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Passado o susto, Diego Souza projeta carreira na Ucrânia: 'Gosto do país'
Meia do Metalist convive com incerteza na liga nacional e revela tensão no início do ano com crise nas ruas: 'Saber de pessoas mortas e machucadas assustava a gente'
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Há nove meses no Metalist
Kharkiv, o meia brasileiro Diego Souza tem acompanhado de perto
a incerteza quanto ao futuro político da
Ucrânia. O jogador conta que onde vive atualmente, em Carcóvia, segunda
maior cidade do país, a onda de manifestações cessou. Adaptado ao
estilo de vida local, relembra o clima de tensão vivido no
início do ano, mas diz que o conflito não o impediu de manter sua rotina.- A gente se assustava com o que via na televisão. O povo estava bem revoltado. Saber de pessoas mortas e machucadas assustava a gente. Aqui na cidade em que eu moro, as manifestações aconteciam nos fins de semana e à noite, mas nós nunca deixamos de fazer nada - afirmou Diego Souza em entrevista por telefone.
Depois de uma paralisação que chegou a durar duas semanas no início de
março, a liga nacional de futebol voltou a ser disputada no último dia 15, na sequência da
tradicional interrupção de inverno no país. Mas sofre com
alterações na tabela, já que algumas partidas envolvem times da
região da Crimeia, atualmente ocupada por tropas russas. No
entanto, a antecipação das eleições presidenciais para o dia 25 de maio
parece
ter acalmado os ânimos.
Com dois jogos a menos que as
outras equipes, o Metalist ocupa a quarta posição no Campeonato Ucraniano. O
time de Diego Souza enfrenta o líder Shakthar Donetsk, recheado de brasileiros, neste domingo. A
missão é diminuir a diferença de sete pontos na classificação para tentar a conquista
do título, já que o clube foi eliminado da Copa da Ucrânia na última
quarta-feira ao perder por 3 a 2 para o Dínamo de Kiev.
Escalado como segundo volante no time, Diego
convive com outros sete jogadores brasileiros no Metalist, além do preparador físico
Michel Huff. E, se a turbulência que tomou conta do país assustava, o clube servia como um porto seguro.- É um clube que dá bastante assistência para a gente. Por enquanto, eu estou tranquilo aqui. Tem sido bem legal. A equipe tem uma estrutura muito boa. O clube me trata bem e cuida dos jogadores. O Metalist faz com que os atletas fiquem felizes - afirmou Diego Souza.
Diego conta que a paixão da
torcida ucraniana é grande. Os jogadores costumam ser assediados na rua com pedidos de
fotos e autógrafos. Só que o comportamento dentro dos estádios “é mais
tranquilo”.
Sem jogar uma partida oficial desde o dia
4 de dezembro, por causa de uma suspensão que o impediu de entrar em
campo no reinício do campeonato após o inverno, o meia aproveitou para
desmentir insinuações de que estaria querendo voltar para o Brasil. Tudo
começou quando o Ucraniano foi paralisado, e ele decidiu ir ao país
natal. Ele explica que a viagem tinha dois objetivos: encontrar a
família,
que ficou longe do território ucraniano por precaução, e realizar um
tratamento médico na coxa.
- Surgiu um boato de
que eu estava fugindo da guerra, mas não foi nada disso. Disseram que eu queria
rescindir o contrato amigavelmente com o Metalist e voltar para o Brasil. Não
houve nada disso. Gosto bastante daqui do país – disse
Diego, que tem contrato até 2017.
CARINHO EQUILIBRADO
Com passagens por Fluminense, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Atlético-MG, Vasco e Cruzeiro, o meia aproveitou o tempo no Brasil para assistir ao empate em 1 a 1 do time de São Januário com o Bonsucesso, pelo Campeonato Carioca. Mas isso não significa predileção pelo clube cruzmaltino. Aliás, Diego conta que acompanha o futebol brasileiro mesmo morando no leste europeu.
- Joguei em grandes equipes no
Brasil e em todas vivi bons momentos. Tive isso no Palmeiras, no Vasco... Em casa eu
acompanho tudo, mas só vejo nos fins de semana, por causa do fuso. Às
quartas-feiras fica difícil para assistir (risos). E eu torço, sem dúvida. Por
onde eu passei, sempre fui querido. Trabalhei com pessoas que eu gosto e que gostam de mim. Assim, acabo torcendo por elas.
LÍNGUA TRAVADA
A principal barreira mesmo tem sido o idioma. O país possui um número grande de imigrantes russos, mas, para o jogador brasileiro, o ucraniano é tão complicado quanto a língua de Vadlimir Putin. Nos compromissos com o Metalist, um tradutor ajuda, e na vida particular, um amigo muito especial dá uma força.
- Ah, tem o Edmar (apoiador
brasileiro naturalizado ucraniano). A gente vai arranhando, vai se virando, mas
quando tem alguma coisa séria para resolver, a gente liga para ele, que
sempre ajuda bastante - afirmou.
Cercado por amigos brasileiros, a sensação de estar longe de casa nem parece tão grande assim. Diego é otimista quanto
ao destino do país onde joga. Tudo para que a única adversidade a ser enfrentada seja
a climática, já que as temperaturas têm sido bem baixas. Só que, ao menos nos
dias de folga, isso não chega a ser um problema.
- Eu tomo um bom vinho – revela com timidez, ao fim da conversa.
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