'Musa' no muay thai, brasileira viaja em busca do terceiro título mundial
Tainara Lisboa embarcou na última segunda-feira, rumo à Tailândia, onde luta por mais um cinturão. Santista fala sobre a trajetória no esporte e da vida em família
"Amor à
primeira vista". É assim que a campeã mundial de muay thai, Tainara
Lisboa, de 23 anos, define sua identificação com o esporte em que a atleta da Thai
Center/Fundação Pró-Esporte de Santos (Fupes) é a número um do planeta. Na última
segunda-feira, a santista embarcou para a Tailândia atrás do terceiro título
mundial, de 23 a 26 deste mês.
- Meus
dois títulos mundiais foram conquistados na Tailândia, o primeiro em 2009, e o
segundo no ano passado. Agora luto pelo cinturão do WBC (Conselho Mundial de Muay Thai) A preparação está a
todo vapor. A diferença de fuso
horário é enorme, e por conta disso, viajamos mais cedo. Não conheço a minha
oponente, mas eu estou preparada para enfrentar seja quem for - afirma.
No esporte desde os 13 anos, Tainara preferiu não seguir os passos do pai, triatleta. Ela queria lutar.
- Comentei
com meu pai que gostaria de fazer um esporte focado em lutas. Ele
me levou para conhecer a Thai Center (academia onde treina), e passei a acompanhar os
treinos. Quando vi o Sandro (treinador) e aqueles
marmanjos "chorando" no limite, pensei: 'Preciso passar por isso e sentir essa
sensação' - conta.
O começo não foi fácil. Única garota a
treinar na academia na época, Tainara sofreu preconceito tanto dentro como fora dos
ringues. As adversidades, porém, ajudaram-na a crescer no esporte.
saiba mais
-
No
começo, não só eu como o meu treinador sofremos preconceitos. Muitos
questionavam por que ele treinava uma mulher e onde isso ia dar. Ele
absorveu essas criticas, transformou em trabalho. E o resultado esta aí.
Sou duas vezes campeã mundial. Dou
palestras sobre muay thai para muitas mulheres no estado de São Paulo.
Estou orgulhosa não só pelas minhas conquistas no ringue, mas por
saber que abri portas para outras mulheres - lembra.
Por
conta das viagens e do número grande de compromissos, Tainara não pôde
dar sequência aos estudos. Mas ela não se arrepende e valoriza o
conhecimento que adquiriu no muay thai.
- Entendo que o esporte é a minha faculdade, vivo intensamente para
ele. A modalidade teve uma boa evolução de um ano para cá. Muitos competidores
e donos de academias brigam para o esporte ser divulgado e
praticado da maneira correta - diz, destacando Santos como uma das forças do muay thai no Brasil.
- As pessoas estão buscando muito as academias de muay thai, principalmente, em
Santos, que hoje em dia pode ser considerada a Bangkok do Brasil. A cidade é
uma das pioneiras em abrir o canal para os atletas conhecerem o berço do
esporte, a Tailândia. Muitos lutadores da região têm viajado para lá - conta.
VAIDADE
Tainara não esconde que fora dos períodos de treinos e lutas, é bastante vaidosa. Mesmo em meio às lutas, a santista garante: sempre há tempo para cuidar do visual.
- Acho que a mulher sempre carrega uma escovinha
na bolsa, uma xuxinha colorida, blusinha rosa, entre outras coisas. Nós
(mulheres) sempre levamos algo para deixar o ambiente mais feminino, pois a
presença feminina é cada vez mais constante nos campeonatos - conta.
-
É óbvio que na
hora de treinar e lutar as coisas devem ser levadas à sério, mas,
depois, eu passo no salão para cuidar da beleza (risos) - completa.
Apesar da
beleza, Tainara é solteira. Ela diz que o fato de lutar muay thai não espanta
os possíveis pretendentes, mas admite: traz responsabilidades aos que desejam concorrer por seu coração.- Acho que existe um certo respeito, até mesmo pela minha postura séria, mas depois que me conhece de verdade, acaba enxergando uma pessoa meiga e carinhosa. É claro que não pode bobear, porque aí é problema (risos).
UFC À VISTA?
Com dois títulos mundiais e uma carreira consolidada no muay thai, Tainara já estuda até mudar para o MMA. Tanto que um eventual confronto com a campeã do UFC, Ronda Rousey, que está em sua categoria, deixa a santista animada.
- Eu e
meu treinador já conversamos sobre isso (mudar para o MMA). No momento
esse não é o foco. Um confronto contra a Ronda seria muito
interessante, mas não é simples como parece. A parte em pé para o MMA é
muito diferente do muay thai, fora que teria que aprender a lutar no
solo, mas
seria muito bom colocar duas campeãs mundiais frente a frente. Uma
grande luta. Mas, quem sabe no futuro? - conclui.
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