Magoado após saída, Alex Silva ataca dirigente e diz: 'Não sou problemático'
Beque diz que tudo mudou no clube após queda para o Avaí, não aceita protesto da torcida e afirma que, se tiver proposta, vai jogar em rival
(Foto: Marcelo Prado / Globoesporte.com)
Magoado com a forma como as coisas terminaram, Alex Silva seguiu para Amparo, cidade que fica a 150km da capital paulista, para colocar a cabeça em ordem. Com a ajuda dos pais e da esposa, ele agora se prepara para dar sequência à carreira em outro clube e mantém a forma em uma academia.
Em conversa exclusiva com o GLOBOESPORTE.COM e a TV Globo, o camisa 3 atacou Carlos Augusto de Barros e Silva, ex-vice-presidente de futebol do clube do Morumbi, disse que se arrepende de ter falado que não jogaria em um rival do São Paulo, rejeitou os rótulos de baladeiro e problemático e afirmou que foi do céu ao inferno por causa da eliminação para o Avaí, nas quartas de final da Copa do Brasil. Confira o papo com o zagueiro.
GLOBOESPORTE.COM: Após uma semana, você resolveu falar. Já deu para administrar tudo o que aconteceu?
Alex Silva: Eu pedi para rescindir o meu contrato. Depois que a diretoria veio a público e disse que não havia interesse em continuar comigo, não valia a pena seguir até o fim. E eu não quero voltar para a Alemanha. Se eu ficasse até o fim do meu vínculo, no dia 31 de julho, iria estourar o limite de sete jogos do Campeonato Brasileiro e seria obrigado a voltar. Muitas coisas também me chatearam demais. Não havia mais clima para continuar. Fico triste pela maneira que deixei o São Paulo. Na minha cabeça, imaginei que seria o próximo capitão do São Paulo depois que o Rogério Ceni parasse.
A quais coisas está se referindo?Teve o episódio com o presidente (Juvenal Juvêncio), que disse eu havia inventado uma proposta do Sporting-POR. Mas a gota d’água foi a manifestação da torcida, após a derrota para o Avaí. Sempre fui um cara que deu o máximo em campo. Joguei com 20 pontos no olho, sempre dei sangue, nunca fugi do pau. Antes era o monstro, o que dava a cara para bater. Agora eu e o Miranda também nos tornamos dispensáveis. Nos últimos jogos, meu joelho estava muito ruim e joguei. Talvez, se tivesse feito como muitos outros fariam e tivesse ficado no Reffis tratando, nada disso teria acontecido.
Conversou com o presidente Juvenal Juvêncio no dia de sua saída?Não, falei apenas com o Adalberto Baptista (diretor de futebol). O Juvenal é um pai para mim, acredito que ele está triste pela saída e não teve coragem de me falar isso. Aquele episódio foi totalmente superado, conversamos no dia e esclarecemos. Não gostei do que ele falou, principalmente porque estávamos no dia de um jogo decisivo. E se por acaso eu fosse mal, seria crucificado, me acusariam de fazer corpo mole. O Juvenal é um brincalhão. Outros eu não sei, talvez não me quisessem mais, preferem o Coates (zagueiro uruguaio que está prestes a ser contratado).
O que aconteceu contra o Avaí foi apenas uma consequência. Estávamos empurrando com a barriga faz tempo"
Alex Silva
Você se arrepende de ter criticado a diretoria após a derrota em Florianópolis? (O jogador afirmou que havia dirigente que gostava de aparecer nas vitórias e sumia nas derrotas)Não, até porque não quis atingir ninguém. Na mesma entrevista em que eu falei isso, eu também disse que a responsabilidade era toda nossa, afinal diretor não coloca meião e entra em campo. Mas, quando falei que nenhum diretor aparecia, não estava falando mentira. Mas a responsabilidade era toda nossa. Talvez o Leco (Carlos Augusto de Barros e Silva, ex-vice de futebol) tenha ficado incomodado, ele estava no gramado naquela ocasião. Ele fica bravo com todo mundo. Já teve problema com o Miranda e com o Dagoberto. Talvez a carapuça tenha servido para ele. No dia da entrevista, atendi a um pedido da assessoria, já que ninguém queria falar. Vim a público e dei a cara para bater, não sou de me esconder (o GLOBOESPORTE.COM tentou contato com Leco, que não atendeu as ligações).
Você era um dos líderes do elenco. É possível dizer que o Carpegiani tem o controle total do elenco?Ele tem o total comando do elenco. Isso ficou provado nas duas primeiras partidas no Campeonato Brasileiro.
Como lida com a fama de baladeiro e problemático?De todas as besteiras que estão falando, isso é o que mais me incomoda. Eu gosto de samba e não escondo de ninguém. Vou muito a uma casa que tem na Vila Madalena. Não devo satisfações a ninguém sobre o que eu faço no meu dia de folga. Já vi vários jogadores que passaram pelo São Paulo chegarem para treinar sem a menor condição e a diretoria passava um pano na cabeça. Eu nunca fiz isso. O mais engraçado é que eu sempre fui assim. Na época em que conquistamos três títulos brasileiros, acho que era até pior, já que não era casado. Parece que agora eu não presto mais. É impossível um jogador ser tão problemático e continuar como titular. Realmente não entendo isso. Parece que é coisa de alguém que quer desvalorizar o meu passe.
Já foi advertido por alguém do São Paulo sobre isso?Nunca. Se sou tão problemático assim, era para ter aparecido alguém e feito isso. O Muricy (Ramalho, ex-treinador) conversava comigo na boa e pedia para eu maneirar na semana de um jogo decisivo. O Carlos Alberto (meia que jogou no São Paulo em 2008 e hoje está no Bahia) teve problemas em vários clubes e foi dispensado por mau comportamento. Se sou assim também, por que nunca fui expulso de clube?
Você teve duas passagens pelo São Paulo. Na primeira, entre 2006 e 2008, o time conquistou três títulos brasileiros. Na segunda, do início de 2009 até agora, o clube amarga um jejum de conquistas. O que mudou no clube?Primeiro, os três títulos foram com o mesmo treinador e com o mesmo elenco. Foram pequenas mudanças. Agora, a cada temporada, muda-se muito o grupo, muitos chegam e muitos saem. Aí, de sete que chegam, só dois dão certo, e isso prejudica. As mudanças de treinador também atrapalham. Além do mais, a diretoria resolveu mudar sua filosofia, que agora é investir em Cotia.
Cansei de dar manifestações de que gostaria de continuar. Pelo Twitter, cheguei até a me rebaixar ao pedir para ficar"
Alex Silva
Já recebeu proposta de algum clube?
São muitas ofertas, mas o meu empresário está cuidando disso. Daqui, só sei do Santos. Ninguém do Corinthians me procurou. Mas vale lembrar que, ao rescindir o meu contrato, o São Paulo colocou uma cláusula dizendo que eu não posso assinar com Santos, Corinthians ou Palmeiras até o dia 31 de julho, que seria a data do final do meu empréstimo.
No caso de vestir a camisa de um rival do São Paulo, vai comemorar se marcar um gol?Claro, isso é uma besteira enorme. Eu tenho muito carinho pelo São Paulo, mas seria um desrespeito enorme ao meu próximo clube se eu não comemorasse. Sei que, quando for enfrentar o São Paulo, vou ser xingado, cobrado. Mas, se mostrar o meu futebol, a cobrança vai mudar para cima dos dirigentes que me deixaram ir embora. Agradeço ao São Paulo, marcou a minha vida, fiz grandes amigos, mas agora é passado. Aproveito para pedir desculpas, caso tenha magoado alguém. Agora a vida segue.
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