Joel confirma estreia na terça e critica 5 a 0 em casa: "Como é que pode?"
Após aceitar proposta, treinador se dirige ao torcedor e clama por união e respeito à camisa do clube em meio à crise. Diretoria, porém, ainda evita oficializar contratação
- Quero deixar uma coisa bem clara: falar diretamente com o torcedor, que é nosso amigo, companheiro e que nunca nos deixou na mão. Sem o torcedor, não sou nada, nem ninguém. Estou comprando essa situação junto ao torcedor, de defender a camisa, ir para São Januário colocar nosso caldeirão, que nem sempre colocamos. Não podemos passar esse tipo de vergonha e não vamos passar mais. Não tem mais como, chegou ao limite. Não tem muita conversa, muito papo. Vou trabalhar no que posso fazer e espero que o torcedor do Vasco nos apoie - afirmou.
Apesar do tom do discurso, a diretoria, por outro lado, ainda evita o assunto e pede mais tempo para anunciá-lo através de seu site oficial. O presidente Roberto Dinamite, por volta das 16h, tratou a negociação com "90% fechada" mesmo com o acordo selado verbalmente. E o diretor executivo Rodrigo Caetano disse que "irá se manifestar após definir todos os detalhes". Pequenas condições financeiras fizeram com que as partes estendessem a cautela.
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Joel
garante que vinha acompanhando as partidas, crê que o elenco tem
qualidade e aproveitou para criticar o vexame de sábado passado, quando o
time caiu por 5 a 0 para o Avaí, em casa. Nos últimos cinco jogos,
foram dois empates e três derrotas, com direito à eliminação da Copa do
Brasil para o ABC, nas oitavas de final. Na Série B, de vice-líder caiu
para o quinto lugar. O duelo com o América-MG, neste sábado, é direto
pelo G-4 e terá o interino Jorge Luiz no banco. - Estou animado porque temos condições. Não aceitaria uma situação dessas se não tivesse confiança. Se a torcida rezar do nosso lado, vamos sair dessa, não tem como. Já saí de coisas piores. E vamos sair dessa maratona, dessa guerra, vou arrumar um nome (para classificar essa situação). Não tem como o Vasco conviver com isso. É o Vasco. Porra, como é que pode? Não podemos aceitar isso. Vamos trabalhar e fazer o que tem que ser feito. Dentro do Vasco, não perdíamos nunca e agora estamos perdendo? O que é isso, rapaz? Agora, chega lá e os caras dão de cinco... Que pomba, para não falar outra coisa, é essa? O torcedor tem que entender que vamos rezar na mesma cartilha. Vamos lutar para cacete e vamos ganhar - disse, inflamado.
O retorno à elite apenas não satisfaz o técnico, de 65 anos. Ele avisou que já disse a Dinamite que qualquer resultado que não seja o título da Série B está abaixo da perspectiva. E se dirigiu aos jogadores que lideram o vestiário para estar junto com a nova comissão.
- Nós, hoje, temos que chegar para esses jogadores consagrados do elenco e dizer: Vocês estão vestindo o manto do Vasco e mostrar a história do clube. Tivemos Vavá, Roberto, Edmundo... Os maiores artilheiros do futebol carioca e do mundo. O Vasco é o Vasco. O Vasco tem história, é conhecido no mundo inteiro. O Vasco vai sair dessa. Conto com esses jogadores. Se eles acharem que não vale a pena, têm que me falar. São jogadores cascudos. Quero ser campeão do que for. Como vou me contentar em só me classificar? Eu falei para o Roberto: estamos aqui para tirar o Vasco dessa situação e fazer o Vasco campeão. Não podemos ficar mais nisso.
A possibilidade de Felipe, ídolo do clube, se tornar auxiliar existe, segundo Joel Santana. A princípio, porém, devem chegar Marcelo Salles e o preparador físico Ronaldo Torres.
Resistência, amizade e dívida
A negociação, iniciada na terça-feira, foi conduzida diretamente por Roberto Dinamite. Joel treinou o amigo numa de suas passagens pelo clube e tem boa relação com o presidente do Vasco, que está em fim de mandato – enquanto a Justiça não julgar a liminar que o mantém no poder, ele segue presidente até as eleições de 11 de novembro.
Houve grande resistência interna ao nome de Joel, mas Dinamite resolveu se impor em uma de suas últimas decisões em São Januário. A escassez do mercado e a impossibilidade de acerto com as alternativas preferenciais - como no caso de Juninho e Oswaldo de Oliveira - abriram caminho para o acerto do veterano treinador. O primeiro contato havia sido feito logo após o pedido de demissão de Adilson. Joel, depois, esperou outra ligação e se irritou com a aproximação do acerto do Vasco com Enderson Moreira, que acabou não se concretizando.
Recentemente, Joel recebeu cerca de R$ 800 mil do clube. O valor é referente a um débito da última passagem pelo clube. O Vasco assinou confissão de dívida que serviu de instrumento para ação do técnico contra o clube em 2010. No início, o débito total era de R$ 840 mil. Com a outra passagem – Joel treinou o Vasco em 2000 e depois voltou em 2004 –, após pagamentos de algumas parcelas, a dívida chegou a quase R$ 900 mil. O clube, na gestão de Dinamite, pôs em dúvida a prova do treinador, baseada em confissão de dívida assinada pela diretoria do ex-presidente Eurico Miranda. Mas assim como no caso de Romário, que ainda tem a receber do Vasco mais de R$ 10 milhões, a Justiça deu ganho de causa a Joel.
O Vasco, no entanto, ainda tem outra dívida de outras passagens de Joel por São Januário. No novo acordo, o clube vai sugerir uma recomposição desse débito. Caso parecido a diretoria vascaína tenta com Felipe, que, segundo números do balanço financeiro de 2013, tinha R$ 1,1 milhão a receber de salário e direitos de imagem atraso desde a sua conturbada saída, após episódio com o então diretor de futebol René Simões, no fim de 2012.
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