Após entrar com hino do Brasil, Sapo vence Camozzi por decisão dividida
Resultado gera controvérsia após luta equilibrada. Chas
Skelly bate recorde da "era Zuffa" com segunda vitória em 13 lutas e
Chris Beal segue invicto
Por Combate.com
Mashantucket, EUA
Precisando da vitória após duas derrotas consecutivas, Rafael "Sapo"
Natal entrou no octógono nesta sexta-feira ao som do Hino Nacional
Brasileiro, como se fosse jogo de Copa do Mundo. Deu certo, e o lutador
mineiro conseguiu um triunfo tão dramático quanto o que a seleção
brasileira conquistou contra o Chile no Mineirão, nas oitavas de final
do torneio deste ano: foi anunciado vencedor por decisão dividida
(29-28, 28-29 e 29-28) contra o americano Chris Camozzi no card
preliminar do "UFC: Jacaré x Mousasi", em Mashantucket (EUA). A luta foi
equilibrada e o resultado não agradou a todos os torcedores presentes à
arena, mas o peso-médio brasileiro, muito emocionado com o triunfo,
explicou porque venceu o segundo round, que foi o decisivo do confronto.
- Ele finalizou forte, ele golpeou forte no segundo round, mas não
causou nenhum dano. Desculpem, caras, mas eu venci - disse Sapo na
entrevista pós-luta, ainda no octógono.
Rafael Natal chora ao ser anunciado vencedor por decisão dividida em Mashantucket (Foto: Getty Images)
Natal começou a luta jogando muitos chutes baixos, mas Camozzi
respondeu na mesma moeda e acertou bons golpes na trocação. O
brasileiro, porém, acertou um bom gancho no corpo e outro direto no
rosto. Suas duas primeiras tentativas de queda foram rechaçadas pelo
americano, mas ele deixou um cruzado de esquerda ao sair do clinche. Com
pouco mais de 1m30s restando no primeiro round, Sapo enfim conseguiu
quedar o americano. Ele o manteve no solo por pouco tempo, mas dominou a
luta agarrada no restante do período.
Natal começou o segundo round mais ligado e acertou bons chutes baixos.
Após não ter sucesso na primeira tentativa de queda, o mineiro derrubou
na metade do assalto, mas, novamente, não manteve Camozzi preso no
chão. O americano rejeitou outras duas entradas do brasileiro e acertou
bons golpes no clinche. Ele terminou o período com um chute alto na
orelha de Sapo, mas o golpe não entrou em cheio.
Sapo acerta um direto de direita em Camozzi no
primeiro round (Foto: Getty Images)
A luta seguiu equilibrada no terceiro e último round. Sapo começou
chutando baixo, mas Camozzi respondeu com ainda mais força. O americano
se esquivava bem dos golpes de Natal em pé e conectou bons jabs e
diretos. O brasileiro parecia não ter mais gás e explosão para conseguir
a queda. Camozzi dominou o combate no clinche, acertou bom chute nas
costelas e, após rechaçar mais uma derrubada, esteve próximo do nocaute
técnico com um upper e uma série de golpes retos. Os dois terminaram em
trocação franca e Camozzi ainda arriscou uma joelhada voadora e um
cruzado no soar do gongo. Não foi o suficiente, porém, para garantir sua
vitória.
- Uma vitória é uma vitória. Achei que venci o primeiro e segundo
round, mas eu cansei no terceiro round. Havia muita pressão sobre nós
dois. Eu tinha muita pressão sobre mim, porque vinha de duas derrotas, e
não podia perder de novo. Eu botei tudo o que eu tinha lá dentro, e
quando você tem esse tipo de pressão, isso te deixa cansado, porque você
deu tudo. Achei que venci o primeiro e segundo (rounds), e fiz o
bastante para vencer - analisou Sapo nos vestiários.
Camozzi, no entanto, não se convenceu.
