quinta-feira, 23 de junho de 2011

Colorado importador tem mais erros do que acertos nos estrangeiros

Com 14 gringos no elenco desde 2005, Inter acerta cheio em Guiñazu e D’Alessandro, mas também tem Hidalgo, Orozco, Bustos, Bolaños...

Por Alexandre Alliatti Porto Alegre
Treino do Internacional - Guiñazu e D'Alessandro (Foto: Lucas Uebel /  Vipcomm)Guiñazu e D'Alessandro: tiros certeiros do clube
(Foto: Lucas Uebel / Vipcomm)
Nesta quarta-feira, quando entrou na sala do presidente do Inter, Giovanni Luigi, e pediu para ter seu contrato rescindido, o argentino Fernando Ezequiel Cavenaghi entrou de vez na lista dos estrangeiros que não deram certo no Beira-Rio. E não são poucos. O sucesso alcançado por atletas como Guiñazu e D’Alessandro deu ao Colorado o rótulo de entidade exemplar na importação de atletas sul-americanos. Mas não é bem assim. Desde 2005, quando os vermelhos intensificaram a busca pelo continente, houve mais erros do que acertos no processo.
O Inter, até por sua posição geográfica, sempre foi adepto do investimento em atletas de países vizinhos. Figueroa, Ruben Paz, El Gato Fernandez e Gamarra marcaram época no clube. Mas foi a partir de 2005 que a diretoria passou a investir sistematicamente, ano após ano, em atletas de fora do país. Foram 13, contra apenas cinco no período entre 2001 e 2005 – Gavilán pegou as duas épocas.
Desde o ano do mal-digerido vice-campeonato brasileiro, o Inter viu com os estrangeiros a irregularidade natural do mercado. Acertou em cheio em alguns jogadores, casos de Guiñazu e D’Alessandro, teve resposta regular de outros, exemplos de Vargas, Sorondo e Abbondanzieri, e viu fracassos em situações como as de Hidalgo, Orozco, Bustos, Bolaños, Bruno Silva e Cavenaghi. Percebeu que nem tudo é certeza com os boleiros que falam espanhol.
avaliação joadores estrangeiros (Foto: arte esporte)Os gringos desde 2005: acertos, erros e meio-termos no Beira-Rio (Foto: arte esporte)















