Encarar maratona, se fazer de vítima e isolar Messi: as armas do Juve na final
Velha Senhora estuda táticas para surpreender Barça: italianos apostam nas laterais
e tentam jogar o favoritismo para o lado oposto: "Temos 35% de chances", diz Buffon
O Juventus começou oficialmente nesta segunda-feira a operação Berlim, que culminará com o duelo contra o Barcelona no próximo sábado na capital alemã. Depois de um domingo de folga, jogadores e comissão técnica se reuniram para um treinamento de cerca de 1h30 no Juventus Stadium, no qual trinta minutos foram abertos à imprensa. Após a atividade, os jogadores mostraram um discurso bem ensaiado com o objetivo de colocar a pressão sobre o Barcelona. Esse é um dos planos da estratégia bem estudada pelo treinador Massimiliano Allegri e pelos jogadores mais experientes do elenco.
- Eu prefiro sempre partir para as finais como favorito, porque significa que sou mais forte e tenho a qualidade de com, um esforço menor, poder vencer a partida. Mas isso não significa que já estejamos derrotados, acho que a gente conquistou com muito mérito esta final, eliminando times muito fortes desta competição e temos algumas armas para dificultar a vida ao Barcelona. Temos 35% de chances de vencer esta partida - afirmou Buffon, capitão do time, tentando passar a batata quente do favoritismo ao Barça.
No entanto, este não é o sentimento que reina no vestiário da Velha Senhora, onde os jogadores se sentem tão confiantes no triunfo final ao ponto de proferirem frases como: “Este é o ano do Juventus, vamos ganhar”; ou “Temos a sorte, as coincidências estão do nosso lado, essa taça vai ser nossa.”
PAPEL DE VÍTIMA CAI BEM
Confiança e otimismo realmente não faltam aos bianconeri, mas o objetivo é atribuir sempre o favoritismo ao Barcelona e assumir o papel da vítima, um discurso que foi repetido por vários jogadores.
- Enfrentamos esta final com a consciência e a humildade de estar um degrau abaixo deles, mas sabemos que numa partida seca tudo pode acontecer - ressaltou o zagueiro Leonardo Bonucci.
O Juventus já assumiu a mesma posição contra o Real Madrid e funcionou. Só sábado saberemos se os catalães saíram afetados ou não deste jogo psicológico do quem é mais favorito. Mesmo se não funcionar, os italianos ainda têm outras cartas na manga para usar em Berlim.
MARATONA DE BERLIM PARA JUVE
A tradicional corrida de 42 quilômetros da capital alemã está marcada para dia 27 de setembro, mas o Juventus se prepara para antecipar esta data e “percorrer” a prova de Berlim no próximo sábado. O time corre como poucos, isso não é segredo: em Turim e Madri, os merengues correram entre seis a sete quilômetros menos que a “Velha Senhora” e isso deu resultado.
- Aqui na Itália corremos sempre e a toda a hora, parece que até enquanto dormimos temos de correr. É incrível. Este time tem uma resistência nas pernas muito grande, que por vezes acho que em Inglaterra, eu estive de férias - comentou Patrice Evra, depois da vitória no Santiago Bernabéu, confessando até ele ter ficado surpreendido com a preparação atlética do seu time.
Ao contrário da maioria dos times na Europa, o Juventus faz um treinamento físico de cerca de meia hora antes do treino com bola. Essa prática havia sido abolida com a chegada dos “métodos” mais modernos de treinadores como Guardiola e Mourinho, que já declararam que nunca separam a parte física do treino com bola, mas Allegri faz questão de distinguir as atividades.
No último treinamento, depois de um aquecimento muito físico e sem a roda do bobo, os jogadores ainda fizeram cerca de 8 tiros corrida de 100 metros com poucos segundos de repouso. No final, os cabelos pingavam de suor e só aí é que começaram os 60 minutos de treino intenso com bola. Apenas Andrea Barzagli é dúvida para a final. De resto, Allegri deverá contar com todos os jogadores em plena forma física.
APOSTA NAS LATERAIS
Allegri enfrentou oito vezes o Barcelona de Messi e companhia nas últimas quatro temporadas e chegou a uma conclusão que fez questão de anunciar no ano passado.
- Para jogar bem contra o Barcelona é muito importante o jogo ofensivo e defensivo pelas laterais.
Quem acha que o técnico italiano vai apostar tudo na força do seu meio-campo se engana, porque os jogadores do Juve já estão avisados que não terão a posse de bola, como ressaltou Paul Pogba.
- No meio-campo, tenho a certeza que não vamos ganhar a posse de bola, mas, como eu digo, é uma final e a gente nunca sabe quem vai ganhar - comentou o francês.
Com Neymar e Alba de um lado e Daniel Alves e Messi ou Suarez do outro, o jogo dos catalães se concentra muito pelas laterais, o que ficou demonstrado este sábado contra o Athletic Bilbao quando, com as subidas de Dani Alves, o time ganhava um quarto atacante. Mas ao mesmo tempo, Allegri considera os dois laterais os pontos fracos da defesa catalã. Por isso, Paul Pogba e Vidal já receberam instruções para desafiar os catalães pelas alas, e Morata vai ter de usar a sua rapidez pelos dois lados também para abrir espaços a potenciais chutes do francês e de Tevez fora da área.
O objetivo também é impedir que Neymar, Alves e Alba participem tanto do jogo ofensivo como gostam e dar menos linhas de passe para Messi fazer as tabelas que tanto usa no seu jogo. Essa é uma das estratégias para controlar o argentino, Allegri já avisou que o camisa 10 não vai ser marcado a homem.
A EXPERIÊNCIA BIANCONERA
Outro fator que deixa os jogadores da Velha Senhora muito confiantes é a experiência internacional do time, algo que não falta nestas finais. O mesmo não falta ao Barcelona que vem colecionando troféus nas últimas temporadas, além de uma Copa do Mundo e duas Eurocopas que a ala espanhola do elenco venceu entre 2008 e 2012.
Mesmo nesse quesito, os bianconeri não ficam atrás. Buffon disputou uma final e venceu uma Copa do Mundo de muito sofrimento, assim como Pirlo e Barzagli. O experiente volante já levantou duas Champions, enquanto Tevez e Evra levaram uma.
Há exatamente um ano, Morata jogou quase 45 minutos da difícil decisão entre Real Madrid e Atlético, que os merengues venceram por 4 a 1. Os outros jogadores do elenco como Bonucci, Chiellini e Marchisio, dos mais antigos do elenco, estão acostumados a chegar perto da vitória e sofrer com a derrota, mas ainda almejam levantar um desejado troféu internacional. Para eles, o experiente colecionador de troféus Andrea Pirlo deixou um conselho mesmo sem querer.
- Espero poder ganhar a minha terceira Champions com Buffon, será uma partida, muito difícil, contra um grande time, mas é uma final e nem sempre vence o melhor - disse Pirlo.
Como o lema de que nem sempre vence o melhor, o Juventus espera levar a taça para Turim na madrugada do próximo sábado. O GloboEsporte inicia a transmissão para a decisão a partir das 12h de sábado (de Brasília), com vídeos exclusivos, reportagens especiais, papo com convidados e muito mais. A bola vai rolar para o jogão, que será transmitido ao vivo na TV Globo e no site, às 15h45.
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