Fidelidade, acidente e 'quase título': os anos de Felipe Massa na Ferrari
Com altos e baixos ao longo de 8 temporadas, piloto pôs nome na história da mais tradicional equipe da F-1, mas não conseguiu alcançar sonhada taça
marcante na carreira do brasileiro (Foto: AFP)
Nesse período, tornou-se o segundo da lista de pilotos que mais vezes tiveram o privilégio de vestir o macacão da Ferrari, 132 vezes, atrás apenas de Michael Schumacher, 180. É o quarto com mais vitórias pela equipe, ao lado de Alonso (11), superado apenas por Schumi, Niki Lauda e Alberto Ascari. Terceiro com mais poles (15) e quarto com mais pódios (36).
Até o fim do ano, Massa terá mais sete GPs a disputar pela Ferrari, o próximo no dia 22 de setembro, em Cingapura. Enquanto isso, segue à procura de um novo lar. Lotus e Sauber são opções. Quem sabe uma nova casa refresque os ares do piloto, que ainda almeja o sonho de ser campeão mundial de Fórmula 1.
Corridas | Vitórias | Pole positions | Pódios |
---|---|---|---|
1º M. Schumacher - 180 | 1º M. Schumacher - 72 | 1º M. Schumacher - 58 | 1º M. Schumacher - 116 |
2º Felipe Massa - 132 | 2º Niki Lauda - 57 | 2º Niki Lauda - 23 | 2º R. Barrichello - 55 |
3º R. Barrichello - 102 | 3º Alberto Ascari - 27 | 3º Felipe Massa - 15 | 3º Fernando Alonso - 40 |
4º Gerhard Berger - 96 |
4º Felipe Massa e Fernando Alonso - 11 |
4º Alberto Ascari - 13 | 4º Felipe Massa - 36 |
5º Michele Alboreto - 80 |
6º Kimi Raikkonen e R. Barrichello - 9 |
5º Jacky Ickx e R. Barrichello - 11 |
5º Niki Lauda - 32 |
8º Fernando Alonso - 70 |
8º Gilles Villeneuve e Jacky Ickx - 6 |
7º Gerhard Berger - 7 | 6º Kimi Raikkonen - 26 |
A história de Massa com o time de Maranello vem de antes de 2006, ano em que virou titular. Tudo começou em 2001, quando o piloto tinha apenas 20 anos. Os bons resultados na base e a conquista do título da F-3000 Europeia (uma das divisões de acesso da F-1 na época) chamaram a atenção da Ferrari, que adquiriu seu passe e o alocou na Sauber na temporada seguinte. Ainda em 2001, teve seu primeiro contato com um carro da categoria, em testes com o time suíço. No ano seguinte, cumpriu uma temporada de aprendizado, mas não caiu nas graças de Peter Sauber, tendo que passar o ano de 2003 atuando apenas como piloto de testes da Ferrari. Mais maduro, foi emprestado novamente a Sauber em 2004 e 2005 e adquiriu experiência. Em 2006, enfim teve a chance de ingressar na escuderia do cavalinho rampante como titular, no lugar do amigo Rubens Barrichello. Seu companheiro? Nada mais nada menos que o heptacampeão Schumacher.
Com o alemão projetando a aposentadoria para o fim daquela temporada, Massa tinha um ano para aproveitar a oportunidade de guiar ao lado do maior campeão da F-1. O relacionamento entre os dois foi muito bom desde as primeiras corridas. Em diversas ocasiões, o veterano declarou que considerava o brasileiro como seu “irmão mais novo”. Foi um ano de muito aprendizado e sabores especiais: subiu pela primeira vez ao pódio (GP da Europa), venceu a primeira na categoria (GP da Turquia) e ainda encerrou a temporada com uma vitória em Interlagos. Com direito a um macacão verde e amarelo - rara concessão da Ferrari -, emocionou a torcida ao quebrar um jejum de 13 anos desde o último triunfo brasileiro em casa, com Ayrton Senna em 1993.
Números em 2006:
18 GPs / 2 vitórias / 3 poles / 7 pódios / 2 melhores voltas
3º lugar com 80 pontos (campeão: Fernando Alonso/Renault - 134 pontos)
Com a primeira aposentadoria de Schumi no fim de 2006, Massa recebeu Kimi Raikkonen como novo parceiro de equipe. Com igualdade de condições, os dois passaram o ano muito próximos na classificação, logo atrás da dupla da McLaren: Lewis Hamilton e Fernando Alonso. Durante aquele ano, um escândalo de espionagem tumultuou o time inglês. Beneficiado com vacilos de Hamilton e os problemas internos de Alonso com a equipe, Raikkonen protagonizou uma arrancada surpreendente e conseguiu uma improvável virada para assegurar a taça, com direito a uma ajudinha de Massa, que cedeu a vitória na última etapa. Naquele ano, o paulista venceu três vezes (Bahrein, Espanha e, novamente, Turquia) e terminou em quarto.
Números em 2007:
17 GPs / 3 vitórias / 6 poles / 10 pódios / 6 melhores voltas
4º lugar com 94 pontos (campeão: Kimi Raikkonen/Ferrari - 110 pontos)
Em 2008 foi a vez de Massa brilhar. O ano começou difícil, com dois abandonos. Mas o brasileiro reagiu e fez sua melhor temporada na Fórmula 1. Superou Kimi com facilidade e disputou o título ponto a ponto com Hamilton. Venceu seis corridas no ano, mais que o inglês. A última delas, novamente diante da torcida brasileira em Interlagos, dessa vez, teve um sabor agridoce. Em uma das decisões de campeonato mais emocionantes da história da categoria, Massa cruzou a linha de chegada como campeão, mas perdeu o título quando Hamilton superou Timo Glock na última curva da corrida. Em poucos segundos, a arquibancada, lotada, foi da euforia à incredulidade. Uma derrota doída, que Massa absorveu batendo no peito e agredecendo o apoio da torcida no alto do pódio. Esta é também a última vitória do brasileiro até o momento.
