Após trajetória dura, Cláudia Gadelha busca sonho: título mundial no MMA
Confirmada na disputa do cinturão peso-palha do Invicta, potiguar lembra lesão que quase encerrou sua carreira e de luta contra drogas na adolescência
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está invicta no MMA (Foto: Ana Hissa/SporTV.com)
Em 2010, Claudinha estava no Texas, treinando para a seletiva do ADCC (prestigioso torneio de luta agarrada). A lutadora tinha acabado de conquistar sua sexta vitória seguida no MMA e estava na expectativa para fechar contrato com um grande evento de lutas. Foi quando sofreu uma pancada na perna, durante um treino de muay thai, que quase encerrou sua carreira.
- A lesão afetou o sistema venoso e causava muitas dores e inchaço, não conseguia treinar. Foi uma fase delicada, porque cinco médicos me falaram para parar de treinar, que eu nunca mais ia conseguir voltar. Mas sofri muito para chegar até onde cheguei, não ia desistir, Até que fui orientada por um amigo para ir em um angiologista na Santa Casa em São Paulo e ele resolveu me operar. Depois de seis meses, estava treinando, e, um ano depois, fiz minha estreia internacional, com vitória. Só o fato de pisar no tatame de novo já me deixou muito feliz - conta Claudinha.
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Mesmo antes desse episódio, a vida nunca foi fácil para a lutadora. Claudinha sentia vontade de praticar artes marciais desde criança, mas os pais não a deixavam treinar por achar “que não era coisa para mulher”. Ela começou malhando escondido aos 14 anos, mas foi depois de assistir a um evento de MMA em Mossoró, sua cidade natal, que decidiu que queria a luta como profissão. Na ocasião, conheceu o mestre Jair Lourenço, da Kimura Nova União de Natal, que a convidou para um treino quando estivesse na capital.
- Tive uma adolescência muito conturbada, me envolvi com drogas e más amizades e meus pais foram obrigados a me levar a Natal para que eu ficasse longe de tudo que vinha fazendo. Por pura coincidência, meu pai alugou um apartamento em cima da sede da Kimura, lembrei do convite do Lourenço e corri lá. No mesmo dia, já fiz o primeiro treino e amei! Parecia que tirava um peso das minhas costas, eu não queria mais fumar, nem usar drogas, porque sabia que, no dia seguinte, ia precisar do meu condicionamento físico para treinar bem, e isso foi me afastando das coisas ruins. Com 15 dias de treino, participei da minha primeira competição e me consagrei campeã, amei a sensação e resolvi me dedicar mais. Depois disso, comecei a viajar para competir em todo canto e o esporte foi me ensinando como eu deveria lidar com a vida. Hoje sou uma pessoa completamente diferente, graças às artes marciais - lembra.
- Já estava na faculdade de Direito e, quando terminei o segundo período, meu pai me mandou o dinheiro para pagar o curso. Com ele, eu comprei a passagem e fui embora para o Rio. Só avisei para o meu pai, porque minha mãe jamais iria aceitar. Quando estava no avião, liguei para ela chorando, disse que estava indo em busca do sonho da minha vida e pedi para ela me abençoar. Ela me abençoou chorando e, a partir daí, começou uma nova jornada.
Na Nova União, Claudinha é uma das poucas mulheres que treinam diariamente com campeões do UFC como José Aldo e Renan Barão. Faixa-preta de jiu-jítsu, ela divide o tempo entre a preparação física, boxe, muay thai e o sparring. Seu talento é reconhecido pelos companheiros.
- A evolução dela é impressionante, a gente que acompanha de perto sabe o quanto ela é esforçada e dedicada. Ela chegou faixa-branca de jiu-jítsu e já está na preta, mas, quando começou a treinar MMA, se dedicou muito nas outras áreas para não ser uma lutadora unidimensional. Treinar aqui na Nova União faz com que a evolução seja mais rápida e estamos sempre dispostos a ajudar, não tem diferença por ela ser mulher, aqui somos todos atletas, independentemente de sexo. Tenho certeza que o caminho dela é de muitas vitórias – diz José Aldo.
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