Valdivia questiona discursos no clube e dispara: "Todo ano é a mesma coisa"
Chileno questiona planejamento do clube e se diz envergonhado com a má fase: "Antigamente era: se ganha título, vira ídolo; agora, se deixa na Série A vira ídolo"
Envergonhado
e preocupado com o momento vivido pelo
Palmeiras na temporada, Valdivia disse que a luta contra o rebaixamento
não pode ser tornar uma realidade constante da equipe, que já encarou
dois rebaixamentos em sua história, em 2002 e 2012, e está ameaçado
novamente. O Mago pede
dedicação total da equipe na reta final do Brasileirão, mas reitera que
tal campanha não merece ser enaltecida.
- Título é muito importante, é o que mais interessa na
carreira, o que o torcedor mais gosta. É por isso que acordamos para trabalhar,
para sermos os melhores e vencedores. Pelo momento que estamos passando, deixar (o clube)
na Série A não é um título, mas será um fato muito importante para ser
lembrado. As pessoas pedem isso. Antigamente era: se ganha título, vira
ídolo; agora é: se deixa na Série A vira ídolo. Sou contrário. Pela situação do
time, temos de nos doar ao máximo, não só eu como o grupo será lembrado - citou.O Palmeiras vai para as duas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro precisando apenas das próprias forças para se garantir na Série A. Com 39 pontos, o Verdão ocupa a 16ª colocação e tem um ponto de vantagem para o Vitória, hoje na 17ª posição e primeiro integrante da zona de rebaixamento. Depois do confronto contra o Internacional, em Porto Alegre, o time do técnico Dorival Júnior terá pela frente o Atlético-PR, em seu novo estádio.
Para o camisa 10, o principal problema encontrado pelo Palmeiras no ano do seu centenário foi a montagem do elenco. Ele cita os mineiros Cruzeiro e Atlético como exemplos a serem seguidos no futebol brasileiro. Mago criticou também os candidatos à presidência, que no próximo sábado disputarão pleito na sede social alviverde.
- Pelo o que Paulo (Nobre) e (Wlademir) Pescarmona estão falando, querem formar
time forte. Mas todo ano é a mesma coisa. O papo é o mesmo, equipe forte,
que dispute título, com jogadores... Não é questão de trazer Messi e Cristiano
Ronaldo, mas tem de ter elenco para um jogador só não levar a responsabilidade.
Concordo com tudo o que estão falando de time grande, de fazer contratações do
tipo que estão falando. Mas, às vezes, não garante título. Cruzeiro contratou muito
pouco e foi campeão de novo. Atlético perdeu grandes jogadores, mas tem elenco
grande e de qualidade - afirmou o atleta.
- Quando resultado não vem, perde confiança,
capacidade de acreditar em você mesmo. Isso acontece, já passei por isso em 2012.
Às vezes, jogava e não me sentia bem, perdia confiança em mim mesmo. Continuo
acreditando que nosso time é bom. Não é o pior do Brasileirão,
tenho certeza - completou.
Confira a entrevista coletiva de Valdivia:
Rebaixamento em 2012
- Em 2012 foi diferente. Caímos com muita antecedência e não dependia apenas do Palmeiras. Dependia de outros resultados. Agora a situação é um pouco diferente, o que se fala não é de Libertadores, de título, mas de novo, no ano do centenário do clube, a briga é para não cair. É difícil lidar com isso, dentro do grupo tem muitos jovens, criados em casa, e outros que nunca caíram para Série B. Eu e mais alguns sabemos o que isso significa. É complicado porque você treina a semana toda e chega no jogo sem fazer aquilo que realizou nos treinos. A confiança não é a mesma. A cabeça fica totalmente diferente. E como tem muita gente jovem, é difícil passar tudo o que significa cair para uma equipe como o Palmeiras. Mas vamos brigar até o último jogo para que isso não aconteça de novo. Neste ano que foi tão ruim, a nossa obrigação de deixar o Palmeiras a Série A precisa ser mantida.
