Derrota de Renan Barão interrompe hegemonia do Brasil entre os galos
Americano TJ Dillashaw vira "intruso" entre os campeões da categoria até 61 kg nos quatro principais eventos de MMA do mundo da atualidade
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Se Barão e Assunção despontam como candidatos ao posto de número 1 da maior organização do mundo, o trio de brasileiros que se destaca nos outros eventos prova que existe vida fora do UFC e que o país está muito bem servido dentro da divisão. O Combate.com conversou com os campeões em suas respectivas organizações e viu que eles pensam de forma diferente quando o assunto é migrar para o Ultimate.. Enquanto Marlon não esconde o desejo de ser contratado, Dudu evita falar no assunto, garantindo que quer apenas se manter no Bellator. Já o mais experiente dos três, Bibiano Fernandes, já teve chance de ir, mas praticamente descartou qualquer possibilidade de deixar o One FC pela diferença no valor da bolsa oferecida pelos dois eventos.
Marlon Moraes sonha com UFC e quer desafios no WSOF
Marlon Moraes chegou ao WSOF em novembro de 2012 e teve que encarar uma pedreira logo de cara ao lutar com o ex-UFC Miguel Torres. O triunfo veio por decisão dividida. Depois, ele venceu mais três adversários (Tyson Nam, Brandon Hempleman e Carson Beebe) para ganhar a chance de disputar o cinturão inaugural do peso-galo, quando ganhou por decisão unânime de Josh Rettinghouse.
Hoje, é considerado uma das principais promessas do Brasil no MMA. Porém, em 2011, chegou a possuir um irregular cartel de seis vitórias, quatro derrotas e um empate. A partir daí, ele emplacou uma série de sete triunfos consecutivos que culminou com o cinturão dos galos no WSOF. A nítida evolução, segundo ele, é fruto da mudança de mentalidade dentro do esporte. Antes, ele acreditava que ser especialista no muay thai, seu carro-chefe, seria suficiente para vencer as lutas. Após admitir que este pensamento está ultrapassado na modalidade, cresceu como atleta. O próprio lutador hoje se coloca como um dos 10 melhores do mundo na divisão e não esconde que sonha em pisar no octógono do UFC.
- Eu tenho muita vontade. Já falei para todo mundo que vou lutar um dia no UFC, mas hoje a realidade é outra. Sou empregado do WSOF e estão me botando para lutar em um período bom. Às vezes no UFC é só luta dura, aí você perde uma e fica muito tempo sem lutar. A gente quer sempre estar lutando e é uma estabilidade boa que tenho no WSOF para mostrar meu trabalho. É o que a gente vive. Confio neles e tenho certeza que vão cumprir o contrato comigo. Se um dia for ou não para o UFC, vou continuar fazendo o que eu amo que é lutar - afirmou.
- Não é fácil não. Tem atletas duros, que já lutaram contra outros muito bons, tem o Cody Bollinger, que vem como uma grande promessa do UFC, mas não bateu peso na casa do TUF e por isso saiu do Ultimate e veio para o WSOF. Tem o Pablo Alfonso, que é muito duro, o Josh Rettinghouse, que está chegando e lutei com ele há pouco tempo, o Tyson Nam, que já fez luta dura com muita gente, então o nível está bom. Como falo para todos, estou em busca de desafios. E se um dia tiver que ir para outro evento, vai chegar o dia - declarou.
A derrota de Renan Barão não mudou a opinião de Marlon Moraes sobre o compatriota. Para ele, o lutador da Nova União continua sendo o melhor do mundo na divisão e vai chegar mordido quando tiver a revanche com TJ Dillashaw.
- Já tinha falado antes que o Dillashaw se movimenta bem, mistura bem as artes marciais e conforme os rounds passassem, se tornaria perigoso. Na minha opinião, o Barão é o melhor peso-galo atualmente, mas o Dillashaw teve um dia bom, deu um show, lutou bem pra caramba. Temos que reconhecer o mérito dele também. Vamos ver na próxima se ele vai continuar lutando assim e tenho certeza que na revanche ele vai encontrar um Barão mordido - analisou.
