17/07/2013 08h40
- Atualizado em
17/07/2013 09h49
Francês junta parapente ao circo, voa com trapezista e faz malabares no ar
Filho de dono de escola circense, Gill Schneider, produz
vídeos para a internet com acrobacias aéreas que incluem até 'saltos
mortais'
Por Gabriel Fricke
Rio de Janeiro
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Situada na confluência dos vales dos rios Durance, Guisane e
Cerveyrette, a bela paisagem de Briançon - mais alta cidade francesa e
segunda da Europa com 1.326 metros de altitude - virou palco para os
espetáculos aéreos de Gill Schneider. Aos 28 anos, o parapentista
acrobata que mora na localidade na região dos Alpes, na França, dá um
show de manobras, que vão desde perigosos mortais a rápidos giros em 360
graus. Gill produz filmes com suas performances e os exibe na internet.
Em um deles, o francês mistura duas de suas principais paixões: o circo
e o esporte radical.
Gill Schneider voa com parapente azul da cor de lago (Foto: Arquivo Pessoal)
Filho do dono de um escola circense, Gill reuniu alguns artistas e
resolveu juntar acrobacias nos ares com o malabarismo e o trapézio na
Dune du Pyla, no sudoeste da França, e em Annecy, nos Alpes franceses. O
resultado é impressionante
(assista ao vídeo ao acima). A
trapezista Roxane Giliand topou participar da experiência. Ligada ao
parapentista, ela aparece suspensa no ar, fazendo belos movimentos presa
apenas pela cintura.
- Meu pai tem uma escola de circo desde que eu era criança. Era um
hobby para mim. Mas eu não queria ser um profissional, ter isso para
minha vida. Quando comecei o parapente, sempre pensei num espetáculo que
misturasse os dois. Era a quarta vez que a trapezista fazia parapente.
E, mesmo assim, ela se sentia tão tranquila, mesmo no alto, que não
tinha problema. Ela ficou confortável e relaxada. Acho que o câmera,
Adrian, e eu, ficamos mais nervosos pelo que ela estava fazendo do que
ela mesma - brincou o simpático francês.
O parapente entrou na vida de Gill em 2005, quando ele tinha 21 anos.
Mas a vontade de praticar o esporte radical já vinha de tempos atrás. O
parapentista conta que tudo começou quando sua mãe o levou para subir
uma montanha perto de Briançon, onde moram. Ao chegar a um ponto alto,
viu cerca de dez coloridos parapentes voando juntos e se impressionou
com a imagem, que ficará registrada em sua memória para sempre. Desde a
primeira vez que subiu aos ares, garante, nunca ficou um dia sem voar,
exceto aqueles em que as condições climáticas não permitiram.
- Ninguém da minha família fez parapente. Meu pai tentou voar de asa
delta, mas não obteve muito sucesso. Parou dois dias depois porque achou
que era muito difícil e até perdeu um amigo voando de asa delta. Quando
eu era criança, estive nas montanhas geladas com minha mãe e, quando
cheguei lá em cima, vi uns dez parapentes voando juntos. E, a partir
daí, virou meu sonho. Desde esse dia, passei a olhar para o céu sempre
para ver se via um parapente voando. Sempre quis voar. É uma paixão. Me
sinto como um recém-nascido. Mudou tudo na minha vida e na minha cabeça -
relatou o apaixonado esportista, que ainda curte andar de skate e, é
claro, fazer alpinismo.
- Para praticar parapente, preciso ser alpinista. Aprendi a subir
montanhas. Às vezes o vento não está bom para o parapente, então faço
outras atividades, como subir pequenas montanhas e até mesmo andar de
skate - contou Gill que, em um dos vídeos, aparece andando de skate e
até fazendo graffiti
(veja no vídeo acima).
'Abastecido' pela adrenalina, francês sonha voar no Brasil
Além dos vídeos que produz, Gill ainda dá cursos particulares para
alunos, presta consultoria e testa novos equipamentos para uma marca de
parapentes. As imagens publicadas na internet são de alta qualidade, com
músicas empolgantes, e produzidas por um amigo cineasta e parapentista,
que inclusive está de mudança marcada para Briançon para facilitar o
trabalho. Para realizar as performances com maestria, ele garante
treinar muito, não ter medo de ousar - como nos mortais e giros
perigosos - e sempre buscar lugares novos, desde praias a montanhas
geladas
(confira o vídeo com as manobras de Gill no Chamonix-Mont-Blanc, na França, ao lado).
Gill Schneider se prepara para completar um mortal (Foto: Arquivo Pessoal)
Entre os melhores para a prática do parapente, segundo ele, está a
cidade de Iquique, no norte do Chile. De acordo com Gill, o lugar não é
tão belo, mas reúne condições climáticas favoráveis para voar em
novembro e dezembro, quando é ruim praticar na França, além de ter
montanhas altas. O mais bonito para o francês é a parte indiana do
Himalaia, mais alta cadeia montanhosa do mundo. Mas um de seus sonhos é
voar no Brasil.
- Nunca fui ao Brasil, mas gostaria muito de ir. Tenho muitos amigos
que vão para o Brasil para fazer parapente. Não sei quando vou poder
porque estou tocando vários projetos e com várias ideias, preciso
organizar meu tempo, mas é um sonho meu - disse.
Apesar de praticar um esporte de alto risco, Gill se considera seguro
com seu paraquedas de resgate. Sempre preparado para corrigir erros
rapidamente, o francês se diverte com o fato de que nunca precisou usar
do recurso. A adrenalina, segundo ele, é como um combustível.
- Nunca tive um acidente. Talvez eu seja o único parapentista que
nunca teve que usar um paraquedas de resgate (risos), mas eu sei fazer
porque fiz um curso para isso. Tenho tantos amigos que já usaram e usam
sempre, mas eu nunca usei. Eu gosto disso, sabe? Gosto de sentir a
adrenalina. É melhor ainda quando você consegue algo novo e quer fazer
de novo e de novo. A cada voo aprendo uma nova coisa, uma nova posição,
um novo truque no ar. Nunca vou parar - falou o francês que, para
aumentar a adrenalina, gosta de planar perto do chão, tocando a mão na
superfície terrestre.
- Eu invento as acrobacias a cada dia. Gasto grande parte do meu tempo
nisso. Treino, treino e treino. Tento ficar perto do chão, tocar a mão
no chão. É uma sensação muito, muito boa. Quando você voa colado no
chão, tem a sensação certa da sua velocidade, de quão rápido você está. É
um pouco assustador também porque você pode bater, né? - concluiu Gill
que, em um dos vídeos, tira onda com um bandeira que tremula com o vento
e parece caminhar sobre ela
(assista ao vídeo acima).
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