Ao lado dos 'hinchas': Boca faz festa no Engenhão com ajudinha paulista
Em êxtase durante mais de 90 minutos, torcida xeneize é reforçada por grupo que viajou de van e por argentino que mora no Rio e é fã do Fluminense
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A língua falada na arquibancada do Setor Norte, no entanto, não era só o espanhol. Entre os cerca de dois mil "hinchas" havia um grupo de paulistas e até um "hermano" radicado no Rio que comprovou à reportagem seu carinho pelo... Fluminense. Na hora de escolher, largar o Boca, jamais. O GLOBOESPORTE.COM assistiu ao segundo tempo do duelo atrás do gol, no meio dos fãs, sentindo a vibração de cada música puxada pelas organizadas. Na verdade, a ajuda de casais, crianças e até senhores de idade foi fundamental para sustentar o som dos instrumentos, mostrando um ambiente familiar e que fanatismo não tem idade. Não faltaram, por outro lado, figuras bizarras, com maquiagens pesadas ou dezenas de tatuagens pelo corpo.
A derrota parcial, com o gol de Carleto, que levaria a decisão da vaga para os pênaltis, não tirou a empolgação. Mais de dez cantos, com ritmo cadenciado semelhante, permaneciam uníssonos na ponta da língua, como o predileto "dá-lhe, Boca, dá-lhe, dá-lhe, Boca!". O que leva muitos brasileiros - acostumados à cultura da aflição e da vaia quando nem tudo vai bem - a pensar: isso é mesmo torcer? Acompanhando a filial paulista da "La 12" ou "Jugador nº 12", principal facção, um amante do futebol argentino relatou, curioso com a postura:
- Os caras às vezes nem veem o jogo. A festa está em primeiro lugar.
O grupo viajou de van e retornou para a capital paulista minutos depois da partida, para não perder o dia de estudo ou trabalho. Segundo Rodrigo Alcântara, fundador da "La 12 SP", não foi fácil convencer os argentinos - que carregam faixa com os dizeres "nunca fazemos amizades" - a autorizarem uma extensão de sua entidade. Na versão brasileira, destaca-se a força de vontade de Ana Helena, uma jovem senhora que perdeu a perna direita e, mesmo assim, não mede esforços para frequentar de cadeira de rodas os redutos xeneizes.
- Nem lembro quando comecei a gostar do Boca. Sei que é difícil ficar longe - comentou Ana.
Fã do Fluminense na torcida do Boca
Os assentos se tornaram meros adereços vermelhos, que destoavam das cores azul e amarelo. Eles gostam mesmo é de se pendurar e se equilibrar nas barras de proteção e subir uns nos ombros dos outros para exibir o orgulho e a grandeza de seu clube com a intensidade a mil. Exemplo disso é Juan Agustín Zaninovich, de 22 anos, que visitou a Cidade Maravilhosa pela primeira vez há dois anos e não foi mais embora. Sua paixão pelo Boca, suprimida pela distância, voltou à tona, aflorando os sentimentos nesta mágica noite.
do Flu (Foto: André Casado / Arquivo Pessoal)
Solitário, o torcedor, que planeja voltar à terra natal nas fase finais da competição continental, contou que sua entrada no Engenhão teve requintes de drama, já que chegou sem ingresso, como muitos conterrâneos, que vieram de todas as partes da Argentina:
- Comprei com um cambista, mas me disseram que era falso. Já não acreditava que entraria, até que insisti, fui para perto da porta e recebi um ingresso de uma das moças que, acho, trabalham na roleta. Deu certo. Chegando aqui, já fiz vários amigos (risos) - divertiu-se.
Na virada para a madrugada, já a caminho dos hotéis em Copacabana, que abrigaram grande parte dos xeneizes que não voltaram para casa logo após a classificação, muitos destoaram ao trocar a festa pela briga, entrando em confronto com um grupo de tricolores.
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