Sem dar as costas: autor de gol marcante reforça torcida pelo Galo
Vanderlei, que fez tento memorável em Fábio, se emociona com canção atleticana de provocação ao Cruzeiro e espera ir à final: "Tenho carinho imenso pelo Atlético-MG"
Nem Tardelli, Luan ou Léo Silva. Nem mesmo Reinaldo, Éder ou Dadá. Um dos nomes mais gritados pelo torcedor do
Atlético-MG nos últimos jogos do Galo, especialmente contra o Cruzeiro, é o de
Vanderlei José Alves. O catarinense de 36 anos, que se aposentou após disputar
o Candangão de 2014 pelo Gama, está longe de ter números e conquistas
semelhantes aos dos ídolos citados. Mas ele conseguiu uma proeza que lhe
rende o carinho eterno dos atleticanos: o memorável gol em cima de um Fábio
que, de costas, caminhava para sua meta (reveja o lance no vídeo acima).
O lance, que ocorreu aos 47 minutos do segundo tempo da
decisão do Campeonato Mineiro de 2007, é citado na canção que hoje embala os jogos
do Galo, principalmente os confrontos contra o Cruzeiro. Uma paródia do hit
argentino na Copa do Mundo, “decime que se siente”, que provoca o rival, é febre
entre os alvinegros e
foi incansavelmente cantada no primeiro duelo da final da Copa do Brasil, no
último dia 12. Vanderlei não havia se dado conta da homenagem. Mas foi alertado por um
amigo e agora fica sempre atento aos gritos que vêm
da arquibancada.
- Tenho um colega de Belo Horizonte, com quem tenho amizade
muito boa, desde a última partida daquela final de 2007. Um dia ele me ligou e
perguntou se eu já tinha escutado a música. Ele me mandou um link, eu assisti e
me emocionei. Assisti ao jogo contra o Flamengo (4 a 1, pelo Brasileirão) e
ouvi a música. É muito gratificante, tenho um carinho imenso pelo Atlético-MG –
comenta Vanderlei, que atualmente reside em Tubarão, no interior catarinense.
Aquele gol, na vitória por 4 a 0 no jogo
de ida da final do estadual, no dia 29 de abril, foi um dos 15 que Vanderlei
fez com a camisa atleticana. Ele chegou ao Galo em janeiro de 2007 e ficou até
maio de 2008. Foram 60 jogos. Os números são modestos, mas suficientes para marcar seu nome.
- Quando aconteceu o gol em Belo Horizonte, teve muita
repercussão. Esse gol rodou o mundo, tem uma representatividade muito grande
mesmo. Moro em Tubarão e eventualmente vou a Belo Horizonte. Sempre recebo o
carinho dos torcedores. É muito gostoso ver as pessoas lembrarem do seu nome.
Isso não tem preço.
seis minutos, dois gols
O
placar de 2 a 0 já parecia ótimo para encaminhar a quebra
do jejum de sete anos sem o título mineiro. Vanderlei começou aquela
partida na
reserva e entrou apenas aos 38 minutos da segunda etapa. Mas ficou tempo
suficiente para tornar aquele clássico um dos mais importantes da
história dos
dois rivais. Ele deu passe para que Marcinho sofresse o pênalti do
terceiro gol
e, na saída de bola do Cruzeiro, fez “Fábio chorar”, como cantam os
atleticanos. A naturalidade com que lembra do lance faz parecer que não
foi tão inusitado. Mas um personagem foi tão importante quanto ele. O
gandula.
O
Fábio tinha saído fora da grande área, acho que para reclamar após o gol de pênalti, e
estava voltando para o gol, e eu chutei. As duas bolas ficaram dentro do gol
Vanderlei
O Cruzeiro ganharia o segundo jogo por 2 a 0, mas o estadual
ficou com o Galo. Vanderlei atuou em outros 11 clubes após a passagem pelo
Atlético-MG. Nos últimos anos rodou por equipes pequenas no interior do Brasil.
Em 2013, inclusive, jogou pelo Nacional-MG e reencontrou Fábio no jogo pelo
estadual. No entanto, não houve oportunidade para conversarem. A falta de
um calendário que faça times menores atuarem o ano inteiro e o mercado restrito para um veterano de 36 anos o fizeram deixar o
campo e ir para um escritório. Agora é empresário em Tubarão-SC. No
entanto, mesmo com a vida longe dos gramados, o gol em Fábio insiste em fazer
parte da sua rotina.
- Eu parei de jogar, comecei a trabalhar em uma empresa em
Tubarão e recebemos um representante comercial de Belo Horizonte. Em uma
conversa, o diretor da nossa empresa contou para esse representante que tinha
um ex-atleta do Atlético aqui e se chamava Vanderlei. O rapaz logo respondeu:
“Não acredito!”. Ele se lembrou quem eu era, pediu para bater uma foto e em
seguida ainda falou: “Vou mandar direto para a minha esposa”. É bem
gratificante. É um gol que vai ser lembrado em muito tempo ainda – conta, com
orgulho, Vanderlei.
na torcida
O ex-camisa 9 do Galo acredita no título inédito, nesta
quarta-feira, contra o Cruzeiro. Ele enaltece o vigor físico e o padrão tático
da equipe. O técnico Levir Culpi, com quem trabalhou em 2007, é figura
essencial na possível conquista, segundo Vanderlei. Ele estará na torcida pelo
Atlético-MG. Se possível, até no Mineirão.
- Conheço muitas pessoas que ainda estão no Atlético, o
pessoal que dá suporte. O Atlético está muito bem no aspecto físico, emocional
e tático. Estão com a mesma base há dois anos, mudou uma ou duas peças. Estou
feliz com o Atlético, feliz com a volta do Levir, que é um excelente treinador.
É um cara amigo, preza pelo grupo. Torço pelo título. Até me ligaram para ver a
possibilidade de eu ir para Belo Horizonte, assistir ao jogo, tirar fotos com a
torcida. Tomara que dê certo. Gostaria muito de ir.
A arquibancada terá maioria azul no segundo jogo da
final. Mesmo assim, o ex-atacante espera ouvir, pela primeira vez ao vivo, a
torcida atleticana gritar: “Vi o gol do Vanderlei, e o Fábio lá de costas a
chorar”.
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