Responsabilidade
- Quando
o Palmeiras caiu, eu não era capitão, estava fora, e vocês (jornalistas) citaram que o
maior culpado pela queda era eu. Agora que eu sou o capitão e e estou
jogando, espero que a responsabilidade possa ser compartilhada, como
pedi naquele momento. Em 2012, falei que não era o Valdivia, era todo
mundo. E agora não muda muita coisa. Sou capitão, mas sempre que falei
com vocês fui bem claro: não adianta um querer e os outros não. Tem
jogadores que estão com contrato acabando, não sabe se vai ficar. É
difícil para eles. A minha responsabilidade é a mesma de todos. Claro
que você tem de exigir algo a mais pela experiência, pelos anos de
clube, mas na hora que está lá dentro, todo mundo sabe o que tem de
fazer. Se o Palmeiras cair não será apenas o Valdivia que vai para a
Série B.
Fica se cair?
- Como o Palmeiras não caiu ainda, não posso responder a essa
pergunta. Mesmo diante de tudo o que vem acontecendo
neste ano com o Palmeiras, acredito muito (na permanência). Depende apenas dos
jogadores, da comissão técnica e da diretoria. Em relação à continuidade
aqui, meu contrato vai até agosto de 2015. Depois disso (Série A ou B) a
gente vê, repensa e conversa sobre uma renovação. Como o Palmeiras não
está na Série B, não posso responder.
Dorival disse que você é o único diferente. Caiu mal no grupo?
- Não
sei se essa declaração pode cair mal no grupo, até porque ninguém veio
a publico criticar as declarações do treinador, ou mostrar um tipo de
crítica sobre isso. Acho que o treinador tem o direito de expressar.
Todos sabem da sua importância aqui e não podem ficar incomodados por
tudo o que o treinador fala.
Jogadores em fim de contrato atrapalham?
- Final de contrato é muito complicado. Acredito que seja difícil para quem está nessa situação,
porque tem jogador que pensa: "meu contrato está acabando e não vou me
expor a ser xingado ou culpado pela queda". Isso acontece, não posso ser
falso. Mas quem está terminando o contrato precisa pensar ao contrário:
"eu posso permanecer no clube e vou mostrar que a diretoria e o treinador
podem confiar em mim". Tem esses dois tipos de jogadores. Independentemente
disso, precisa ter muita consciência do que isso significa. Eu sei o
que é e espero que não aconteça no ano do centenário.
Transferência não concretizada atrapalhou?
- Não
tem como responder porque eu voltei, joguei e teve jogos que o
Palmeiras não ganhou. Outros jogos, eu não joguei, e o Palmeiras ganhou. Não
posso responder se o time estaria em uma situação pior do que está
hoje.
Mala branca para o Flamengo
- Eu
não me preocupo com especulação, não posso responder sobre isso, até
porque é difícil comprovar. Não sei se é verdadeiro. Até porque o
Palmeiras dá 10, mas o Vitória pode dar 20. Não me preocupo se o Vitória vai ganhar, se vai ter dinheiro
para o Flamengo. Eu quero ficar 100% preparado e treinado. A minha preocupação é o Palmeiras e ver
que o grupo está motivado. Nesse momento, tem muita grana que pode
motivar um ou outro. Acho que você é pago para jogar e ganhar. Tem,
acontece, mas que eu saiba até agora ninguém veio falar comigo para
entrar em contato com jogadores do Flamengo, até porque o Vanderlei
(Luxemburgo) falou que não tem essa questão de não querer ganhar.
Insisto que não posso responder a pergunta se tem grana. Posso responder
que o Palmeiras tem duas chances para seguir na Série A: Inter e
Atlético-PR.
É mais complicado decidir tudo em casa na última rodada?
- Sim, concordo. Se acontecer uma derrota do Flamengo e acontecer uma fatalidade do nosso lado, o último jogo vai ser muito complicado. Se conseguirmos o resultado positivo, mesmo que o Vitória vença, vai ser ainda mais complicado. Dos dois jeitos será difícil.
- Sim, concordo. Se acontecer uma derrota do Flamengo e acontecer uma fatalidade do nosso lado, o último jogo vai ser muito complicado. Se conseguirmos o resultado positivo, mesmo que o Vitória vença, vai ser ainda mais complicado. Dos dois jeitos será difícil.
A administração Paulo Nobre pensou pequeno?
- Não tem um presidente no Palmeiras, no Santos, no Cruzeiro ou qualquer outro clube, que pensa pequeno. Menos ainda quando você é presidente do Palmeiras no ano do centenário. Não foi esse o pensamento do Paulo. Erros todo mundo cometem. Agora, quando você é homem e reconhece que cometeu erros, é um passo importante. Perdemos grandes jogadores, por vários motivos. Mas não adianta no dia 25 de novembro ficar lamentando a perda de jogadores que eram importantes para o grupo. O Paulo também é torcedor e nunca vai desejar o mal para o Palmeiras, mas nosso momento é um dos piores.
