Big riders comparam ondas grandes à F-1 e buscam tecnologia e segurança
Roupas infláveis e equipe de resgate são as palavras-chaves para evitar mortes. 'Não existe evolução no esporte sem se arriscar', diz Carlos Burle
- Voltei na última hora, azul. Ninguém está imune.
Dias depois, o havaiano Sion Milosky passou por situação parecida, mas não conseguiu voltar. Morreu em Mavericks, na Califórnia, depois de pegar as seis melhores da tarde. A notícia da morte doeu como uma onda na cabeça e fez com que os big riders ligassem o sinal de alerta.
(Foto: Bruno Lemos/ www.lemosimages.com)
O havaiano Mark Foo, considerado um dos maiores mestre das ondas gigantes, não teve a mesma sorte. Em 1994, ele desapareceu depois de enfrentar um paredão em Mavericks. Naquela época, a preocupação com a segurança era pouca, quase inexistente.
- A gente tem a F-1 como exemplo. Morria muito mais gente nas pistas antigamente. Mas foram desenvolvendo carros mais seguros, macacões, novas técnicas de resgate - diz o pernambucano Burle.
No tow-in, os perigos são bem menores do que no surfe de remada. Ao entrar na onda em alta velocidade, rebocado por jet-ski, o surfista tem menos risco de ser engolido pela espuma e, caso seja, é rapidamente resgatado pelo parceiro. Além disso, por não precisar remar, pode usar dois coletes salva-vidas.
havaiano Sion morreu (Foto: divulgação)
- Não existe evolução no esporte sem se arriscar. Todo mundo quer tentar manobras mais radicais, ficar mais tempo dentro do tubo. Quem tem mais agilidade e coragem se destaca. Recebemos muita descarga de adrenalina. Se o surfista não consegue racionalizar, fica à mercê das emoções e põe a vida em risco - conta Burle.
Burle e Eraldo ajudam a desenvolver novos equipamentos de segurança
Eraldo Gueiros foi um dos primeiros surfistas a entrar na onda da segurança. Desde suas primeiras sessões de surfe em Jaws, passou a trabalhar no desenvolvimento de coletes mais finos. Para não atrapalhar a remada, a roupa de borracha não pode ter muita textura no peito, por exemplo. Nas costas, pernas e braços, justamente o contrário. Essas áreas são as mais atingidas nas quedas.
para o tow-in (Foto: Divulgação)
O objeto de desejo dos surfistas agora é uma roupa flutuante que conta com um tubo de gás para inflá-la. O havaiano Shane Dorian, mestre de ondas grandes, estava com uma dessas em Jaws, dividindo as séries com Burle. De volta ao Brasil, o pernambucano vai dar a sugestão à empresa que o patrocina.
Quem tem menos recursos é exposto a mais riscos "
Maya Gabeira
Carlos Burle é um dos cinco atletas que ajudam a organizar o Circuito Mundial de ondas grandes. Lá, os atletas têm seguro saúde, de vida, contam com equipe de resgate à disposição e são obrigados a usar equipamento de segurança. Um primeiro passo para profissionalizar o esporte. A premiação por etapa é de US$ 50 mil (cerca de RS$ 80 mil).
- Quem tem menos recursos é exposto a mais riscos - diz Maya Gabeira, tetracampeã do Billabong XXL e uma das poucas surfistas que contam com apoio de peso de patrocinadores.
Apesar de toda a experiência no surfe ondas grandes, de ter visto conhecidos morrerem no mar, Burle arriscou surfar, naquela tarde em Jaws, sem a ajuda de uma equipe de resgate.
- A gente usou uma âncora para prender o jet-ski. Foi um dia complicado. Até demorei a contar o que realmente houve para minha esposa - disse o pai de Reno, de 1 ano.
- Não surfar sozinho | |
- Não surfar quando já está cansado (normalmente no fim de tarde) | |
- Usar equipamento de segurança – capacete e colete ou roupa de borracha com flutuação | |
- Ter um “guardião”, alguém que vai ficar de olho para se certificar de que, depois de pegar uma onda, você voltou ao outside. Em caso de queda, a pessoa solicita rapidamente o resgate. | |
- Contar com uma equipe de resgate profissional, com equipamentos de primeiros socorros |
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