Thiago Silva explica que atletas não podiam se envolver
em política, mas se comoveram, e Daniel Alves afirma: 'Somos o povo,
representamos o povo'
Por Alexandre Alliatti e Vicente Seda
Rio de Janeiro
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Embora os jogadores brasileiros tenham tentado durante toda a Copa das
Confederações manter uma certa distância do tom político dos protestos
que tomaram conta do país em junho, após o título conquistado com uma
vitória inconstestável sobre os atuais campeões do mundo no Maracanã o
discurso mudou. A política continuou de lado, mas a emoção de ouvir o
hino nacional cantado sílaba por sílaba até o fim, mesmo depois que a
melodia era encerrada - fato que se repetiu em todos os jogos do Brasil
na competição -, ou mesmo de observar as imagens e notícias do que
estava ocorrendo pelo país, mexeu com os jogadores da seleção
brasileira.
O capitão,
Thiago Silva,
reconheceu que a postura aparentemente distante dos jogadores em
relação aos protestos era uma necessidade que, não necessariamente,
refletia o que se passava internamente. A seleção entrou em campo
driblando a política, mas com o objetivo de dar alegria a um povo
descontente com a situação do país.
Thiago Silva e Daniel Alves destacam que protestos os motivaram (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)
- A gente sabia do momento que o Brasil estava vivendo neste mês e a
gente estava envolvido, mas não podíamos nos pronunciar e esquecer do
nosso objetivo que era a competição. Mas todos nós ficamos bastante
comovidos com o que aconteceu, todas as manifestações e o que falamos
entre nós é que a gente mostrasse dentro de campo, que deixássemos o
torcedor mais satisfeito de alguma forma. E foi importante ter a torcida
sempre ao nosso lado.
Daniel Alves: 'Representamos o povo' (Foto: AP)
Daniel Alves,
por sua vez, também mostrou que os jogadores da seleção não estavam
alheios ao que acontecia no país. E deixou claro que esse sentimento foi
levado para o gramado do Maracanã na final.
- Nosso povo precisava do nosso esforço, precisava que a gente
demonstrasse pra eles que eles teriam esse momento de alegria. Somos o
povo, representamos o povo.
Como já havia feito em entrevista antes da decisão da Copa das
Confederações, o atleta do Barcelona novamente criticou a postura de
parte da imprensa que, na sua opinião, não quer o bem da seleção.
- A gente não pede o apoio, a gente pede o respeito. O apoio a gente
pede do nosso público, como sempre falo, a seleção brasileira é de
todos. Quem se preocupa com a seleção tem de trazer coisas positivas.
Quem traz coisas negativas não representa a seleção brasileira. É igual a
galera que vai protestar e quer quebrar tudo, esses não representam o
povo brasileiro, não representam o povo que quer melhorar o país. Da
mesma forma que os que criticam a seleção brasileira não querem o bem da
seleção, querem o bem de si mesmos porque é a única forma de trabalhar
que eles têm. Mas tem de haver um mínimo de respeito.
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