Vascaíno busca em Mauro Galvão e Dedé a inspiração para liderar sub-20

Tímido e 'pés no chão', zagueiro do Vasco começa a ganhar chances no profissional e conta com convivência com ídolos para chegar ao Sul-Americano

Por Marcelo Baltar Teresópolis, RJ

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A cara de menino contrasta com a fala séria e repleta de responsabilidade. Tímido, porém cheio de personalidade, Luan dá seus primeiros passos como profissional. Aos 19 anos, é a grande aposta para comandar, em um futuro próximo, a zaga do Vasco, clube que, de Bellini a Dedé, forneceu vários zagueiros para a Seleção. Nome frequente no time sub-20 da CBF, o capixaba, que está no clube desde os 13 anos, busca em São Januário a inspiração e o conhecimento para comandar o time canarinho no Sul-Americano da categoria, em janeiro, na Argentina.
- Posso falar que tenho dois ídolos. E os dois trabalham perto de mim. Um é o Mauro Galvão, que é coordenador da base do Vasco. O outro é o Dedé, que hoje é o melhor zagueiro em atividade no Brasil – elogiou Luan.
Elogios do Ídolo
Quis o destino que os caminhos de Luan e Mauro Galvão se cruzassem neste ano. Novo coordenador da base cruz-maltina, o ex-jogador passou a acompanhar de perto o menino com quem muitos comparam a ele. Com a autoridade de quem disputou mais de mil jogos na posição, o capitão do título da Libertadores de 1998 garante: Luan tem futuro.

Luan conquistou dois títulos com a sub-20 neste ano (Foto: Marcelo Baltar/Globoesporte.com)

- Acompanhava o Luan de fora. Agora, o conheci de perto. É um garoto. Parece tímido, mas não é tanto assim. Achei a cabeça dele muito boa. Não é deslumbrado. Quer chegar e está no caminho certo. Ele tem tudo para ser um dos zagueiros do Vasco na próxima temporada. Tem qualidade para isso. Ainda mais com a experiência que está pegando neste ano. O Marcelo Oliveira tem dado oportunidades. Isso é importante. É um processo. É importante também estar na seleção sub-20 para a disputa do Sul-Americano. Ele está ganhando confiança e bagagem, sem muito alarde. Sem a gente perceber, ele vai acontecer - disse Mauro Galvão.
Início difícil

Sou muito tímido. Sou mais na minha. Procuro ficar no meu canto, não falo muito. Nesse momento é até melhor ser assim. Ficar mais calado e mostrar dentro de campo"

Luan

A comparação com o ex-capitão do Vasco muito se dá pelo fato de Luan ser um zagueiro que prima pela técnica. Com 1,88m, conta que desde que chegou ao Vasco sempre teve essa característica e retribui os elogios do ídolo.
- O pessoal me compara muito a ele. Na primeira vez que o vi, o pessoal do Vasco brincou e pediu para eu beijar o pé dele (risos). Sou tímido, fiquei sem graça. Nunca o vi jogar. Assisti a vídeos e sei que ele jogou muito, é um ídolo da torcida do Vasco. Tenho que aproveitar essa convivência e aprender coisas para levar para o resto da minha carreira.
Filho de pais vascaínos, Luan, que tem contrato até 2015, é tido como uma joia na base do Vasco. No time de cima, no entanto, o início não tem sido fácil. Até o momento, foram quatro jogos. Logo em sua estreia como titular, contra o Bahia, em São Januário, o time carioca foi goleado por 4 a 0, em sua pior derrota no ano. Luan falhou em pelo menos dois gols e desabafou, logo após à partida, no Twitter:

- O pior dia da minha vida, peço desculpa a todos vascaínos – postou na rede social.
A má impressão inicial, no entanto, foi rapidamente desfeita. Em sua segunda partida como titular, contra o Figueirense, pela 27ª rodada, ele foi improvisado na lateral-direita e foi bem, marcando o gol que abriu caminho para a vitória do Vasco por 3 a 1. O gol (veja no vídeo ao lado) teve como consequência o aumento no assédio da imprensa e dos torcedores. Algo ainda complicado para o tímido Luan.
- Sou muito tímido. Sou mais na minha. Procuro ficar no meu canto, não falo muito. Nesse momento é até melhor ser assim. Ficar mais calado e mostrar dentro de campo. Depois que eu fiz o gol, dei entrevistas e pensei: ‘Não quero mais falar’. É difícil para mim lidar com a imprensa.

Luan (Foto: Arquivo Pessoal)

Se o início do profissional do Vasco tem sido de altos e baixo, com a amarelinha o ano tem sido proveitoso para Luan. Titular de Ney Franco, ex-técnico da sub-20, o zagueiro foi campeão do Torneio Oito Nações, na África do Sul, e do Quadrangular Internacional, na Argentina, marcando gol na final contra os donos da casa. Agora, a missão é convencer o novo comandante da equipe brasileira, Emerson Ávila,  e levá-lo para o Sul-Americano. E nem o fato de ser um dos atletas mais conhecidos do grupo que participou até a última quarta-feira de um período de treinos na Granja Comary – já que disputou alguns jogos do Campeonato Brasileiro – o coloca em vantagem na disputa, garante Luan.
- Isso não vai contar em nada. Tenho que chegar aqui e mostrar meu trabalho. Só isso. Mostrar para o Emerson Ávila que posso ajudar. Estou focado. Meus objetivos são esses: ir ao Sul-Americano e buscar o título.
A convocação final será para o Sul-Americano será no início de dezembro. O grupo se apresenta no dia 10 na Granja Comary para iniciar a preparação. O torneio, que será realizado nas cidades de San Juan E Mendoza, na Argentina, começa no dia 9 de janeiro.