'Faixa-preta' no surfe, Kelly Slater explica ligação com a família Gracie
Americano onze vezes campeão mundial revela que trocava aulas de jiu-jítsu por pranchas com Rickson, quando brasileiro morava na Califórnia (EUA)
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- Eu tenho a aprender com ele, ele comigo, e ele se dedica muito à luta. Treina bem, não dá moleza, gosta, chegou no Brasil e me ligou pedindo para treinar, então ficou muito fácil. Ele tem a capacidade atlética, o gás, alongamento, raciocínio rápido, entao é muito fácil. Traz as facilildades do surfe para o jiu-jítsu, então fica muito mais fácil - afirmou Arona.
Slater também fez questão de exaltar o talento de Arona com a prancha e disse que o brasileiro pode ser considerado um faixa-marrom de surfe.
- Ele é um excelente surfista (risos). Um faixa marrom. Tenho certeza que ele é melhor no surfe do que eu no jiu-jítsu - brincou, depois de ter revelado que costuma pedir para o presidente do UFC, Dana White, contratar Arona.
Início nas artes marciais
Na verdade, eu já curtia kickboxing e caratê quando eu era pequeno, com uns 8 ou 9 anos. Em Cocoa Beach, onde eu cresci, tinha um cara chamado Don "The Dragon" Wilson. Ele era campeão mundial de kickboxing. Meu irmão e eu fomos ao dojô dele e treinamos caratê por um tempo. Mas a gente surfava tanto que não deu continuidade. Sabe, quando você é criança quer aprender artes marciais. A gente via os filmes e tal... Sempre fui apaixonado por artes marciais, mas só fui descobrir o jiu-jítsu quando vim ao Brasil no começo da década de 90. Vim pela primeira vez em 1992. Um grupo de seguranças no nosso evento fez uma demonstração para nós. Foi o meu primeiro contato com o jiu-jítsu. Mais tarde fiz amizade com os Gracie, com o Rickson. Também conheci o Royce, Royler e o Kron. Na verdade, eu já conheço boa parte da família.
Todos eles surfam?
Sim. Conheci o Rickson pelo surfe mesmo. Porque ele morou na Califórnia por um bom tempo, e eu encontrava ele em Rincon e outros lugares. A gente começou a se falar. Eu e o meu amigo Travis, que veio comigo, nós meio que patrocinamos o Rickson, providenciando pranchas. Ele encomendava pranchas personalizadas. Então a gente sugeriu: "Nos dê umas aulas de vez em quando, e a gente descola umas pranchas para você". Aí eu conheci o Arona através do patrocinador e graças aos meus amigos fui conhecendo muita gente.
Semelhanças entre surfe e artes marciais
Quando eu penso nisso, eu me refiro aos níveis do que se aprende. Primeiro você precisa aprender o básico para ser mais dinâmico depois. Além disso, tem as técnicas, a forma como se usa o corpo. No surge, a ideia é ser o mais eficiente possível. Li bastante sobre o Bruce Lee ao longo dos anos, e a filosofia dele tem muito a ver com qualquer atividade física, mas também atividade mental ou emocional. Tudo funciona em conjunto. Enfim, a ideia é fazer o movimento mais eficiente possível. Não precisa fazer coisas demais. Só tem que executar bem o que fizer. Quando a técnica está correta, o resultado é melhor.
Lutador favorito no MMA
Tenho vários favoritos. O Arona é um, e eu adoraria vê-lo lutando de novo. Eu já encho o saco dele com isso há anos. "Vá para o UFC!" (risos). Sempre que encontro o Dana White, eu digo: "Chame o Arona para lutar!". Relembrando o que o Royce fez nos primórdios, eu queria que o Rickson tivesse tido a chance de lutar no UFC, ou tivesse escolhido isso. Enfim, eu tenho muitos favoritos. Adoro o estilo do Lyoto. A trocação e os contragolpes dele são inacreditáveis. Resta falar alguma coisa sobre o Anderson? Dá para falar o que quiser. Ele é bizarro. A minha declaração favorita dele foi depois da vitória contra o Stephan Bonnar. Ele disse: "Acredito que eu sou capaz de fazer o que muitos consideram impossível". Isso é uma grande mensagem para toda a humanidade, de maneira geral. Enfim, eu conheço muitos deles e sempre adorei acompanhar as lutas do Vitor. Quando vim aqui nos anos 90 e vi a luta dele contra Wanderlei, ele tinha só 18 anos e era o novato. Conheci-o naquela época. Fomos jantar em uma churrascaria, e eu fiquei impressionado. "O cara é enorme". No momento, eu diria que o Jon Jones é o melhor lutador do mundo. Não sei de onde ele tirou essa capacidade. Ele conhece todas as fraquezas de todos os adversários e se iguala a eles em seus pontos fortes. Sem falar que ele continua melhorando. Ele tem o biotipo certo, e o peso dele se encaixa naquela categoria, onde ele não precisa encarar os caras gigantes. Apesar disso, eu acho que ele é capaz de ganhar qualquer peso-pesado. Acho que nunca saberemos.
Sei lá. Eu adoraria ser o Jon Jones do surfe. Dá a impressão que ninguém vai ganhar dele tão cedo, mas quando o Vitor pegou o braço dele, eu fiquei gritando para a TV: "Quebra o braço dele!". Enfim, eu amo o esporte, sou fã e adoro assistir. Gosto de conhecer o pessoal. Virei amigo de muitos deles ao longo dos anos, como o BJ Penn, por exemplo. A gente manda mensagens de vez em quando e conversamos sobre as lutas. Para mim, isso é muito legal porque eu sou fã deles. É bom ter acesso aos bastidores para entender a história real. Poucas horas depois de o Vitor perder para o Jon Jones, eu falei com ele no telefone, e ele me disse: "Ouvi o braço dele estalando". Eu acho muito interessante poder surfar contra os melhores do mundo há tanto tempo, mas também ter a perspectiva e ser fã de outro esporte. Adoro isso.
Como conheceu o Arona?
A primeira vez que o vi lutar na TV. Eu estava contando para ele que a primeira que te vi lutar acho que foi em 2005. Eu estava vendo o Pride na televisão. Na verdade, eu estava assistindo com brasileiros em Nova York e eu perguntei: "Quem é esse cara? Ele é incrível!".Você conheceu o Jeremy pouco depois. Foi assim que nos conhecemos, através do Jeremy. Esse cara é fantástico.
Ele é bom surfista?
Não. Ele é um excelente surfista (risos). Ele é um faixa marrom.
Arona é melhor no surfe do que você no jiu-jítsu?
Tenho certeza que sim (risos)
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