Mané no Olaria: os últimos lances
de Garrincha num clube de subúrbio
Ídolo do Botafogo encerrou a carreira no clube da Rua Bariri. A sambista Beth Carvalho conta para o 'Esporte Espetacular' as peripécias do craque
O ponta-direita conquistou multidões excursionando com o Glorioso e em suas brilhantes apresentações com o time canarinho. Em 1972, ao 38 anos, Mané não jogava uma partida oficial havia dois anos. Seu nome continuava com força. Então, o Olaria viu ali uma oportunidade. Com a ajuda de empresários ligados ao clube, bancou a contratação do craque, e o camisa 7 mais famoso do mundo vestiu a camisa azul e branca. Heitor Bellini, que hoje é presidente do clube, lembra como era estar no mesmo lugar que o craque.
- A gente ficava na beira do campo, olhando o Garrincha. Aquilo, pra gente, os garotos do Olaria, era uma coisa de outro mundo.
drible foi registrado (Foto: Reprodução/TV Globo)
- Ele falava para não sair de perto dele, porque tudo que ganhasse ia dividir comigo. Aí eu não descolava dele! Depois, eu dividia com o pessoas: "Olha, o Mané deixou isso aí pra gente" - contou o goleiro.
O último gol oficial
de Garrincha (Foto: Reprodução/TV Globo)
- O Garrincha não parecia ser jogador, uma pessoa famosa. Hoje, eu fico feliz de ter tomado um gol dele. Ele tinha a condição técnica dentro de si, mas já não tinha corpo para aquilo. Mas o pouquinho que ele fez, foi o bastante para podermos rever o que ele tinha feito - disse o goleiro.
Despedida do futebol
O último jogo de Garrincha aconteceu num feriado de sete de setembro, em 1972. A Caldense, clube mineiro da cidade de Poços de Caldas, comemorava 47 anos de fundação. Quem não comemorava nada naquele dia era Hildo, o lateral-esquedo escalado para marcar o craque. Ele garante que não deu moleza para Mané, mas J. Lopes, meio-campo da Caldense naquele jogo, conta que não foi bem assim.
- O Garrincha deu uma balançada nele! Ele não quis falar porque ficou com vergonha - brincou J. Lopes.
O meio-campo lembra com carinho do dia em que conheceu o ídolo Mané Garrincha:
- Um dia muito especial, com agitação desde cedo. O Garrincha chegou, não sei se atrasado porque ficou dando entrevistas. Ele atravessou o campo, e a massa inteira bateu palmas para ele. Eu não sabia que era o último jogo de Garrincha. Depois que fiquei sabendo, estou até mais orgulhoso.
A Caldense venceu o jogo por 5 a 1, e Garrincha desceu as escadas para o vestiário pela última vez como profissional. Em 73, uma partida festiva foi organizada no Maracanã, o jogo da gratidão, para homenagear o craque. Mané Garrincha morreu em 1983, aos 49 anos de idade, vítima do alcoolismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário