Agência que negocia cativas do Maracanã mostra acordo com proprietário
Empresários garantem que seus ingressos são adquiridos com donos de cadeiras
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Thiago confirmou os dados da empresa, que opera de sua residência no bairro carioca do Encantado, e o cadastro na Embratur, vencido em outubro e já em processo de renovação. Em pesquisa no site do Ministério do Turismo, o certificado da Embratur de número 19.043718.10.0001-4 não havia sido encontrado, mesmo quando foi consultado um atendente online do órgão.
- A gente tem esse contrato, mas não só esse. Com outros donos de cativa também. Era uma coisa de boca - mas resolvemos registrar agora por causa da reportagem. A gente quer deixar claro que a nossa empresa não pega ingressos com cambistas e nossos bilhetes são cedidos por donos de cadeira cativa. A gente vende um pacote que envolve translado, guia e o ingresso para aquele setor - disse Thiago.
O empresário afirmou ter acesso a quase 60 cativas e acrescentou que tem acordo com um proprietário que controla 35 assentos, mas ressaltou que nem todas estão em seu nome. A Suderj informou que o proprietário único com maior número de cadeiras cativas possui 11 assentos. Thiago também frisou diversas vezes que nunca obteve entradas para o setor de cativas com a Outplan, empresa responsável pela impressão dos ingressos para jogos no Maracanã. Por e-mail, Thiago enviou também um documento no qual constam as regras firmadas nos anos que antecederam a construção do antigo Gigante do Derby (como era conhecido o Maracanã), dizendo explicitamente que os donos de cadeira cativa podem ceder ou alugar os assentos, em decreto datado de 1947.
Nas entradas atuais, além da estampa “venda proibida”, está escrito: “Proibida a revenda nos temos do artigo 41-F da Lei 12.299/10” (legislação de 27 de julho de 2010). A lei “dispõe sobre medidas de prevenção e repressão aos fenômenos de violência por ocasião de competições esportivas; altera a Lei no 10.671, de 15 de maio de 2003; e dá outras providências”. O valor estampado nos bilhetes para cadeira cativa é R$ 0,00. Diz o artigo 41-F da Lei 12.299 de 2010:
“Vender ingressos de evento esportivo, por preço superior ao estampado no bilhete:
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa".
O dono da Follow Me disse ainda, também por e-email, que tenta, agora, recuperar a credibilidade com os hotéis para os quais fornece o serviço de pacote turístico para jogos de futebol.
Proprietário acusa Suderj de não picotar bilhetes não usados
O GLOBOESPORTE.COM consultou proprietários de cadeiras cativas a respeito do vazamento de bilhetes para agências de turismo e cambistas. Um deles, Marcelo Pinto, bancário de 45 anos, assegurou ter ouvido de um funcionário da Suderj que os bilhetes de cativa não usados são devolvidos à concessionária do Maracanã.
- Eu conheço muitos cambistas e essa prática é antiga, de cadeira cativa ir lá para fora. Esse esquema desde a época da Suderj, quando era cartão de plástico. Cobrei um funcionário do setor de cadeiras da Suderj. Disse que todo jogo tem saído pelo menos 100 cativas para fora. A colocação dele foi que entrega ao consórcio. Por exemplo, sobraram 300 cadeiras, 1.000 cadeiras, ele entrega ao consórcio.
Informado sobre a posição oficial da Suderj de que coloca as entradas não utilizadas em uma máquina fragmentadora de papel, ele contestou:
Antes da partida entre Flamengo e Botafogo, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil, a reportagem do GLOBOESPORTE.COM constatou que havia ingressos disponíveis para donos de cativas até a hora do jogo. Novamente consultada, a Suderj voltou a dizer que as entradas não usadas são picotadas. A concessionária, por sua vez, disse, também por e-mail:
- Os ingressos de cadeira cativa, emitidos a cada jogo, são entregues diretamente para a Suderj, que tem a responsabilidade de fazer a entrega aos proprietários. Não há devoluções para a concessionária de eventuais sobras destes ingressos, ficando a cargo da Suderj a destruição/destinação final destas sobras.
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