Werdum confirma luta com Travis Browne; duelo deve ser em março

Lutador brasileiro garante que não vai fugir da trocação contra o peso-pesado americano: 'Uma hora a gente vai se encontrar no clinche'

Por Evelyn Rodrigues Las Vegas

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Número dois no ranking dos pesos-pesados do UFC, Fabricio Werdum tinha conquistado a chance de disputar o título da divisão ao vencer Rodrigo Minotauro no duelo de treinadores do TUF Brasil 2, em junho de 2013. Mas o brasileiro foi pego de surpresa com a notícia de que Cain Velásquez ficaria pelo menos nove meses fora de circuito por conta de uma cirurgia no ombro, que aconteceu em dezembro passado. Inicialmente determinado a esperar pela recuperação do campeão, Werdum acabou cedendo à pressão do chefe, Dana White, que afirmou que não estava interessado em vê-lo parado, e agora enfrenta Travis Browne, em duelo que deve acontecer em março:

Werdum aceitou enfrentar Travis Browne e luta deve ser a principal de evento em março (Foto: Divulgação/UFC)

- Eu pensei bem depois daquela conversa com o Dana,  falei com o Rafael Cordeiro e a gente achou melhor mesmo lutar. O Cain vai demorar muito para voltar e eu acho que é muito tempo para ficar esperando. Eu já fiquei um tempo sem lutar por conta do TUF Brasil, que eu fiz com o Minotauro, então eu acho que a melhor coisa é voltar a lutar. Ainda não tem nada assinado, mas está praticamente fechado que essa luta contra o Browne vai acontecer.  E aceitei porque o Dana tem razão. Imagina só, um ano depois os fãs vão dizer: ”Pô, mas por que o Werdum vai lutar pelo cinturão se ele nem está mais aparecendo? Faz muito tempo que não aparece.” Então quem não é visto não é lembrado, né? - declarou, em entrevista ao Combate.com.
O brasileiro também revelou que ficou chateado com a pressão da organização para que ele não esperasse pela recuperação de Velásquez, mas garante que são “águas passadas” e que já está motivado para o confronto contra Browne:
- Eu fiquei chateado, mas mais pelo fato de ter ficado tanto tempo sem lutar esperando pela oportunidade de disputar o cinturão, que foi algo que eu conquistei, mas agora já estou motivado.  Eu gostei porque o UFC está me dando uma moral, pois vai ser a luta principal de um dos eventos. Ainda não sei qual vai ser, mas vai ser a luta principal, serão cinco rounds. Isso já me motivou bastante. Eu acho que o duelo contra o Browne vai ser em março, o que já daria um bom tempo, mas estava esperando pelo Cain porque não sabia que ele ia fazer a cirurgia. Se eu soubesse, eu já teria lutado antes.

Werdum (esq.) não luta desde junho de 2012, quando
finalizou Minotauro (Foto: Getty Images)

Bem-humorado, Werdum ainda contou como foi a conversa com o patrão, que aconteceu na sede do UFC em Las Vegas, no mês passado:
- A primeira coisa que o Dana perguntou para mim naquela reunião foi: “Werdum você está rico?”  e eu respondi: “Rico? Não, como assim?” e ele: “Você está há tanto tempo sem lutar, você deve estar rico!" (risos). Então eu expliquei que queria o cinturão porque ele (Dana) disse que ia me dar a oportunidade, e daí nós rimos. Mas pensando bem, eu sei que é muito tempo para esperar e eu vou mostrar mais uma vez que mereço o título, vou vencer o Travis Browne e carimbar de novo meu passaporte para disputar o cinturão - completou.
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Quanto ao novo adversário, que vem de três vitórias seguidas, contra Josh Barnett, Alistair Overeem e Gabriel Napão, que incluíram o bônus de “Nocaute da Noite” nas três oportunidades, Werdum acredita que é um oponente à altura. O brasileiro elogiou os pontos fortes de Browne, atual número três no ranking da divisão:

Browne nocauteou Josh Barnett com cotoveladas
na cabeça no UFC 168 (Foto: Getty Images)

- A última luta dele foi muito boa. Travis foi muito bem e o Barnett foi muito mal, porque foi desesperado, parecia um iniciante. Como um cara do calibre do Barnett, que é experiente e tudo, vai botar para baixo que nem um desesperado? Ele foi querer botar para baixo muito rápido e aí o Travis Browne foi mais experiente, deu uma joelhada, e foi a joelhada que nocauteou o Barnett. Então o Travis só completou com as cotoveladas. A joelhada foi muito forte, chegou a abrir um corte bem grande. O Travis está numa fase boa na carreira, está vindo de nocautes bons, está até famoso pelas cotoveladas, está todo mundo falando disso. Mas ele não me surpreende porque eu não vou botar ele para baixo igual um desesperado. Eu confio na minha parte em pé, eu treino com o melhor técnico do mundo, que é o Rafael Cordeiro, então nós já estamos treinando a estratégia, traçando o plano de jogo. Por enquanto a aula ainda é em grupo, mas eu vejo que o Rafael já dá uma atenção especial nas combinações para mim. Eu vejo que ele já está incluindo uns movimentos justamente para a luta contra o Travis Browne. Estamos fazendo tudo certinho, assistindo às lutas dele, com certeza é um cara que está vindo muito bem, principalmente na parte em pé, não mostrou muito no chão porque ninguém o desafiou muito nessa parte, mas eu não tenho esse receio de trocar com ele em pé. Eu vou lutar com ele em pé e eu tenho certeza que o clinche vai acontecer em algum momento.
Werdum também contou que já está focando na preparação para o duelo e que vai fazer o camp em Los Angeles, na Kings MMA e na Cobrinha BJJ:
- Eu sei que sou um lutador bem completo, minha especialidade é no chão, estou treinando com o Cobrinha (Rubens "Cobrinha" Charles, que foi oito vezes campeão mundial de jiu-jítsu), acabei de sair de lá. Hoje eu treinei cinco horas com ele. Treinei das 8h às 10h da manhã a preparação física e depois do meio-dia até às 15h eu treinei jiu-jítsu de quimono. E na semana que vem já começo também as aulas particulares, então eu estou bem confiante. Também vou manter o treinamento com o Rafael Cordeiro,  junto com o Lyoto Machida, Rafael dos Anjos, Renato Babalu e uma galera lá também. Agora, com tempo, eu vou conseguir contratar os sparrings certos, uns caras um pouco mais altos do que eu e mais de trocação, mas não vou fugir nenhum momento da parte em pé. Eu sei que ele é perigoso naquela parte da grade, onde ele se apoia bem para colocar o cotovelo. Não é uma característica minha botar para baixo com o double leg, mas eu posso fazer de outra maneira, cinturando, clinchando no pescoço, tem várias maneiras. Eu sei que vai acontecer essa parte do chão e eu sei que a gente vai se encontrar no clinche. Estou mais confiante do que nunca porque eu quero essa chance ao cinturão mais do que tudo e eu sei que ela vai ser minha - finalizou