Slater bate brasileiros e, após 'mico' da ASP, confirma o 11º título mundial
Americano de 39 anos garante a taça ao vencer os calouros Medina e Pupo
- Talvez agora possamos parar com as piadas. Foi engraçado. Não tenho nenhum sentimento ruim pela ASP ou ninguém. Erros acontecem - disse ele, pouco antes de pegar uma câmera fotográfica e registrar a festa, no palanque.
Mas San Francisco, estreante no calendário, reservaria a ele uma pegadinha. Dois dias depois, o americano foi avisado de que, na verdade, ainda precisaria vencer mais uma bateria. A Associação dos Surfistas Profissonais (ASP) havia errado as contas. E não faltaram piadas. A começar por ele mesmo.
- Peguem aquelas camisetas e bonés de volta – escreveu Slater, referindo-se ao material comemorativo com o número 11.
Andy, ali estivesse, teria entrado na brincadeira também. Talvez um pouco mais ácido.
- Talvez tivesse sido Andy brincando comigo naquele dia - disse o americano.
Na manhã fria deste domingo, Slater chegou a Ocean Beach com duas pranchas sob os braços, ao lado da namorada, Kalani, e de um par de seguranças. No palanque, brincava com o australiano Owen Wright, único surfista que poderia impedir seu título.
De lá, viu o amigo californiano Patrick Gudauskas machucar o pé direito durante a bateria da terceira fase. O cronômetro ainda apontava dez minutos para o fim, mas nem assim o sul-africano Jordy Smith conseguiu virar o duelo.
Slater então pegou sua prancha com três quilhas e correu em direção ao mar. Driblava a multidão, que tentava ao menos tocar no ainda decacampeão. Ainda. Enfrentaria dois brasileiros. No ano passado, em Porto Rico, o deca foi conquistado contra Adriano de Souza, o Mineirinho.
Medina saiu na frente, jogou bastante água nas manobras e assustou com uma nota 6,83. Slater tentou um aéreo de backside, mas errou o pouso. E o mar então entrou em calmaria.
O careca achou uma direita, deu duas rasgadas fortes e então entrou na briga: 6,60. Miguel tentou um aéreo alto, porém não voltou.
San Francisco parecia querer dificultar o caminho dos surfistas. Acabou facilitando o de Slater. Uma esquerda nota 8,07, suficiente para render a ele a liderança. Viu Miguel receber aplausos com duas esquerdas: notas 7,33 e 7,50. E partiu para outra, para o mesmo lado. Deu um floater enorme, teve dificuldade de completá-lo e, logo depois, não segurou a prancha. Os juízes consideraram a manobra completa e soltaram 9,10.
Não me emocionei naquele dia"
Slater
Deu de presente um tubo. Saiu dele, mas a onda não valia. O cronômetro já tinha zerado. Slater saiu da água ainda sem saber as notas. O público, na beira d'água, confirmou: depois do mico, enfim, o 11º título mundial era dele.
- Mandei uma mensagem para a minha mãe dizendo que foi engraçado porque não me emocionei naquele dia - disse.
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