Achei! Artilheiro do Brasileirão 2008, Kléber Pereira joga agora 'por amor'
Atacante está no Moto Club-MA, time do coração e que o revelou. Aos 36 anos, se aposenta no fim do ano e joga hoje sem receber nenhum centavo
- Hoje, eu jogo apenas por amor - disse, após a pergunta ter sido repetida.
Por amor, apenas. Nada de dinheiro para continuar jogando futebol. Mas isso foi trabalhado durante toda sua carreira. Não foi uma aposta da noite para o dia. Kléber conseguiu guardar e investir certo. O principal investimento foi em bens imóveis pelas cidades por onde passou. O atacante tem propriedades em Santos, Porto Alegre e São Luís.
- Meu irmão sempre me ajudou a gerenciar essa parte da minha carreira. Eu vejo hoje jogadores que não se programaram e acabam passando por necessidade depois que pararam de jogar. Graças a Deus, comigo não foi assim - disse Kléber.
Títulos e consagração: do Brasil ao México
que o revelou (Foto: Divulgação/Moto Club)
Porém, antes de brilhar no Moto, Kléber jogou no Náutico e no Sion, da Suíça. No clube suíço, foi campeão nacional na temporada 1996/1997. Em 1998, retornou ao clube maranhense e foi artilheiro da Série C, marcando 25 gols.
A boa campanha o levou para o Atlético-PR no ano seguinte. No Furacão, Kléber diz ter vivido os melhores momentos de sua carreira.
- O Atlético (Paranaense) também é meu time de coração. Tenho muito carinho pelo clube. Lá, foi meu melhor momento. Fomos campeões brasileiros em 2001. Foi marcante porque foi algo inédito. Lá, falavam que apenas o Coritiba tinha esse título, e a gente conseguiu dar essa alegria ao torcedor - relembrou Kléber Pereira.
No Furacão, Kléber marcou época. Ficou de 1999 a 2002. Editou grande dupla de ataque ao lado de Alex Mineiro. Acabou fazendo 124 gols e se tornando o terceiro maior artilheiro da história do clube. Depois, foi para o México. Jogou no Tigres, Veracruz, América-MEX e Necaxa. Por lá, também foi campeão da Concacaf e do Campeonato Mexicano.
Em 2010, acertou com o Internacional, mas sua passagem pelo Colorado não teve nada a ser lembrado. Em seguida, teve seu nome ventilado pelo Nordeste. O Ceará chegou a tentar sua contratação para a disputa da Série A, mas o atacante acabou chegando mesmo a um acordo com o Vitória. No clube baiano, Kléber Pereira viveu um período de escassa utilização e sentiu que era tempo de repensar.
- Infelizmente, só joguei uma partida no Vitória. Foi complicado lá pra mim. Fiquei chateado por não ter tido oportunidade para jogar lá. Acabou não dando certo - disse o jogador.
O retorno para casa: hora de cultivar os amores
Ao fim de 2010, o Vitória foi rebaixado para a Série B. Kléber Pereira se desligou do clube e, como ele mesmo disse, voltou para o Maranhão para 'resolver umas coisas'. O retorno para São Luís se transformou em um hiato na carreira do jogador.
Kléber começou a pensar se era mesmo a hora de parar de jogar futebol. O ano anterior tinha sido frustrante para o atleta e ele estava mais preocupado em descansar do que voltar à rotina de treinamentos, jogos e competições.
Foi assim durante o primeiro semestre de 2011. Uma pausa na carreira e a distância dos gramados de futebol. Propostas, segundo ele, não faltaram. Kléber disse que vários clubes, principalmente do México, o procuraram. Do Brasil, chegou a receber proposta para disputar a Série B pelo São Caetano. Porém, nenhuma delas vingou.
- Eu não queria compromisso nenhum. Não tinha cabeça pra isso. Eu estava parado e não queria me envolver ainda com futebol de novo - explicou Kléber.
No entanto, dirigentes do Moto Club o procuraram. O time havia feito um Estadual fraco no primeiro semestre, enquanto o maior rival, o Sampaio Corrêa, sagrou-se campeão. Kléber viu no clube de coração a chance de voltar a ter prazer com o futebol.
Aos 36 anos, voltava ao Papão para disputar a Copa União - a segunda competição mais importante do Maranhão e que dá uma vaga para a disputa da Copa do Brasil do ano seguinte. No contrato, o atacante viria para disputar este título pelo clube, mas acabou fazendo mais. Kléber utilizou sua influência e convidou dois jogadores para atuarem a seu lado no clube maranhense: Pires, que jogou com ele no Atlético-PR, e Abuda (ex-Corinthians), seu companheiro de ataque no momento.
No Papão, ele não tem mordomias ou estrelismo. Pelo contrário, prefere ser tratado como os outros companheiros: treinar, concentrar e ser escalado como qualquer outro.
- Independentemente de estar no Moto ou em qualquer clube, você tem que ser profissional. Claro que em um clube grande há mais responsabilidades, mas eu tenho o mesmo tratamento aqui. Faço tudo normal como os outros - informou o jogador.
volta ao clube (Foto: Divulgação/Moto Club)
Nesta nova fase da vida, a válvula de motivação para Kléber continuar atuando é mesmo o amor. E não só dentro de campo. O atacante pôde se reaproximar de velhos hábitos, locais, e, principalmente, de sua família.
- Todos os dias pela manhã eu vou lá na casa dos meus pais para tomar café com eles. Não abro mão disso - afirmou o jogador, que voltou a se dedicar mais à família, e agora, depois de 15 anos de matrimônio, pensa em ser pai.
Adeus rubro-negro
A mesma dedicação que teve durante toda a carreira e mostra hoje com sua família o atacante quer repetir no Moto Club, mesmo depois de deixar o futebol. Kléber Pereira ainda não sabe exatamente o que vai fazer depois de pendurar as chuteiras, mas quer continuar ajudando o time.
Amigos e familiares bem que tentam fazer com que o jogador continue na ativa, mas Kléber parece determinado a se aposentar no fim deste ano.
- Muita gente achava que não estava na hora de parar, pela forma como eu estou jogando, correndo, treinando. Estou em forma e bem. Todos queriam que eu jogasse mais dois ou três anos, mas agora eu quero viajar com minha esposa e a família, descansar e depois pensar no que vou fazer - disse o atacante.
Mas, como bom rubro-negro, Kléber deve jogar no Moto até o fim do ano. Além disso, ainda quer uma despedida no outro time do coração: o Atlético-PR.
- Quero fazer um jogo festivo de despedida. Adoro o Atlético, a torcida ,e tenho grandes amigos lá. Vou ainda combinar direito com eles e espero que dê certo.
(Foto: Divulgação/Moto Club)
Nenhum comentário:
Postar um comentário