Dudu Dantas vê nível alto entre os galos do Bellator
No Bellator, Dudu Dantas é campeão desde abril de 2012, quando venceu o hoje lutador do UFC Zach Makovski. Desde então, ele defendeu seu cinturão duas vezes, contra Marcos Loro e Anthony Leone. Agora, deve enfrentar o campeão interino Joe Warren em data a ser decidida pela organização. Aos 25 anos, possui um respeitável cartel de 16 vitórias e três derrotas e se firmou como principal nome da categoria dos galos no Bellator. Para ele, o nível dos lutadores da organização não deixa nada a dever para os do UFC. Como exemplo, ele cita o ex-campeão de sua divisão,Zach Makovski, que atualmente é peso-mosca e, pelo Ultimate, venceu Scott Jorgensen e Josh Sampo nas duas lutas que fez.
- Tenho um exemplo perfeito para demonstrar o nível: o Zach Makovsky era campeão e tomei o título dele. Depois disso, ele saiu do Bellator, hoje luta pelo UFC, e já tem duas vitórias no evento. Independente da categoria que ele está hoje, mas prova que tem muitas qualidades. Tem o Hector Lombard também, que saiu e agora é top no UFC. O nível aqui é altíssimo. A categoria é cheia de caras fortes. Tenho uma história inacabada com o Joe Warren, vamos acertar nossas contas em breve. Depois disso, creio que o Rafael Morcego deva ter a chance ao cinturão que ele conquistou vencendo o GP. Então, só essa sequência, já prova quão dura é a divisão - disse o companheiro de Renan Barão na Nova União.
- Já pensei muito (em lutar no UFC), mas hoje não penso mais. Sou feliz no Bellator, sou o campeão, muito bem tratado pela organização, então não tenho motivos para mudar de lado. E o futuro está nas mãos de Deus, vivo o meu presente, que é aqui. Vejo muita gente falando que os melhores do mundo são Barão e eu, mas não ligo mesmo para isso. Não me importo com ranking e nem com nada externo do meu mundo, que é treino e luta. O importante é ser o número 1 no Bellator, e isso eu sou hoje, então está bom (risos) - concluiu.
Feliz no One FC, Bibiano Fernandes praticamente descarta ir para o UFC
Pelo One FC, Bibiano Fernandes venceu todos os cinco compromissos que teve. No segundo deles, ganhou o cinturão interino dos galos ao bater o japonês Koetsu Okazaki. Na luta seguinte, se tornou campeão linear após vencer o sul-coreano Soo Chul Kim e defendeu o título pela primeira vez em maio, contra Masakatsu Ueda. O manauara já foi alvo do UFC em mais de uma oportunidade. Em 2012, teve seu nome muito ligado à organização como possível contratado, mas o negócio não foi adiante. A explicação é simples: no One FC ele recebe mais de bolsa, o que tornou inviável a sua ida para onde é o sonho de nove entre 10 lutadores de MMA. E a posição dele segue firme sobre isso, praticamente descartando uma ida para o Ultimate. O lutador, que tem 34 anos e um cartel de 16 vitórias e três derrotas, diz não sentir falta da maior visibilidade que poderia ter e garante estar feliz no evento asiático.
- Vivo minha vida. Não quero ser melhor do que ninguém. Gosto de lutar, amo fazer isso por natureza. Tenho família, não posso pensar só em mim. Se eu fosse um cara só, sem ter ninguém para ajudar, com certeza lutaria (no UFC), mas não posso pensar assim mais. Sou profissional e sei o que tenho que fazer. Muita gente quer que eu faça muita coisa, mas a história é diferente. O UFC tentou me contratar duas, três vezes, mas a bolsa impediu com certeza. Não tinha condições. É um grande evento, bom pra caramba, mas com a vida que levo hoje, não tem condição. Não estou lutando para ser famoso, é porque gosto. Não luto pelo ranking, nem olho. Nunca fui ver onde estou. Só penso no dia da luta e que se der meu melhor, vou ganhar - explicou.
- A última luta foi com um garoto muito duro, que já ganhou do Dudu (Dantas), empatou com o (Marcos) Loro e ganhou do Royler (Gracie). Tive uma luta muito dura porque ele era muito bom, escorregadio, e japonês sobrevive mais. Quando se luta com japonês, tem que saber que tem que nocautear ou finalizar porque eles gostam de apanhar e ir até o final. O nivel está bom, os caras vem para cima e não querem saber quem é Bibiano. Eles têm essa mentalidade e o evento está crescendo bastante - finalizou.
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