"Costureiro do MMA", lutador enfrenta o preconceito e ganha destaque no esporte
Murilo Chacal tem 25 anos e deixou a máquina de costura para se dedicar às lutas
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- Sempre há muito preconceito com quem pratica este tipo de luta. Tem a visão de que é uma coisa muito violenta, que só faz machucar o adversário, mas na verdade a gente faz com o máximo de profissionalismo possível. No começo todo mundo ficava me olhando torto porque sou costureiro, mas aprendi a levar numa boa.
- Me espelho muito na minha família. Ia com meu irmão aos treinos e fui me apaixonando pelo esporte. O que aprendi com meus familiares trago para a luta. Com eles conheci a costura, a luta e o comprometimento com o que eu faço. Só falto a um treino em casos extremos, como problemas de saúde.
Mas nem todos os membros da família aceitaram logo a ideia de trocar a máquina de costura pelas luvas. O pai e a mãe, principalmente. Tanto, que foram apelidados de "Turma da Tesoura". Não só pelo gancho da profissão, mas também pela tentativa de "cortar" a luta na vida do rapaz.
A primeira a não aceitar a "troca" foi dona Josefa Maria. Como mãe coruja, tentou proteger o filho do que ela considera 'perigoso'. Ela garante que aos poucos foi se adaptando, mas, pelo menos por enquanto, nada de assistir as lutas do filho.
- Eu tive muito medo, não gostava de jeito nenhum, achava que ele ia se machucar. Hoje estou mais acostumada. Tenho até vontade de ir para algum combate, mas na hora não dá coragem.
- Enquanto eles são 'de menor', nós dominamos a opinião deles, mas depois que passa dos 18 anos, aí cada um faz o que quer da vida e segue sua estrada. O importante é respeitar o pai, ouvir o que ele pede e seguir o que tem vontade. O esporte é profissão e é valioso no Brasil e no mundo. Tenho orgulho de ter um filho profissional e campeão de lutas. Ouvi muitas críticas. A maioria que não entende o esporte não quer que os filhos sigam aquilo. É uma certa ignorância, porque não tem conhecimento. Se tivessem, eles mesmos colocavam os filhos. Fico nervoso durante as lutas, mas o remédio é ganhar, tira todo o stress, as medalhas resolvem tudo.
Para Chacal, o segredo do sucesso no MMA é uma base forte nos outros esportes. Na capoeira, ele foi campeão em torneios na Bahia e em Alagoas. No boxe, sua especialidade, trouxe um cinturão do Ceará. E não para por aí, ele também tem título no Muay Tay, foi campeão pernambucano.
- O Chacal é um cara que sempre se destacou, desde o início da carreira no boxe. Sempre acompanhei o trabalho dele no MMA e ele hoje é um lutador completo. Por ele ter vindo do boxe, acham que ele só é bom nisso, mas ele treina muito "chão", muito wrestling. Estamos trabalhando para levar ele, se Deus quiser, para o UFC.
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