Mágoa, dor, decepção: 'Frustração maior que o Beira-Rio', diz Falcão
Emocionado, técnico se despede do Inter com ataques ao presidente do clube e munido da convicção de que um dia voltará
(Foto: Alexandre Alliatti/Globoesporte.com)
- O tamanho da frustração é maior do que o Beira-Rio. Esperava que as coisas fossem um pouquinho diferentes. (...) A frustração é enorme. A tristeza, também. Essas coisas amadurecem a gente. No momento certo, as coisas vão acontecer de uma maneira diferente. Lamento que não tenha acontecido no Internacional. Queria títulos em cima de títulos. Não temos certeza absolutamente de nada, mas sinto que em uma nova situação, com pessoas do ramo, que entendam o que é o futebol, vou voltar a trabalhar no Internacional – disse ele.
Foi uma entrevista histórica para o Inter. Nela, Falcão deixou um agradecimento aos jogadores, emocionou-se ao falar da torcida e fez fortes ataques (com a educação habitual, sem agressões) ao presidente do clube, Giovanni Luigi, o responsável por sua demissão. Disse que não recebeu os reforços prometidos. E manifestou certeza de que agora eles chegarão - sugerindo uma espécie de boicote a ele. Questionado sobre o grau de aproximação com o mandatário, ele não tirou o pé:
- É zero.
- O presidente tem uma maneira de trabalhar que não é a minha maneira. Você acha que o presidente me queria treinador do Internacional? E você? E você? Se ele não me queria, a relação nasce ruim. Não tenho o hábito de dar a escalação antes do jogo. Dou para os jogadores. O treinador não pode discutir escalação. Se o resultado não acontece, tem de ser cobrado. Discutir escalação, não pode. Ou confia no profissional, ou troca – disse Falcão.
O treinador conversou com os jogadores antes da coletiva de despedida. Agradeceu a cada um deles. Abraçou os atletas, um por um:
- Gostaria de começar meus agradecimentos com os jogadores do Internacional, que entenderam sempre todas minhas manifestações. Tudo que fiz, foi em benefício da instituição. Eles sempre tiveram a mesma disposição, porque queriam ganhar tanto quanto eu. Tivemos uma relação extraordinária.
Em seguida, Falcão esteve à beira das lágrimas. Teve que se controlar para não chorar no instante em que falou dos torcedores:
- Eles são nossa razão de ser. Meu trabalho foi de coração. Claro que vou continuar sendo torcedor do Internacional. Trabalhar aqui sempre foi um sonho. Joguei aqui desde os 16 anos.
São Paulo, no domingo (Foto: VIPCOMM)
- Essa relação com o torcedor do Internacional nunca se fragilizou, mesmo quando estive na imprensa. Sempre aumentou. Naquele momento em que já sentia a necessidade de ganhar, ganhar, ganhar, e uma desconfiança em cima do meu trabalho, eles sempre estiveram junto. A esse torcedor, quero dizer muito obrigado pelo carinho, pela atenção. Eles têm que continuar apoiando o Internacional. O Internacional é maior do que as pessoas que o comandam hoje. Muito maior. No momento certo, vai ter pessoas com a grandeza do clube para dirigi-lo – afirmou.
- Não vou analisar a figura do presidente. Não vamos perder tempo com isso – completou.
Falcão chegou ao Beira-Rio em 11 de abril disposto a formar um time que encantasse, que o deixasse feliz à beira do campo. Queria bater recordes de permanência. Exatos 99 dias depois, deixou o Inter. De camisa vermelha, com mágoa, com dor, com decepção – e convicto de que um dia voltará.
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