Neto de Jules Rimet e saia justa diplomática: toda a história do sorteio
Orçado em R$ 20 milhões, evento começou em um pequeno escritório da entidade, no Uruguai. Em 1938, familiar do presidente da Fifa sorteou as bolinhas
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Além das comissões técnicas das 32 seleções, nomes como Pelé e Zidane estarão presentes. Os atores Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert serão os apresentadores. Outros artistas confirmados são os músicos brasileiros Margareth Menezes, Olodum e o rapper Emicida.
O evento é badalado e custou aos cofres da Fifa cerca de R$ 20 milhões. Mas nem sempre foi assim. Celebridades, artistas e personalidade do futebol são novidades recentes nos sorteios de Mundiais. O primeiro, por exemplo, aconteceu em 1930 em um escritório, em Montevidéu, a três dias do início da Copa. Não houve eliminatórias e apenas seleções convidadas participaram. Como algumas foram à América do Sul em navios, em viagens que duravam até três semanas, a organização decidiu esperar todas as delegações para realizar o sorteio. A ideia original era realizar um torneio mata-mata desde o início. No entanto, apenas 13 equipes desembarcaram no Uruguai, e a Fifa optou por formar grupos na primeira fase.
Com o sucesso da Copa do Mundo de 1930 no Uruguai, o mundo começou a ver o torneio com outros olhos, e o interesse cresceu assustadoramente. Consequentemente, pela primeira vez houve eliminatórias. Até mesmo a anfitriã Itália e o atual campeão Uruguai tiveram de conseguir vagas para ao Mundial em campo. O sorteio ocorreu no Hotel Ambasciatori, em Roma. Com 16 participantes, a Fifa conseguiu impor o sistema mata-mata, como pretendia quatro anos antes.
Em 1938, com 15 participantes, uma vez que a Áustria havia sido desconstituída como nação pouco antes da Segunda Guerra Mundial, e a Inglaterra recusou o convite, o sorteio ocorreu no famoso Salon d'Horloge do Ministério das Relações Exteriores em Paris. O neto do presidente do então presidente da Fifa, Jules Rimet, foi o responsável por escolher as bolinhas.
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Após
a guerra, a Copa do Mundo só voltou a ser realizada em 1950. O sistema
mata-mata desde o início foi deixado de lado, uma vez que algumas
seleções viajavam vários dias e, em alguns casos, disputavam apenas um
jogo. A Fifa, preocupada com as equipes europeias, voltou a utilizar a
fase de grupos. O sorteio aconteceu no Ministério de Relações Exteriores
do Rio de Janeiro. Em 1954, a curiosidade foi que a Fifa optou por dois cabeças de chave por grupo, o que gerou importantes clássicos do futebol ainda na primeira fase. Com a Copa do Mundo consolidada como grande competição do futebol mundial, o sorteio passou a ganhar ainda mais importância e teve, pela primeira vez status de evento comercial.
Para o Mundial da Suécia, em 1958, ele aconteceu em um estúdio de televisão de forma inédita. Não houve cabeças de chave, mas as seleções europeias ficaram em potes separados.
O modelo de sorteio em estúdios de televisão ou rádio seguiu até a Copa de 1986. Em 1990, na Itália, o evento já tinha tomado uma proporção muito grande e, pela primeira vez, ocorreu em clima de festa. No badalado Palácio do Esporte de Roma, a organização da Copa reuniu estrelas de todas as área. Nomes como Pelé, o tenor Luciano Pavarotti e a atriz Sophia Loren participaram da definição dos grupos, que foi comandada pelo então secretário-geral da entidade, Joseph Blatter, hoje presidente da Fifa.
Desde então, os sorteios de Copas do Mundo ganharam ares de mega-eventos. Na Copa de 1994, nos Estados Unidos, ele ocorreu em Las Vegas, para uma plateia de aproximadamente 4,5 mil pessoas.
Em 2006, com direito a show do badalado mágico holandês Hans Klok, o sorteio foi acompanhado por 300 milhões de pessoas, em 150 países, e ainda contou com assistentes de palco do calibre de Pelé, Lothar Matthäus, Roger Milla e Johan Cruyff.
Curiosidades
Alguns sorteios ficaram marcados por fatos inusitados. Questões políticas, algumas vezes, também vieram à tona. Na Copa de 1974, em meio à Guerra Fria, um jovem membro escolhido do coral de meninos de Schöneberger Sängerknabe sorteou, inocentemente, um duelo entre Alemanhas Ocidental e Oriental. Houve o temor de que a partida não acontecesse, devido ao rompimento entre as até então duas nações. A partida, no entanto, foi realizada normalmente e, surpreendentemente, o lado comunista venceu por 1 a 0 os donos da casa, em Hamburgo. No fim, porém, a Alemanha Ocidental foi quem ficou com o título mundial, após bater a Holanda na decisão.
Na Copa de 1998, na França, o sorteio colocou Estados Unidos e Irã, declarados inimigos políticos, lado a lado no mesmo grupo. O confronto gerou tensão, mas os atletas deram um show de civilidade e provaram que o esporte está acima de questões políticas. Antes da partida, as duas seleções trocaram flores no gramado.
Em 1982, na Espanha, a maior trapalhada da Fifa, que apostou em tambores eletrônicos para o sorteio. O evento foi realizado no Palácio do Congresso de Madri e acompanhado pela família real. A tecnologia não funcionou como deveria, e a Fifa teve que se desdobrar para não colocar as seleções sul-americanas nas mesmas chaves. Desde de então, nunca mais foram usadas máquinas.
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