Adversário de Aldo superou perdas familiares em suas últimas três lutas

Treinador exalta frieza de Ricardo Lamas, que viu avós e tio morrerem às vésperas de combates decisivos: 'Não podemos controlar o destino'

Por Adriano Albuquerque Rio de Janeiro

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Lutar pelo cinturão é pressão suficiente para qualquer lutador profissional e a última coisa que se deseja é um problema familiar para causar distração nas semanas que antecipam o combate. Para Ricardo Lamas, que enfrenta o campeão José Aldo pelo título dos pesos-penas do Ultimate no UFC 169 no próximo dia 1º de fevereiro, em Newark, EUA, não foi possível fazer essa escolha nos últimos três anos. O americano teve de lidar com mortes de parentes próximas em cada uma de suas últimas três lutas, e enfim aproveita um camp de treinamento sem tragédias.

Ricardo Lamas após sua vitória sobre Cub Swanson: avó morreu uma semana antes (Foto: Divulgação/UFC)

Em 2011, uma semana antes de Lamas enfrentar e derrotar Cub Swanson, sua avó, Ofelia Ayala, faleceu, vítima de um câncer de mama. O lutador era muito próximo a Ofelia, uma das principais influências em sua criação. No ano seguinte, antes de encarar Hatsu Hioki, ele soube da morte de seu tio Jack, filho de Ofelia, vítima de um ataque cardíaco. Em janeiro do ano passado, foi a vez do avô de Lamas, Mario Ayala, falecer de causas naturais - tinha mais de 80 anos - duas semanas e meia antes do duelo contra Erik Koch, no dia em que seria comemorado o aniversário de sua avó. O peso-pena não esmoreceu, venceu os três combates e chegou às quatro vitórias consecutivas, sequência que lhe garantiu a posição de desafiante número 1 na categoria.
- É duro. Eu tento pensar no que eles desejariam, e acho que eles gostariam que eu lutasse e seguisse minha vida. Eu tento pensar nisso e que eu tenho que dedicar a luta a eles. É isso que tento fazer - contou Lamas em entrevista por telefone ao Combate.com.
Essa habilidade de colocar a emoção de lado para se concentrar no trabalho é exaltada pelo seu treinador de muay thai, César Carneiro, que no ano passado também lidou com uma tragédia pessoal na época de um combate do pupilo. Dois dias após a vitória de Lamas sobre Koch, César soube da morte de seu filho de 16 anos no Brasil.
- É um cara frio, não tem muita emoção. Ele perdeu a avó dele e ninguém sabia. Ele continuou treinando aqui, normal. Ele disse para mim e para o Daniel (Valverde, treinador de jiu-jítsu), mas a galera não tinha a menor noção. Ele treinou normal, e ele foi criado praticamente pela avó. Ele é muito seguro - disse Carneiro, que buscou apoio no lutador após sua tragédia pessoal.
- Deixa o time todo muito mais próximo. Um querendo dar apoio ao outro. Eu ficava falando com ele o tempo todo sobre isso, e depois ele fez a mesma coisa comigo. Isso aproximou muito mesmo a gente. Agora, mesmo na folga, no domingo, a gente faz um churrasquinho também, uma coisa familiar mesmo. Juntou mais a gente.
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Durante este camp, Ricardo Lamas ainda não teve nenhuma surpresa infeliz com a saúde de seus familiares, e espera que continue assim.
- Está todo mundo bem. É (confortante), é minha primeira luta em muito tempo que não tenho nada disso para me preocupar. Logo depois da minha primeira derrota, em 2009, meu irmão mais velho faleceu também, foi o primeiro. Desde 2009 até 2013, tive muito azar com familiares morrendo. Não podemos controlar o destino - ponderou.
UFC 169
1º de fevereiro de 2014, em Newark (EUA)
CARD PRINCIPAL
Peso-galo: Renan Barão x Urijah Faber
Peso-pena: José Aldo x Ricardo Lamas
Peso-pesado: Frank Mir x Alistair Overeem
Peso-mosca: John Lineker x Ali Bagautinov
Peso-leve: Jamie Varner x  Abel Trujillo
CARD PRELIMINAR
Peso-leve: John Makdessi x Alan Nuguette
Peso-mosca: Chris Cariaso x Danny Martinez
Peso-médio: Nick Catone x Tom Watson
Peso-leve: Al Iaquinta x Kevin Lee
Peso-médio: Clint Hester x Andy Enz
Peso-leve: Tony Martin x Rashid Magomedov
Peso-meio-médio: Neil Magny x Gasan Umalatov