É um processo crescente: no time campeão da Libertadores de 2006, não havia nenhum estrangeiro como titular – Rentería brilhava, mas como reserva. Já na equipe vencedora da mesma competição quatro anos depois, eram dois titulares (Guiñazu e D’Alessandro) mais três suplentes (Abbondanzieri, Sorondo e Bruno Silva, todos com passagem pelo time no decorrer da disputa).
Com o passar do tempo, o clube afunilou suas escolhas: passou a apostar especificamente em uruguaios e argentinos.
- Colombianos e equatorianos, nunca mais – disse em 2010 o então vice-presidente de futebol do Inter, Fernando Carvalho, um pouco brincando, um pouco falando sério.
De fato, a margem de acertos do Inter é melhor com argentinos e uruguaios. Guiñazu, D’Alessandro, Abbondanzieri, Bolatti, Cavenaghi, Sorondo e Bruno Silva formam um grupo de passagem mais sólida do que Bustos, Orozco, Hidalgo, Vargas, Rentería e Bolaños.
Mas os altos e baixos não balançam a convicção colorada de que vale a pena investir nos gringos. Pouco antes do início do Brasileirão, o clube solicitou à CBF, via Federação Gaúcha de Futebol, que eliminasse o limite de três estrangeiros por partida. Não houve resposta positiva. Aí esteve um dos motivos para o pedido de Cavenaghi. Com Bolatti, Guiñazu e D’Alessandro como titulares, o atacante viu poucas perspectivas no Beira-Rio. Mas outros devem aparecer no clube, para alegria dos gringos que já estão por ali, como brincou recentemente D’Alessandro:
- É mais gente para o churrasco.
Os gringos desde 2005
Gavilán: ganhou três Estaduais com o Inter, o último em 2005, e chegou a ser uma das referências do time de Muricy Ramalho, mas sempre foi visto como um atleta de limitação técnica. Depois, foi para o Grêmio.
Rentería: marcar golaços na Libertadores e comemorar imitando um saci, com cachimbo e touca, transformou o colombiano em um dos jogadores mais reverenciados pelos colorados nos últimos anos. Por causa de uma lesão, não pôde ser campeão do mundo com o Inter. Deixou o clube no ano seguinte, mas garantiu sua marca na história vermelha.
Vargas: foi fundamental contra o Barcelona, ao ir a campo no segundo tempo e melhorar o time, mas jamais se firmou como titular. O volante colombiano não conseguiu conquistar Abel Braga. Deixou o Beira-Rio em 2007.
Hidalgo: o lateral-esquerdo foi contratado pelo Inter depois de enfrentar o clube gaúcho pelo Libertad na Libertadores de 2006. Deveria ser o titular no Mundial, mas sofreu uma lesão e acabou no banco no Japão. Foi discreto em sua passagem pelo Colorado.
Guiñazu: segue no clube, como um dos maiores símbolos da torcida. Titular desde que chegou ao Beira-Rio, em 2007, é idolatrado pelos colorados. Ganhou a Sul-Americana de 2008 e a Libertadores de 2010.
Sorondo: houve momentos em que Sorondo jogou bem. Houve momentos em que Sorondo jogou mal. E houve, sobretudo, momentos em que Sorondo não jogou. O zagueiro uruguaio sofre com repetidas lesões desde a chegada ao Inter, em 2007. Tem títulos, mas pouca sequência no clube. No momento, se recupera de nova cirurgia no joelho.
Orozco: o Inter buscou o zagueiro colombiano no México. E deve ter se arrependido. Jogou muito pouco, e quase sempre mal.
D’Alessandro: foi o maior acerto da história recente do Inter entre os gringos. O maior ídolo dos colorados na época pós-Fernandão é a liderança técnica do time. Já tem cinco gols em Gre-Nais. Jogou muito no título da Sul-Americana de 2008 e na conquista da Libertadores de 2010.
Bustos: a passagem do lateral-direito Bustos pelo Inter beira a comédia. Contratado em 2008, depois de desempenho mediano no Grêmio, ele logo foi escanteado. O detalhe é que segue no clube, sem jogar, sem se transferir, já que recebe um alto salário.
Bolaños: o Inter queria o atacante antes de ele ir para o Santos. Mas só conseguiu contratá-lo depois. E não deu certo. Ele fez apenas três gols e foi cedido de volta para a LDU.
Abbondanzieri: o lendário goleiro argentino, ídolo eterno do Boca Juniors, foi titular do Inter até as quartas de final da Libertadores de 2010, quando acabou substituído por Renan. Teve falhas, mas também teve grandes momentos, especialmente quando convenceu a arbitragem a anular um pênalti no jogo contra o Deportivo Quito. Aposentou-se no final do ano, aplaudido pelos torcedores no voo de volta de Abu Dhabi, onde disputou o Mundial, novamente na reserva.
Bruno Silva: no início da Libertadores de 2010, disputou palmo a palmo uma vaga de titular com Nei. Acabou vencido. Aos poucos, foi sumindo, até pedir para retornar ao Ajax, da Holanda, clube ao qual pertence.
Bolatti: começou muito bem, mas depois caiu assustadoramente de rendimento. Agora, passou quase três semanas em processo de recondicionamento físico. É um aposta forte do clube.
Cavenaghi: fez apenas dois gols em 14 partidas pelo clube, a maioria delas apenas no segundo tempo. Nos treinos, não foi bem. Pediu para deixar o Beira-Rio na quarta-feira.
 

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