Por que o Palmeiras chegou a essa situação?
- Começamos bem. Antes da Copa do Mundo o Palmeiras estava em sexto. Veio outro treinador, que não conhecia o futebol brasileiro (Ricardo Gareca) e demorou muito para tomar conhecimento. Infelizmente, havia muitos jogadores no departamento médico. Não fiquei muito tempo com ele (Gareca), porque teve a negociação para os Emirados. Mas perdemos muitos jogos seguidos, e aí a confiança muda. Tivemos bons resultados com o Dorival e depois sofremos um 6 a 0 para o Goiás. Mais adiante tivemos bons jogos nos confrontos de seis pontos: Botafogo, Bahia, Chapecoense... Depois da Copa foi o momento mais difícil. E o segundo está sendo agora: estamos sem ganhar há quatro jogos, sem fazer gols e não estamos jogando mais como antes.
Dores no quadril
- Não tem um presidente no Palmeiras, no Santos, no Cruzeiro ou qualquer outro clube, que pensa pequeno. Menos ainda quando você é presidente do Palmeiras no ano do centenário. Não foi esse o pensamento do Paulo. Erros todo mundo cometem. Agora, quando você é homem e reconhece que cometeu erros, é um passo importante. Perdemos grandes jogadores, por vários motivos. Mas não adianta no dia 25 de novembro ficar lamentando a perda de jogadores que eram importantes para o grupo. O Paulo também é torcedor e nunca vai desejar o mal para o Palmeiras, mas nosso momento é um dos piores.
Por que o Palmeiras chegou a essa situação?
- Começamos bem. Antes da Copa do Mundo o Palmeiras estava em sexto. Veio outro treinador, que não conhecia o futebol brasileiro (Ricardo Gareca) e demorou muito para tomar conhecimento. Infelizmente, havia muitos jogadores no departamento médico. Não fiquei muito tempo com ele (Gareca), porque teve a negociação para os Emirados. Mas perdemos muitos jogos seguidos, e aí a confiança muda. Tivemos bons resultados com o Dorival e depois sofremos um 6 a 0 para o Goiás. Mais adiante tivemos bons jogos nos confrontos de seis pontos: Botafogo, Bahia, Chapecoense... Depois da Copa foi o momento mais difícil. E o segundo está sendo agora: estamos sem ganhar há quatro jogos, sem fazer gols e não estamos jogando mais como antes.
Dores no quadril
- Teve
um lance em que recebi um golpe na mesma região em que já tinha sofrido
do Elias, contra o Corinthians. Senti muito, porque sofri uma ruptura
no quadril. Foi na semana do jogo do Bahia, mas joguei com uma faixa.
Contra a Venezuela (pela seleção do Chile) teve um golpe também e senti novamente. Depois
descansei e senti o incômodo no (músculo) posterior da coxa. Antigamente, uma
lesão me tiraria por um ou dois meses. Agora não é mais assim. O risco
de jogar contra o Sport era agravar uma lesão que me tirasse da reta
final. Contra o Coritiba, voltei a sentir o mesmo incômodo nos dez
minutos iniciais, mas fui até onde deu e no intervalo houve a troca pelo
Diogo. Acho que foi a melhor opção, porque não aguentaria. Essas duas
últimas partidas significam o mesmo que uma Copa do Mundo para mim.
Antes quase livre; agora perto do Z-4
-
Futebol
é muito dinâmico. Eu sempre disse que não dava para respirar tranquilo,
porque havia jogos que definiriam o nosso final de campeonato. Tivemos
resultados ruins que acabaram nos levando a essa situação. É difícil de
explicar e argumentar. Hoje, mais do que nunca,
não é o momento para pensar nos jogos que passaram, mas de saber que se
perdermos esses dois últimos jogos viveremos um inferno.
Eleição: Nobre ou Pescarmona?
- O
melhor para o futuro do Palmeiras é que o presidente saiba da grandeza que o clube tem.
Se o Paulo continuar, tenho certeza que ele vai fazer tudo o que deixou
de fazer esse ano. Se o Pescarmona vier, pelo o que ele esta falando,
vão muitos jogadores embora e ele vai contratar grandes jogadores. Acho
que grandes jogadores na história do futebol não ganharam nada, mas, sim,
grandes homens.
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