- Estão dizendo que ele venceu os dois primeiros rounds, como? Mesmo se
você der o primeiro (round) para ele, como você dá o segundo a ele?
Isso não é nem possível - reclamou o americano.
Matsuda luta bem, mas Beal vence e segue invicto
Escalado para substituir o lesionado Dustin Kimura de última hora, o
japonês Tateki Matsuda fez boa luta e quase surpreendeu, mas o americano
Chris Beal manteve sua invencibilidade no MMA com uma vitória por
decisão unânime. (29-28, 30-27 e 29-28). Estreante no UFC, Matsuda não
se intimidou com o invicto Beal e foi para cima com chutes na perna e
ganchos. Porém, mais preparado, o americano logo o derrubou, acertou
cotoveladas que abriram um corte no supercílio esquerdo e atacou um
kata-gatame no solo. O japonês raspou e Beal ameaçou uma guilhotina, mas
Matsuda se livrou e passou a atacar com cotoveladas. O americano saiu
de baixo, se levantou e acertou uma bomba de direita, mas seu adversário
cresceu durante o primeiro round, acertando chutes baixos que começaram
a desgastar a perna esquerda de Beal.
Chris Beal acerta golpe em Tateki Matsuda: luta equilibrada (Foto: Getty Images)
Matsuda seguiu apostando nos chutes baixos no segundo round e Beal já
não tinha a mesma explosão para soltar seus socos. Uma tentativa de
queda do americano foi facilmente defendida. O japonês passou a trocar a
base e acertar chutes também nas costelas. O round estava nas mãos
dele, mas ao quedar Beal, ele acabou caindo por baixo e o americano
aproveitou: obteve a montada e desferiu mais cotoveladas no rosto. No
terceiro round, Beal voltou a levar o duelo para o solo, montou sobre
Matsuda e voltou a atacar no ground and pound. O japonês ainda remontou a
guarda, mas seguiu dominado na luta agarrada pelo restante da luta.
Skelly bate recorde na "era Zuffa"
O texano Chas Skelly, do Team Takedown, bateu um novo recorde de
vitórias consecutivas em menor espaço de tempo na "era Zuffa" do UFC:
venceu sua segunda luta em 13 dias, ao derrotar Sean Soriano por decisão
unânime (triplo 30-27) na abertura do card preliminar. Lutando pela
segunda vez em duas semanas, Skelly não quis dar chance para que o
desgaste fosse um fator e partiu rapidamente para cima de Soriano,
buscando a luta agarrada e a definição. Ele pegou as costas do
adversário em instantes e, com exceção de um breve instante em que
Soriano conseguiu tirá-lo das costas e ficar por cima, dominou
amplamente o primeiro round. Nos dois minutos finais, ele fechou o
triângulo na linha da cintura e tentou fechar o mata-leão "na marra",
mas não obteve o ajuste ideal.
Chas Skelly dominou Sean Soriano na luta agarrada: duas vitórias em 13 dias (Foto: Getty Images)
No segundo round, Skelly já respirava pesado e mostrava cansaço, mas
mesmo assim conseguiu levar a luta ao solo - após acertar um golpe
inadvertido abaixo da linha de cintura - e pegar as costas do oponente
de novo. Ele teve mais tempo nas costas e chegou a encaixar o mata-leão,
mas Soriano se defendeu bem. Em desvantagem, o atleta da Blackzilians
foi para cima na trocação no último round, mas Skelly logo fechou a
distância e quedou o adversário. Soriano conseguiu se livrar e ficar por
cima, mas o texano do Team Takedown seguiu sendo mais agressivo,
atacando chaves de braço e de calcanhar. Ele ainda raspou e obteve a
montada, e terminou a luta por cima. Com as mãos nos joelhos, Skelly
ouviu a decisão dos juízes anunciada por Bruce Buffer e, exausto, sentou
numa das cadeiras VIP do evento ao descer do octógono.
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