segundos de seu parceiro de time, provando que sua
soberania não é apenas por ter uma máquina nas mãos. E falando em
"mãos", o tetracampeão deixou sua marca no "hall da fama" do circuito:
Sebastian Vettel põe as mãos no hall da fama de Yas Marina (Foto: Agência EFE)
Vettel estava, definitivamente, inspirado em Abu Dhabi.
Após dar mais um show na pista, resolveu repetir os “zerinhos” que fez
quando comemorou o tetra na Índia. Pelo rádio, a equipe o chamava
desesperadamente para os boxes, já que na corrida anterior, a quebra de
protocolo havia rendido uma reprimenda ao piloto e uma multa de 25 mil
euros à equipe. Espirituoso, o alemão resgatou uma folclórica frase do
amigo Kimi Raikkonen. Confira o diálogo:
Engenheiro: "Calculei agora. São 125 mil dólares".
Christian Horner, chefe da RBR: "E, aliás, você pode pagar por essa."
Engenheiro:
"E Sebastian, você precisa trazer o carro de volta, OK? Traga o carro
de volta para o pit lane, por favor. OK, Sebastian, desculpe por ficar
no seu pé, mas, para ser claro, você precisa trazer o carro de volta
para casa, OK, para os boxes."
Vettel: "Deixe-me fazer uma citação: sim, sim, sim, sim... Eu sei o que estou fazendo!"
E
o alemão realmente sabia bem o que estava fazendo. Ao executar os
“zerinhos” antes de completar a volta de desaceleração, em uma área de
escape, e levar o carro de volta ao parque fechado, Vettel não deu
margem para qualquer punição. Diferentemente do GP da Índia, quando
largou o carro na reta principal após ter feito os “zerinhos” e voltou a
pé para os boxes.
- Tecnicamente, não quebrei nenhuma regra desta
vez, porque eu trouxe o carro de volta. Só espero que com o litro de
combustível para análise, pois queimei alguns lá. Na semana passada eu
deixei o carro no meio da pista. Que eu me lembre, este foi o grande
problema – explicou após a corrida.
Com
mais uma vitória, a sétima seguida, Vettel igualou o feito de seu ídolo
e compatriota Michael Schumacher em 2004. Daqui a duas semanas, no GP
dos EUA, o alemão tem a chance de superar a marca. E se vencer em
Austin, terá mais duas marcas a igualar no encerramento da temporada,
dia 24 de novembro, no Brasil: as nove vitórias de Alberto Ascari entre
os GPs da Bélgica de 1952 e 1953 (que se tornariam sete, caso seja
levado em conta o GP de Indianápolis de 53, disputado apenas por pilotos
americanos) e os 13 triunfos em uma mesma temporada, façanha alcançada
por Schumi em 2004.

Definitivamente,
Mark Webber e “uma boa largada” não combinam em uma mesma frase.
Independentemente da posição em que o australiano parta, é quase certo
de que seu início de prova será sofrido. E não seria diferente no GP de
Abu Dhabi. Apesar da volta excelente que o veterano executou no sábado
para garantir a pole, a largada de Webber deixou a desejar. Assim que as
luzes vermelhas apagaram, Mark viu Vettel pular a sua frente e, de
lambuja, Nico Rosberg também lhe tomou a posição. Durante a prova,
Webber manteve um bom ritmo e conseguiu retomar ao segundo lugar de
Rosberg, mantendo-o até a bandeirada. Após a corrida, Webber afirmou que
não conseguiria levar a melhor sobre Vettel mesmo se conseguisse manter
a ponta na largada: “Ele estava em outro planeta”.

A
dez voltas do fim, Alonso fazia seu segundo pit stop e, ao deixar os
boxes, saiu lado a lado de Jean-Eric Vergne. Para evitar o choque e
completar a ultrapassagem, o espanhol jogou o carro para fora da pista,
mas ao passar por cima de uma zebra quando desviava da STR do francês, o
carro do asturiano deu uma leve decolada. Por se tratar de uma alta
velocidade, foi o suficiente para gerar um impacto de intensidade
equivalente a 28 vezes a força da gravidade. Com dores nas costas,
o espanhol seguiu para um hospital da região onde foi submetido a exames médicos de precaução:
-
Ainda tenho todos os meus dentes no lugar - brincou - Minhas costas,
obviamente, estão doendo um pouco. Foi uma grande pancada mesmo, mas
estarei OK para Austin, com certeza.
Fernando Alonso atendimento médico GP de Abu Dhabi (Foto: EFE)
Felipe
Massa chegou em oitavo, mas acredita que poderia ter ido mais além. Ele
se mostrou surpreso com a opção da Ferrari em escolher os pneus médios
(mais resistentes, porém menos velozes que os macios) para seu segundo
pit stop, que ainda acabou sendo lento em razão da demora na fixação da
roda dianteira esquerda.
O brasileiro criticou a decisão da equipe, que classificou como “erro”,
e afirmou que, se não fosse esse problema, teria chegado entre os cinco
primeiros com tranquilidade. Massa lembra que deu 19 voltas com os
compostos macios no começo da prova e, portanto, não seria difícil
repetir isso no fim, sendo capaz de ser veloz o suficiente para alcançar
o quinto posto, posição que ocupava quando fez a primeira parada.
Alonso, por exemplo, voltou à sua frente após a segunda parada e, com os
pneus macios, pôde passar Lewis e Di Resta, e chegar em quinto.
Felipe Massa estava em quinto, mas com tática equivocada da Ferrari acabou em oitavo (Foto: Agência AP)

A
polêmica do GP de Abu Dhabi ficou por conta do atrito entre Kimi
Raikkonen e sua equipe, a Lotus. Ainda na quinta-feira, dia de
compromissos com a imprensa e patrocinadores, o “Homem de Gelo” não deu
sinal de vida no circuito de Yas Marina. O motivo seria o não
recebimento de “um euro sequer” em 2013 por parte do time de Enstone.
Com uma dívida aproximada de 17,15 milhões de euros (cerca de R$ 52
milhões), o finlandês deu as caras no dia seguinte e soltou o verbo
contra a equipe, ameaçando não participar das últimas provas. A tática
parece ter dado certo, já que piloto e time chegaram a um acordo. Só que
Kimi poderia ter até ficado em casa neste fim de semana. No sábado, fez
o quinto tempo do treino, mas foi desclassificado por irregularidades
em seu carro e precisou começar a corrida em último. E, na largada,
chocou-se com a Caterham de Charles Pic, quebrou a suspensão do carro e
abandonou a prova ainda na primeira curva. Que fase!

Paul
di Resta foi uma das surpresas da corrida ao levar ao sexto lugar sua
Force India, equipe que caiu muito de rendimento após as mudanças dos
tipos de pneus pela Pirelli durante a temporada. E curiosamente, foi com
uma tática apostando na resistência dos compostos que o escocês
conseguiu a façanha. Di Resta largou em 11º com pneus macios, fez apenas
um pit stop, na 20ª volta, e completou mais 35 giros com os médios. Seu
companheiro Adrian Sutil começou de médios, terminou de macios e também
chegou na zona de pontuação, em décimo. Apenas a dupla da Force India
arriscou a estratégia de apenas uma parada. Todos os demais pilotos
fizeram dois pit stops.
Circuito de Yas Marina, palco do GP de Abu Dhabi (Foto: InfoEsporte)
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