Burle e Scooby voltam a surfar em Nazaré e mandam recado para Maya
Um ano depois, big riders revivem emoções, deixam mensagem para a amiga que
não pôde viajar por lesão e revelam lições do dia em que foram do inferno ao céu
- Começamos fazendo "tow in" em umas ondas de uns 35 pés (10,6m). Eu peguei três e puxei o Burle em quatro ondas. Depois, pedi para ele ficar de olho porque eu queria remar. Foi legal porque foi mais uma superação minha. Remar em Nazaré grande é um desafio para todo mundo sempre. O Garrett McNamara tem feito muito isso, desbravando a Praia do Norte na remada. É muito perigoso porque a onda não quebra sempre no mesmo lugar, quebra em vários lugares e é muito fácil você tomar uma onda na cabeça e se dar mal. Mas eu estava com uma prancha 10,4, que deve medir uns 3,5m, e peguei uma onda boa. Acho que foi a maior onda da minha vida na remada. Mas, no ano passado, foi o nosso maior desafio. Surfamos as maiores ondas das nossas vidas. Posso viver a minha vida inteira e nunca mais surfar uma onda daqueles, de 80 pés (24,3m). Eram ondas oceânicas e todo o dia o mar está diferente - contou o carioca.
Quatro vezes vencedora da categoria feminina do prêmio XXL, "Oscar" das ondas grandes, Maya revelou aos amigos que queria estar novamente em Nazaré e estava com "inveja branca" dos amigos. Mas, mesmo longe, ela se fez presente. Quando Burle e Scooby começaram a gravar uma mensagem para a carioca em um dia nublado e chuvoso, o sol apareceu entre as nuvens e deu origem a um belo arco-íris. "Foi só a gente falar dela que apareceu o arco-íris, foi ela. A Maya está aqui com a gente", diziam Burle e Scooby, em coro.
- A Maya queria estar aqui, falou que estava com inveja branca e desejou boa sorte. Infelizmente, ela sofreu essa lesão e não pôde vir, mas ela vai voltar ainda mais forte para surfar com a gente aqui. No ano passado, ela surfou uma onda incrível, a maior onda que eu já vi uma mulher surfar. Se a Maya não tivesse preparada física e psicologicamente, ela não teria se salvado, eu apenas fiz a minha parte. Foi uma situação estresse muito grande. Surfamos as maiores ondas das nossas vidas, mas passamos pela maior sensação de risco das nossas vidas - destacou Burle.
DO CÉU AO INFERNO
- O justo seria pegar cientistas e oceanógrafos dos quatro cantos do mundo e, após uma análise técnica, chegar a um consenso. Ou fazer como o Miguel fez, ele criou um software. Não deveria ser algo sujeito a uma amizade ou uma situação política. Os juízes são todos da Califórnia e analisam tudo por uma foto, o que pode mudar dependendo do ângulo que você vê. Sinceramente, se pegar outra onda gigante, não vou nem mandar para essa eleição – disse o experiente big rider.
- Foram as ondas mais poderosas que eu já vi. Ali foi o dia que eu ganhei a minha faixa preta. Quando eu conheci o Burle, aos 21 anos, eu era apenas um moleque louco que viajava o mundo atrás de ondas. Hoje, estou mais experiente, maduro... Sou casado, tenho um filho e me sinto muito mais preparado para mais desafios.
lições
-Ter apenas um jet-ski no resgate da Maya foi um erro, deveríamos ter outro. Atpe tínhamos, mas eles estavam com o Scooby e o Gordo. Agora, vamos entrar sempre com dois no mar, e cinco no total. A maior lição foi na questão do preparo. O número da equipe é maior e o número de jet-skis envolvidos é maior. Temos a consciência de que devemos estar mais bem preparados com equipamentos e o preparo físico não pode nunca ser negligenciado para evitar os riscos. O sistema de comunicação com o "cliff" (o penhasco onde fica o farol) não será mais com rádios presos nos coletes, pois eles voaram. Iremos amarrá-los. O risco é iminente, seja de se machucar ou até de morte. Vamos continuar surfando ondas grandes e precisamos aprender a lidar com essas situações. Evoluímos com os erros, mas o mais importante foi que a equipe saiu ilesa. A nossa missão foi cumprida - analisou.
Apesar dos riscos e perigos da profissão, Burle se renova a cada aventura. Para o surfista que surfou um tufão em Kushimoto, no Japão, os tubos sobre os corais venenosos de Teahupoo, no Taiti, e o mar gelado de Yakutat, no Alasca, o céu é o limite. Quando está no alto de uma onda gigante, Burle conta que sente um misto de euforia, medo e adrenalina. Segundo ele, estar no limiar da morte faz que se dê um valor ainda maior à vida.
- Estar no alto de onda gigante me traz uma sensação muito intensa, é como se todos os sentimentos e emoções viessem à flor da pele. Você chega tão perto da morte que dá muito valor à vida. Acho que é isso que faz a gente voltar sempre - finalizou.
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