Meu Jogo Inesquecível: Coxa-85 faz Guta Stresser vibrar com churrasco
Título brasileiro do Coritiba conquistado nos pênaltis contra Bangu no Maracanã vira tema de livro lançado pela atriz, a Bebel de 'A grande família'
Esse jogo tão importante no coração de todos os torcedores alviverdes é também o mais marcante para a atriz. Guta ressalta que, como torcedora, fica feliz a cada vitória do seu time. Como na sequência quase perfeita do Coritiba nesta temporada, em que mantém longa invencibilidade - não perde há 26 partidas, sendo que obteve 21 vitórias seguidas e o bicampeonato paranaense, conquistado neste domingo. Ou o título da Série B de 2010, que levou o clube de volta à elite do futebol brasileiro. Mas a vitória de 1985 em terras cariocas, sobre o Bangu... Essa valeu uma comemoração à parte, com a grande família da vida real.
A memória de Guta volta ao ano de 1985, mais precisamente ao dia 31 de julho. Em campo, no Maracanã, o Bangu recebia o Coritiba na partida única da decisão do Campeonato Brasileiro. Na época, o clube de Moça Bonita, que tinha como patrono o banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade, contava com o apoio da maioria dos torcedores dos grandes clubes do Rio e com excelentes jogadores, como o ponta-direita Marinho, em pleno auge de sua carreira - chegou até a Seleção Brasileira.
Decisão emocionante
Do lado do Coxa, o atacante Lela, pai dos jogadores Richarlyson e Alecsandro, dividia os holofotes com o goleiro Rafael. Ao lado do pai Ronald Sanson Stresser – um torcedor ferrenho, como ela define –, a torcedorinha de apenas 13 anos roía as unhas e sofria a distância com o jogo que acontecia na capital carioca.
Depois de uma heroica classificação frente ao Atlético-MG, com uma vitória por 1 a 0 no Couto Pereira e um empate no Mineirão, o time Alviverde chegava ao Maracanã tomado por mais de 91 mil pessoas para a partida única na final. A pressão se refletia a pouco mais de 800 quilômetros na casa de Guta.
A família da atriz não pôde ir até a capital carioca acompanhar os heróis coxas-brancas, mas a festa estava preparada em sua casa. Ela conta que o churrasco já estava garantido, mas, até o apito final, o clima foi de muita tensão. No sofá da sala da casa, a ansiedade tomava conta de todos.
A partida não foi fácil para nenhum dos lados. O Bangu, influenciado pelo estádio lotado, tentava chegar ao gol com seus artilheiros responsáveis pelo melhor ataque do campeonato. Mas foi o atacante Índio – autor de nove gols no Brasileirão - que abriu o placar aos 25 minutos do primeiro tempo, para desespero do time carioca e decepção da torcida.
O Bangu era valente e dono de uma das melhores campanhas. Tanto que não se abateu e, com um Maracanã já meio calado, o meia Lulinha fez seu gol no segundo tempo e deixou tudo igual. Na prorrogação, nenhuma equipe balançou as redes, e a decisão foi para os pênaltis.
Em casa, Guta lembra da apreensão da família e, sobretudo, de seu pai. Os dois cruzavam os dedos e a respiração ficava suspensa até a cobrança do pênalti e o grito de gol. Mas o Bangu não estava disposto a entregar o jogo, e nos cinco primeiros pênaltis, os dois lados acertaram.
Acabada a primeira sessão de cobranças, o nervosismo era maior ainda. Não havia chance para erro. Quem perdesse diria adeus ao título inédito. Foi então que Ado pegou a bola e a levou até a marca na área. O jogador do Bangu olhou para goleiro Rafael Camarota e bateu.
o título (Foto: ANDRÉ DURÃO / Globoesporte.com)
- Eu acho meio estranho escolher apenas um jogo. Quando o Coritiba ganha, para mim é sempre inesquecível - afirmou.
Segundo time
A festa da comemoração do título brasileiro está marcada na memória da atriz, que desde então é coxa-branca de carteirinha’. Mas como o futebol também é uma de suas paixões, a saudade dos tempos de Couto Pereira ela mata no Engenhão, no Rio de Janeiro. E ainda revelou que, com a proximidade e a influência do marido, arrumou um segundo clube para torcer: se transformou em botafoguense.
Mas Guta não titubeia ao responder sobre a preferência entre a Estrela Solitária e o Coxa. Está empolgada com a volta do time para a primeira divisão e a possibilidade de ver o Coritiba em campo, no Engenhão, ainda este ano.
- Quando jogar no Rio, eu irei ao estádio. E quando o Botafogo enfrentar o Coxa, vou torcer pelo meu clube, o Coritiba, com certeza.
Gilmar, Márcio Nunes, Jair, Oliveira e Baby; Israel, Lulinha (Gilson) e Mário; Marinho, João Cláudio (Pingo) e Ado. | Rafael, Gomes, Heraldo, André e Dida; Almir (Vavá), Marildo (Marco Aurélio) e Tobi; Lela, Índio e Edson. |
Técnico: Moisés. | Técnico: Ênio Andrade |
Gols: no primeiro tempo, Índio, aos 25 minutos. No segundo tempo, Lulinha, aos 35 minutos. Na disputa de pênaltis, converteram Gilson, Pingo, Baby, Mário e Marinho. Pelo Coritiba, marcaram Índio, Marco Aurélio, Edson, Lela, Vavá e Gomes. | |
Cartões amarelos: Mário (Bangu); Diga, Gomes e Rafael (Coritiba) | |
Data: 31/07/1985. Local: Maracanã. Competição: Campeonato Brasileiro de 1985. Árbitro: Romualdo Arpi Filho. Auxiliares: Osvaldo Campos e Joel Caires. Renda: Cr$848.064.000,00. Público: 91.527 pagantes. |
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