Novo campeão do Jungle perdeu 6kg em 18 horas para disputar cinturão
Júnior Boya passou a noite em claro para bater peso, à base de idas à
sauna e uso de laxantes. Manauara mora em academia em Copacabana
Por Adriano Albuquerque
Rio de Janeiro
28 comentários
Até a noite de sexta-feira, poucas pessoas sabiam quem era Júnior Boya.
Pouco mais de 24h depois, o Brasil conhecia o manauara, novo campeão
interino dos pesos-moscas do Jungle Fight, que apresentou, como cartão
de visitas, um potente cruzado de direita que nocauteou o favorito
Marcos Vinícius Cabecinha na
luta principal do evento,
realizado no ginásio do Botafogo, no Rio de Janeiro, no sábado. Quem
viu a luta, encerrada a 1m16s do segundo round, não imagina os
sacrifícios feitos pelo baixinho de 1,62m de altura e 25 anos de idade
para estar na Arena Jungle.
Júnior Boya com o cinturão interino do peso-mosca, ao lado de Wallid Ismail (Foto: Adriano Albuquerque)
Boya recebeu o chamado para substituir Robson New, até então o detentor
do cinturão interino dos pesos-moscas, às 22h de sexta-feira, após New
ser banido do evento por ficar 2,7kg acima do peso-limite da categoria,
de 57kg. Como não haveria tempo para Boya bater o mesmo limite e seu
adversário, Cabecinha, já havia começado a recuperar seu peso, o Jungle
estabeleceu que o manauara precisaria bater 60kg às 16h de sábado, no
local do evento, para ser liberado a competir. O atleta da equipe Game
Fight estava com 66kg ao receber o chamado e, para chegar à meta, passou
a noite em claro, entre idas à sauna e ingestão de laxantes.
- Sofri uma perda de peso muito grande. Reduzi muito meu peso, perdi
seis quilos em apenas 20h, praticamente. Fiquei muito fadigado. Achei
que não ia conseguir chegar aqui como cheguei. Nem dormi. Cheguei aqui
sem dormir, porque passei a noite toda perdendo peso, urinando, fazendo
tudo. Cheguei aqui às 16h para pesar. Senti o gás por causa dessa perda
de peso, mas Deus me ajudou e consegui ganhar essa luta com esse nocaute
surpreendente - revelou o lutador após a luta.
Júnior Boya chorou ao lembrar da família em
Manaus (Foto: Adriano Albuquerque)
Surpreendente não por causa da força da mão, que, segundo ele, já era
considerada pesada quando morava em Manaus. Seu cartel no site
especializado "Sherdog" inclui outras duas vitórias por nocaute ou
nocaute técnico, além de uma vitória por finalização e outra por
desclassificação. A surpresa foi pelas circunstâncias em que recebeu a
luta, e pelas condições que enfrenta para se manter no esporte. Júnior
Boya mora numa academia em Copacabana e deixou a família em Manaus para
arriscar a sorte no MMA.
- Estou no Rio há oito meses tentando a vida. Deixei minha família lá
em Manaus, tenho uma filha com minha mulher, deixei elas lá. Foi com a
ajuda dos patrocinadores que me apoiaram, compraram minha passagem, me
mantêm por esse tempo todo aqui e acreditaram no meu trabalho. Sinto
muita saudade da minha filha, só de falar tenho vontade de chorar -
disse Boya, que logo soltou as lágrimas emocionadas.
A chance de reencontrar a filha pode vir em breve, já que a luta de
unificação do título dos pesos-moscas do Jungle Fight, em 14 de
setembro, será contra outro manauara: o campeão linear, Rayner Silva. O
evento marcará o aniversário de 10 anos da organização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário