'Maracanã russo' tem Mundial como último ato antes de fechar para a Copa
Ainda com traços soviéticos, palco da final da Copa do Mundo de 2018 recebe astros do atletismo antes de passar por grande reforma
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- Guardo muitas recordações positivas. Era época do comunismo, então
não sabíamos o que esperar. Foi minha primeira competição com casa
cheia. A cena que ficou marcada foi o painel humano, em que o Misha
soltou uma lágrima. Aquilo deixou todo mundo emocionado. O estádio não
mudou muita coisa do lado de fora. A única coisa diferente é que não
tinha cobertura - recordou Nakaya.À primeira vista, o Estádio Olímpico de Moscou parece ter parado no tempo. A arquitetura extremamente limpa, sólida e prática do realismo socialista preserva a identidade e o charme do palco. No entanto, o Luzhniki não é mais o mesmo por dentro. Assim como a Rússia fez depois de romper com o comunismo no início dos anos 90, o gigante se modernizou. Deixou de acolher 103 mil pessoas, para receber 78.360 em melhores condições.
- Creio que vão acontecer grandes resultados neste mundial. Infelizmente, alguns atletas ficaram fora por causa de doping (casos de Tyson gay e Asafa Powell), mas creio que vão sair resultados surpreendentes. É legal competir em um estádio assim, é marcante como foi no Mundial de 2009, em Berlim, onde Jesse Owens competiu. Um negro vencendo as Olimpíadas na época do nazismo. Bolt bateu os recordes dos 100m e dos 200m naquele Mundial. As pessoas querem fazer seu melhor para marcar o estádio também – completou Nakaya.
olímpico no salto triplo (Foto: Agência AFP)
- Eu estava na arquibancada naquele dia. Aconteceu a situação de o João do Pulo fazer um salto que seria vencedor, mas os juízes deram queima para ele e o ouro acabou com um soviético (Jaak Uudmäe). Não era para ele ganhar - disse Nakaya.
A única mancha na história do gigante russo aconteceu em 1982, quando ainda não tinha cobertura. Em um dia gelado de outubro, quase 17 mil pessoas se agruparam no único setor da arquibancada que não estava sob neve para o entre o Spartak Moscou e o holandês Haarlem. Os anfitriões venciam por 1 a 0 quando o público começou a se retirar em massa para pegar o metrô mais vazio. A demandada, que coincidiu com o segundo gol do Spartak, resultou em atropelamento e 66 mortos - o Spartak ainda manda seus jogos no local, assim como o Torpedo Moscou, time da segunda divisão russa.
O estádio recebeu também festivais de músicas e shows de estrelas internacionais como Michael Jackson, Madonna e os Rolling Stones. Só em 1995 o Luzhniki foi totalmente reformulado, ganhou assentos e, enfim, uma cobertura. Assim, o gigante foi coroado a quatro estrelas pela UEFA - o ápice das categorias da entidade máxima do futebol europeu. A arena, que usa grama artificial, até sediou a final da Liga dos Campeões de 2008, quando os ingleses do Manchester United bateram os compatriotas do Chelsea nos pênaltis.
Depois de servir de palco para os astros do atletismo, o estádio passará por nova reforma, só que, desta vez, a estrutura externa deve sofrer um impacto maior. Para ser o palco da abertura e da final da Copa do Mundo de 2018, o Luzhniki precisa aumentar sua capacidade em mais de 10 mil assentos para chegar ao mínimo exigido pela Fifa: 89.000 lugares. Por isso, a organização da Copa da Rússia colocar o gigante no chão, o que não conta com o apoio dos russos. Erguer a cobertura e rebaixar o nível do campo também são opções. Certo mesmo é que uma arena moderna será entregue em 2017, e com poucos dos traços soviéticos que identificam o Luzhniki.
- Provavelmente o estádio vai perder um pouco da sua identidade. Vai ser construído um estádio padrão Fifa, vai ser uma arena. Deve descaracterizar o estádio. Vai ganhar por um lado, mais perder por outro - disse Nakaya.
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