Números em 2008:
18 GPs / 6 vitórias / 6 poles / 10 pódios / 3 melhores voltas
Vice-campeão com 97 pontos (campeão: Lewis Hamilton/McLaren - 98 pontos)
Números em 2009:
9 GPs (acidente) / 0 vitórias / 0 poles / 1 pódio / 1 melhor volta
11º lugar com 22 pontos (campeão: Jenson Button/BrawnGP - 95 pontos)
Quando voltou às pistas em 2010, seu companheiro de equipe já não era mais Raikkonen. Há tempos de olho em Alonso e confiando na recuperação total do brasileiro, a Ferrari preferiu dispensar os serviços do finlandês, que ironicamente voltará em seu lugar no próximo ano. Logo de cara, Massa mostrou sinais de que estava recuperado ao subir duas vezes ao pódio. Mas no outro cockpit vermelho, o implacável espanhol roubava a cena. Com talento e personalidade forte, trazia a cada dia a equipe para si. No GP da Alemanha, Massa sofreu outro forte golpe, dessa vez psicológico. Era dia 25 de julho. Fazia exatamente um ano de sua grave batida em Hungaroring. Após uma bela largada na qual superou Vettel e Alonso, caminhava para uma vitória com sabor de superação. Porém, a história de cinema não comoveu a Ferrari, que ordenou a troca de posições para favorecer o espanhol, que ainda alimentava chances de lutar pela taça. Pelo rádio, seu engenheiro Rob Smedley disse: “Fernando está mais rápido que você. Pode confirmar que entendeu a mensagem?”. Mesmo incomodado, Felipe obedeceu. Reduziu e cedeu a liderança da corrida a Alonso. Em seguida, o engenheiro voltou a falar: “Boa decisão. Temos de ficar assim agora. Desculpe”, deixando na cara o jogo de equipe. Naquele momento, Massa viu que seu espaço no time havia sido reduzido. No papel de escudeiro até o fim do ano, ainda conseguiu mais dois pódios, completando cinco na temporada. Entretanto, a desejada vitória, que teria vindo em Hockenheim, acabou não acontecendo.
Números em 2010:
19 GPs / 0 vitórias / 0 poles / 5 pódios / 0 melhores voltas
6º lugar com 114 pontos (campeão: Sebastian Vettel/RBR - 256 pontos)
2011: Jejum de vitórias e de pódios
Em 2011, a Ferrari passou longe da RBR. A escuderia austríaca dominou o ano com Sebastian Vettel, que faturou seu segundo título consecutivo. Distante também ficou um apagado Massa de seu parceiro Alonso no campeonato. Sem nenhum pódio no ano, foi o sexto colocado com 199 pontos, enquanto o espanhol chegou a vencer um GP, na Inglaterra, e fechou o ano em quarto, com 257.
Números em 2011:
19 GPs / 0 vitórias / 0 poles / 0 pódios / 2 melhores voltas
6º lugar com 11 8 pontos (campeão: Sebastian Vettel/RBR - 392 pontos)
A falta de resultados expressivos continuou no início de 2012. Passou em branco nas três primeiras provas e, após oito etapas, tinha apenas 11 pontos, contra 111 do parceiro, que tirava “água de pedra” para dominar o carro da Ferrari e liderava o campeonato. Durante o ano, o brasileiro admitiu a má fase e revelou, inclusive, ter procurado ajuda psicológica. Preocupada com a pouca contribuição para o Mundial de Construtores - que rende cifras milionárias às equipes - a Ferrari deu um ultimato: “precisamos de dois pilotos muito competitivos”, alertou o presidente Luca di Montezemolo. E a reação veio. Emendando uma sequência de boas atuações, finalmente voltou ao pódio, no Japão. A virada deu resultado e o brasileiro teve seu contrato renovado por mais um ano. Até o fim de 2012 ainda teve tempo de apresentar ritmo melhor que Alonso em algumas ocasiões, cedendo posições para o espanhol, que lutava pelo título. Fechou o ano em alta, emocionando-se em mais um pódio no Brasil.
Números em 2012:
20 GPs / 0 vitórias / 0 poles / 2 pódios / 0 melhores voltas
7º lugar com 122 pontos (campeão: Sebastian Vettel/RBR - 281 pontos)
Animado com a boa fase, Massa projetou voltar a brigar por vitórias em 2013. Era um ano decisivo. Seu contrato era válido até o fim da temporada. Praticamente sua última chance no time. O começo foi positivo. Corridas consistentes e o primeiro pódio na quinta etapa, na Espanha. Daí em diante, o brasileiro entrou em um fase complicada. Colecionou duas batidas em Mônaco e mais uma no treino em Montreal. Em Silverstone foi vítima do “festival” de pneus furados, enquanto em Hockenheim abandonou ao rodar nas primeiras voltas. Com atuações discretas do piloto na Hungria e na Bélgica, a Ferrari preferiu então apostar em um novo nome para ano que vem. Em 2014, Massa não vestirá vermelho.
Números em 2013:
12 GPs / 0 vitórias / 0 poles / 1 pódio / 0 melhores voltas
7º lugar com 79 pontos (líder: Sebastian Vettel/RBR - 222 pontos)
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