Sem vice-presidente de futebol e próximo de perder também o de
finanças, o presidente Roberto Dinamite tem reunião de diretoria marcada
para este fim de tarde para lavar a roupa suja neste momento político
conturbado pelo qual passa o Vasco. O problema é que a água está cortada
desde a última quinta-feira em São Januário. Desde maio que o clube não
paga a conta da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). A dívida
já soma R$ 1.336.230,19 dos últimos cinco meses - como são duas
matrículas em nome do clube, ao todo são 10 meses em atraso.
Ontem,
como virou rotina nos últimos dias, a água veio de caminhões-pipas de
empresa da Baixada Fluminense. São quatro viagens — duas pela manhã e
mais duas de tarde. O veículo armazena 15 mil litros de água e faz um
reabastecimento quase suficiente para cobrir os cerca de 60 mil litros
de consumo de água diário no clube. Na tarde de ontem, um aluno de uma
das escolinhas de basquete e um funcionário do clube relataram a falta
de água em alguns banheiros. De tarde, a reportagem do Jogo Extra
constatou a falta de água no banheiro logo atrás do gol da arquibancada. O reabastecimento é feito atrás do gol da arquibancada Foto: Raphael Zarko / Extra
Por meio de seu departamento jurídico, o Vasco contesta a
cobrança feita pela Cedae e informa que ontem mesmo entrou com mandado
de segurança pedindo o religamento do corte realizado pela empresa
estadual.
- O Vasco pagava em média R$ 108 mil de água até o
último mês. Aí agora pulou para mais de R$ 300 mil. Um aumento absurdo
de 150% - disse o vice-presidente jurídico, Aníbal Rouxinol, que garante
ter tentado "várias vezes" entrar em contato com a Cedae para reclamar
da suposta indevida cobrança.
A Cedae, via assessoria de imprensa,
deu outra versão: a própria companhia propôs um acordo de parcelamento
da dívida com o clube, que não o cumpriu. Água só chegou através de caminhão-pipa Foto: Raphael Zarko / Extra
Segundo a Cedae, que informou ter realizado o mesmo acordo de
renegociamento de dívida com outros clubes do Rio, o comunicado de corte
foi emitido 30 dias antes ao clube, conforme pede a lei. Sobre a
suposta cobrança indevida, a Cedae diz que a medição é feita nos
hidrômetros do clube e que, “como qualquer cliente”, o Vasco deve se
certificar de que não há excesso de consumo, vazamento interno ou
qualquer outro problema que explique o aumento. Salário atrasado
Irritado
com a reprovação das contas do Conselho Fiscal do clube - a sugestão do
poder ainda vai a voto no Conselho Deliberativo -, o vice-presidente de
finanças, Nelson Rocha, deve entregar o cargo hoje ao presidente
Roberto Dinamite. O desgaste é ainda maior porque, assim como Mandarino,
ex-vice de futebol, Rocha não concorda com muitas decisões do
presidente Dinamite.
O salário de agosto dos funcionários e dos
jogadores já está atrasado. A verba da Eletrobras garantiu o pagamento
de três meses dos atrasados, mas, segundo o Sindicato de Funcionários de
Clubes, os recursos vindos da estatal já se esgotaram.
- Já
sabemos que a situação no Vasco é grave de novo. Já tem muito
funcionário ligando para a gente para reclamar de salário - disse
Henrique Fragoso, advogado do Sindeclubes.
Veja os valores das contas em débito de duas matrículas do Vasco com a Cedae.
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