Brasil Afora: time inspirado no Vasco foi o primeiro a levar gol de Ronaldo
Em dificuldades financeiras, Tomazinho alterna participações na Terceira Divisão do Campeonato Carioca e pode desistir de ter um time profissional
Tomazinho x São Cristovão (Foto: Reprodução)
Goleiro do time do São Cristóvão por alguns anos, Zé Carlos se lembra bem daquela partida. Hoje aos 35 anos, o professor de educação física diz que aquele time estava acostumado a ganhar, mas encarou a partida contra o Tomazinho de forma diferente por ser o primeiro deles como jogadores federados. Após a vitória, recorda o ex-arqueiro, a comemoração foi típica de meninos ligados ou não ao futebol: com um bom lanche bancado pelos pais.
- Eu tinha 15 anos, jogávamos no mirim do São Cristóvão. Ele jogava sempre com a 11, e eu era o capitão do time. O campo era ruim, mas para a gente era bom. Naquele dia, nos encontramos no São Cristóvão e fomos para lá com o carro dos pais, muitos de carona. Nosso time estava acostumado a ganhar, e foi especial por ser o primeiro em que assinamos súmula. A partir dali passamos a ser federados. Os pais compravam o lanche, e essa era a comemoração após cada vitória. Era a melhor coisa do mundo.
Anos depois, os primeiros gols marcados por Ronaldo renderam uma placa em homenagem a ele no estádio José Amorim Pereira. Otojanes Coutinho de Oliveira, presidente do União Esportiva Coelho da Rocha, estava lá naquele 12 de agosto.
A partir daquele dia em 1990, a história do garoto nascido em Bento Ribeiro foi construída com gols, títulos e prêmios. Já a de seu primeiro adversário oficial foi bem diferente. No mesmo ano, a equipe profissional do Tomazinho foi rebaixada para a Terceira Divisão do Campeonato Carioca, onde permanece até hoje, alternando participações e ausências por problemas financeiros. Nas últimas 20 edições, não competiu em 12.
(Foto: Thiago Lima/ GLOBOESPORTE.COM)
- Sem patrocínio, você vai fazer um treino integral como? Tem que dar café da manhã, almoço, lanche à tarde, ter alojamento para os meninos dormirem... Com o coração apertado, estou pensando seriamente em não disputar mais no ano que vem e ficar só com as categorias de base - revelou o presidente, que em 2010 teve uma despesa de R$ 73,2 mil com o elenco profissional.
Como o Vasco, time também tem a cruz de malta
(Foto: Thiago Lima/ GLOBOESPORTE.COM)
- Nosso time era o melhor. Tínhamos jogadores bons, fizemos uma família e deixamos uma boa impressão. Mas na Segunda Divisão do Rio foi muito difícil, e o Tomazinho não tinha dinheiro. Do time de 1986, a maioria saiu no ano seguinte. Se ficaram uns cinco foi muito. Então, tivemos que refazer tudo. Hoje é difícil reencontrar aqueles jogadores, cada um foi para um lado - contou o ex-zagueiro Tozzi, que atualmente é técnico de futebol e faz um trabalho social com crianças no Coqueiros Futebol Clube, também no Município de São João do Meriti.
(Foto: Marcelo de Jesus / Divulgação)
- Aquela experiência foi muito legal para mim, pois eu não tive oportunidade de começar como todos, pelas categorias de base. Na época eu trabalhava e jogava futebol como amador aos domingos, até que fui fazer um treino no Tomazinho. Por ter um bom porte físico, cheguei bem ao profissional e passei. Dali em diante me dediquei só ao futebol, que era tudo o que eu queria - afirmou o defensor, que no fim daquela temporada se transferiu para o São Cristóvão.
Participação no 'Clássico dos milhões'
A torcida dava aquela força porque o Tomazinho é Vasco"
Tozzi, ex-zagueiro do Tomazinho
- Muitos nunca tinham pisado no Maracanã. Nós chegamos com o estádio ainda vazio, mas no segundo tempo já estava lotado. E a torcida dava aquela força, porque o Tomazinho é o Vasco. Essa lembrança fica - recorda Tozzi, que naquela ocasião jogou para um público de 127.808 pagantes.
Ao contrário do Vasco original, que perdeu aquela partida por 2 a 0 e o título para o rival, o Cruz-Maltino de São João de Meriti empatou por 0 a 0. Ao término da última fase, somou 14 pontos e se sagrou campeão invicto da competição.
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