Herói em atentado, capitão doa 70% do fígado à mãe e sonha com 2016
Capitão da seleção de rúgbi do Afeganistão, Sayed Mustafa Sadat ganha o país após salvar homem durante atentado terrorista em Cabul, em setembro, e quer vir ao Rio
Sayed sonha levar seu país para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, na modalidade rúgbi "sevens", e entre um treino e outro, ganhou o respeito de seus compatriotas. Depois de um treino com o time em Cabul, ao deixar a atividade em seu carro, Sayed ouviu um grande estrondo e viu muita fumaça no ar. Em poucos minutos, viu pessoas correndo para todos os lados. Não precisou pensar muito para perceber que mais um atentado terrorista havia acontecido no Afeganistão. O capitão não pensou duas vezes. Deixou o carro ali mesmo e foi a pé até o "epicentro". Lá, encontrou um homem, que até hoje ele não conhece, se contorcendo de dor e muito ferido.
O capitão pegou o homem no colo e buscou ajuda com outros carros próximos para levá-lo a um hospital. Sem respostas positivas, ele o fez sozinho. Carregou o ferido em seu colo por mais de 3km até o hospital mais próximo. Sem saber se a vítima sobreviveu, ele se dá por satisfeito por ter feito a sua parte.
- Quando o atentado aconteceu, eu estava no meu carro, dirigindo após o treino, e de repente vi que as pessoas estavam deixando a área, correndo, e eu não consegui ouvir mais nada. Vi essas pessoas todas correndo para o sentido contrário e fui em direção ao atentado ajudar as vítimas. Vi um homem ferido debaixo de um veículo e então o peguei nos meus braços e tentei levá-lo até um carro. Ninguém ajudou, então o levei assim mesmo - explicou Sayed, em entrevista por e-mail ao GloboEsporte.com.
- A minha religião diz que o homem que salva uma pessoa não faz apenas isso, mas salva toda a humanidade. Quando vi os artigos com meu nome sobre tudo o que aconteceu fiquei muito feliz. Espero que isso possa mostrar para as pessoas que ainda existem outras pessoas boas no mundo - frisou Sayed.
Com o esporte ainda engatinhando em Cabul, o afegão sonha com as Olimpíadas de 2016, no Brasil, quando a modalidade será disputada com sete atletas de cada lado. Sayed sabe que o caminho é difícil, mas mostra otimismo, além de ter outras prioridades esportivas.
- Eu acho que vamos estar no Rio 2016, mas ainda não tenho certeza porque não estávamos nos Jogos Asiáticos deste ano na Coreia do Sul, por isso não estamos tão otimistas. Além disso, tenho o sonho de ver o nosso time jogando contra as seleções da União Europeia.
70% do fígado doados para a mãe
Com a mãe doente, Sayed doou 70% do seu fígado para ela. A cirurgia, chamada de transplante hepático intervivos, com 17 horas de duração, aconteceu em fevereiro de 2013, em Nova Deli, na Índia. Hoje, a mãe de Sayed está viva e saudável e ele segue jogando rúgbi com apenas 30% do seu fígado.
- Fico feliz e satisfeito de ver minha mãe saudável e ao lado dos seus irmãos. Sinto-me orgulhoso do que fiz e por ser um exemplo de como salvar uma mãe. A operação era arriscada, mas a decisão foi fácil. Eu me ofereci para se o doador e estava pronto para sacrificar minha vida por ela. Eu me considero um sortudo por ser capaz de salvar a vida da minha mãe - finalizou.
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