'Sem lar', brasileira brilha no kite, mas lamenta: 'Sinto falta de um cantinho'
Bruna Kajiya, campeã mundial em 2009, é um dos principais nomes do esporte e sofre com as longas viagens durante a temporada: 'Vida muito desgastante'
Aos 24 anos, Bruna já tem um longo passado na estrada. Perdeu as contas dos países que conheceu e sempre cita a imensa saudade de casa. Hoje, treina em Tarifa, na Espanha, cidade escolhida lá atrás para que firmasse seu nome no esporte e buscasse o sonhado reconhecimento. Mas também passa parte do tempo na África, durante o inverno. Brasil, apenas em etapas do Brasileiro e do Mundial e nos treinos em Cumbuco, no Ceará.
A falta de um “cantinho”, como ela diz, no entanto, incomoda. No ano seguinte à conquista do título mundial, Bruna teve sérios problemas de saúde, que a tiraram de algumas etapas do circuito em 2010. Hoje, recuperada, consegue brincar com a situação.
- Eu sou uma pessoa muito família. Sinto falta de um cantinho só para mim. É mais fácil para as meninas que moram na Europa porque boa parte do circuito é lá. Então, podem ficar mais tempo em casa. Eu não posso. Viajar muito acaba liberando muito cortisol (hormônio produzido pelo estresse). E eu sofri bastante com isso. Os médicos dizem que costuma dar alguns efeitos colaterais. Um deles é o acúmulo de gordura na barriga. Fiquei com medo, mas ainda bem que eu não sofri com isso (risos).
Na atual temporada, Bruna não tem mais chances de título, conquistado antecipadamente pela espanhola Gisela Pulido. Na etapa brasileira, onde já está garantida na final, tem a chance de superar a polonesa Karolina Winkowska, que não compete em Barra do Cunhaú, e assumir a segunda colocação do ranking. Por isso, já começou a pensar na próxima temporada, com a lembrança das dificuldades que enfrentou para conquistar o mundo.
Apesar dos treinos intensos, Bruna afirma que não são suas manobras que precisam ser melhoradas na busca por mais um título. A brasileira diz que vem trabalhando para evoluir psicologicamente.
- Posso trabalhar muito mais a parte mental. Tenho lido um livro sobre isso, “Mental Gym” (ginástica mental). Mostra como é importante trabalhar esse lado. É um aspecto que eu posso melhorar. Eu sempre foquei muito na parte física, mas isso é importante também.
Com o título mundial nas costas, Bruna não lamenta a falta de reconhecimento em seu próprio país. Acredita apenas que o kitesurfe merece um olhar mais cuidadoso.
- É complicado. Dá pena porque dá para ver que o país tem muito potencial. Temos excelentes locais para o kitesurfe, como Cumbuco, no Ceará. Mais do que nada, temos um grande potencial. Mas eu entendo, é um país fanático pelo futebol.
Neste domingo, Bruna tenta o título da etapa brasileira do Mundial. Depois de vencer a chave principal, espera pela desafiante vinda da repescagem para poder confirmar a conquista. A primeira chamada será às 11h, também para a chave masculina.
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