Autor de 21 gols num jogo divide feito
com 16 assistências do irmão gêmeo
Atacante de time da sétima divisão sueca, Yanick Manzizila credita recorde ao
fluxo constante de passes fraternais e diz que dupla se inspira em Fenômeno e R10
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Nada
de Messi ou Cristiano Ronaldo. Quem atraiu atenção na última semana
pelo assombroso número alcançado em campo foi Yanick Manzi Manzizila,
atacante de 25 anos do Kongo United FC. Autor de 21 gols na vitória do
seu time por 30 a 0 sobre o Balrog Botkyrka, no último sábado, pela
sétima divisão do Campeonato Sueco, quebrou um recorde local que durava
60 anos. Colhendo agora os
louros que a façanha pode proporcionar, o artilheiro atribuiu seu feito
"espetacular" ao
fluxo constante de passes precisos de seu irmão gêmeo, o meia Alex
Manzizila. Companheiro inseparável e grande maestro da equipe, deu 16
assistências fraternas durante o confronto e ainda balançou a rede três
vezes.
- Já agradeci muito ao Alex.
Como gêmeos,
temos uma compreensão muito especial. Ele passava a bola toda hora pra mim durante o jogo. Dos 21 gols que eu
fiz na vitória por
30 a 0 sobre o Balrog Botkyrka, 16 foram com passes dele. Ele ainda
marcou três nesse jogo. Ou seja, dos 30 marcados por nossa equipe,
24 ficaram na nossa família (risos). Enfim, é um momento a ser
comemorado. Não é todo dia que um atacante faz tantos
gols em uma partida, ainda mais, como foi o caso, na casa do
adversário. O sentimento
agora
é realmente muito bom e é muito legal poder
compartilhá-lo com a minha
esposa e parentes – afirmou Yanick Mazizila, em entrevista
por telefone.
Filhos
de Jean Pierre e Antoinette, Yanick e Alex nasceram em
Kinshasa, no Congo, no dia 18 de dezembro de 1988. Quando completaram um ano, a
família Manzizila se mudou para Estocolmo, capital
da Suécia. E foi a partir de então, no novo país, que o futebol começou a
mexer com a cabeça dos meninos. Nos anos 90, os irmãos eram presença
constante entre as dúzias de crianças que se dividiam em equipes para
jogar bola nas ruas do bairro de
Farsta,
onde deram os primeiros chutes e dribles. Aos poucos, Yanick
e Alex começaram a chamar a atenção da vizinhança. E o
talento vinha de casa. Mais precisamente do pai, ex-jogador de futebol
no Congo.
-
A vida na Suécia é muito legal, apesar do frio. Mas já estamos
acostumados. Bom, sobre futebol, aprendemos muito com nosso pai. Desde
muito pequenos,
sempre fomos incentivados a ter uma visão especial do que é o esporte.
Nesse caso, vemos o futebol como fonte de alegria para as pessoas.
Quando estávamos em campo, sempre atuávamos juntos, o que permanece até
hoje. Com isso, desenvolvemos
uma
ligação, uma forma de entrosamento em campo muito especial. Tudo o que
facilita o bom entendimento entre um atacante e um meia. Sou extremamente
fã do Ronaldo, o Fenômeno, e meu irmão do Ronaldinho Gaúcho – disse
Yanick.
Na mesma velocidade com que se livravam dos marcadores e arrancavam em direção ao gol adversário,
Yanick e Alex
enfrentavam o frio sueco, rompiam a barreira
do idioma, dos costumes locais e começavam a construir juntos um sonho: o
de se tornarem jogadores profissionais. No país europeu, a dupla, ainda
muito jovem, começou a trajetória no
Örnens
FF e depois teve passagens por
Djurgardens IF e Brommapojkarna
IF. Em 2003, veio a grande oportunidade. Yanick e Alex tinham 15 anos quando foram contratados pelo
West Ham, da Inglaterra. Mas uma lesão sofrida por Alex mudou os rumos da carreira dos dois.
- Sempre tivemos a
sorte de jogarmos juntos
e esperamos que continue assim. Ficamos no West Ham
por dois anos e meio, mas eu lesionei o tendão de Aquiles e voltamos
juntos para a Suécia para minha reabilitação. Em seguida, saímos para o
Sheffield e não deu muito certo. Depois, seguimos para o Lille, já
estávamos com 20 anos. Lá ficamos por duas temporadas, mas queríamos
deixar o clube por causa de outras propostas. Quando finalmente
liberaram a gente, as propostas "caíram"
no último minuto. Aí voltamos para a Suécia para jogar no Ekerö
IK. No início desta temporada, nosso primo Tonton Zola
Moukoko, técnico do Kongo United, fez um convite para a gente, e gostamos muito do projeto – afirmou Alex.
Criado
para jogar a sétima divisão em 2014, o clube tem grande ambições, como,
por exemplo, ser promovido em breve à
Allsvenskan, divisão de elite do Campeonato Sueco. E, para isso, o
técnico aposta num time jovem e talentoso, capaz de apresentar um
futebol
vistoso, e busca conduzir a equipe com as seguintes palavras: lealdade,
humildade,
comunidade e alegria, seguindo o lema "Nenhum jogador
é maior que o da equipe,
e nenhum time é maior que o
clube".
Destaques do Kongo United na campanha, os irmãos condicionaram o êxito nesta temporada ao fervoroso apoio de seus familiares.
Além disso, para eles, o bom futebol apresentado e a filosofia de trabalho de
Tonton
Zola Moukoko
premiam a irretocável campanha da equipe. Ao todo, são oito vitórias, dois empates e nenhuma derrota. O Kongo United
está invicto após dez rodadas e lidera com 26 pontos. Foram 86
gols marcados e apenas oito sofridos.
Um dos grandes símbolos da campanha do Kongo, Yanick já tem o impressionante registro de
58 gols marcados, numa temporada em que pretende chegar a 100. Está "quase lá", diz ele.
- Eu e meu irmão agradecemos a Deus por
este registro e
esperamos que este seja apenas o começo. Quero chegar a cem gols. Falta pouco agora. Vamos ver!
Eu joguei
sete dos 10 jogos até agora. E só perdi essas
partidas mesmo por causa de uma lesão durante o treinamento. Queremos
dar a volta por cima e temos o sonho de jogar profissionalmente de novo –
disse Yanick.
O irmão também sonha alto.
-
Quem sabe um dia
nós podemos mudar para o Brasil
e jogar por times como
Santos e Corinthians
– finalizou Alex.
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