Giro do Motor: bate-boca na Stock, moto voadora e emoção de Fittipaldi
Fim de semana de velocidade tem acidente feio na Moto3, estreia de filme sobre F-1, homenagens, discussão entre pilotos e vitória brasileira no DTM
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Com seu estilo quieto e eficiente, Daniel Serra frequentemente é comparado ao finlandês Kimi Raikkonen, mais novo contratado da Ferrari na Fórmula 1, por onde foi campeão em 2007. Neste domingo, o estilo de “comer pelas beiradas” do filho do tricampeão Chico Serra deu resultado mais uma vez. Buscando o quarto título da família na Stock Car, Daniel venceu pela terceira vez no ano ao escapar de um acidente múltiplo na largada, voltando à liderança do campeonato.
A confusão vitimou alguns favoritos, como o pole (e seu companheiro de equipe) Cacá Bueno e o piloto Átila Abreu, que completava a primeira fila. Ricardo Maurício, campeão de 2008, e Marcos Gomes, vencedor de duas provas nesta temporada, completaram o pódio. Cacá terminou em 15º. Mesmo com três entradas do safety car, Serra não foi ameaçado até a bandeirada.
O terceiro safety car da etapa do Velopark, a nona da temporada 2013 da Stock Car, foi acionado exatamente na metade da prova, quando Nonô Figueiredo acertou os carros de Tuka Rocha e Ricardo Sperafico na travada curva que leva à reta principal. Os três pilotos abandonaram, e Tuka, revoltado, foi até o carro de Nonô tirar satisfações. Ainda de capacetes, os dois discutiram feio, já que o piloto do carro 25 considerava o competidor do 11 culpado pela manobra. Mais tarde, a direção de prova acatou um recurso da equipe Full Time e puniu Nonô com a perda de 15 posições no grid de largada da próxima etapa. Acompanhe a manobra e os argumentos dos dois pilotos no vídeo ao lado.
Mesmo não conquistando a sexta vitória no ano neste domingo, Marc Márquez mostrou que não se abala facilmente. No sábado, pouco antes do treino classificatório, o espanhol levou um tombo na temida curva 13 do circuito de Misano, na Itália (acompanhe a queda no vídeo ao lado). Márquez levantou como se nada tivesse acontecido e pegou a moto reserva para buscar a pole position. O piloto da Honda não apenas conseguiu a primeira posição do grid como bateu o recorde da pista, com 1m32s915. O piloto de 20 anos quebrou a marca do australiano Casey Stoner, bicampeão mundial e seu antecessor na Honda, que era de 1m33s138.
O que parecia um fim de semana promissor para a equipe Aspar na Moto3, porta de entrada do Mundial de Motovelocidade, terminou em frustração e preocupação para o time espanhol. Depois de liderar as duas primeiras voltas em busca de sua primeira vitória no ano, Jonas Folger foi superado pelos espanhois Alex Rins e Maverick Viñales, que terminaram a prova separados por apenas 0s050, com vantagem para o vencedor Rins. Na ânsia de retomar a ponta, o pole deixou a traseira escapar e sofreu um acidente assustador. Sem controle, a KTM capotou diversas vezes, ejetando o alemão, que caiu de peito no asfalto. Folger foi retirado de maca, com a perna esquerda fraturada. Após exames mais detalhados, foi detectada também uma lesão no ombro esquerdo. O tempo de recuperação ainda não foi determinado.
Já Eric Granado, que havia largado em sétimo (melhor posição de sua carreira) após fazer uma largada conservadora, protagonizou uma boa disputa pelo 15º lugar durante boa parte da prova. Mas também caiu na penúltima volta, não completando o GP de San Marino. Estreando no Mundial com a moto 97, o italiano Luca Marini frustrou a expectativa do público local e também de seu meio irmão, o multicampeão Valentino Rossi, e caiu logo na primeira curva, dando adeus prematuramente à sua corrida de estreia no Mundial.
Se o sábado foi positivo para Márquez, bastou uma largada ruim no domingo e pronto: o prodígio da MotoGP perdeu a liderança logo no início da prova de San Marino. Foi deixado para trás por Jorge Lorenzo, Dani Pedrosa e Valentino Rossi. O jovem espanhol conseguiu se recuperar e fechou a corrida em segundo lugar, mas viu um de seus maiores rivais pelo título da temporada cruzar em primeiro lugar. Com uma exibição perfeita, Lorenzo chegou à quinta vitória no ano (mesmo número de Márquez) e diminuiu a diferença para o topo da tabela. Pedrosa completou o pódio, com Valentino Rossi em quarto.
A etapa do Mundial de Motovelocidade foi repleta de homenagens no circuito de Misano Adriático, batizado há dois anos com o nome do italiano marco Simoncelli, que morreu em 2011 em um grave acidente durante o GP da Malásia, aos 24 anos. O “urso do cabelo duro”, que nasceu e cresceu a poucos quilômetros do autódromo, foi lembrado com um monumento no melhor estilo dos amantes das duas rodas, que chamou a atenção pela originalidade. Ao lado de um painel gigante de vidro com uma imagem do piloto, há uma peça de metal moldada no formato de um escapamento de moto. A cada noite de domingo, o monumento soltará uma chama de três metros de extensão durante 58 segundos, número que era usado pelo piloto nas corridas.
homenagem a Shoya Tomizawa (Foto: MotoGP)
Mas as homenagens não pararam por aí. Na prova da Moto2, divisão de acesso da MotoGP, Takaaki Nakagami liderou praticamente toda a prova e enfim parecia rumar para sua primeira vitória na classe. Mas o japonês foi surpreendido pelo espanhol Pol Espargaró no fim da prova e terminou em segundo pela quarta vez consegutiva, a 0s620 do vencedor. Mesmo assim, o piloto da moto 30 fez questão de desfilar com uma bandeira do Japão e estacionar sua moto diante da torcida nipônica presente ao circuito. Emocionado, ele homenageou seu compatriota Shoya Tomizawa, que morreu em um acidente nesta mesma pista em 2010, e chorou bastante após a bandeirada.
Alemão de Turismo (Foto: Divulgação)
O brasileiro Augusto Farfus (RBM BMW) entrou de vez na briga pelo título do DTM, o Campeonato Alemão de Turismo, mais forte do mundo da modalidade. Neste domingo, o curitibano de 30 anos venceu a corrida de Oschersleben (ALE), válida pela 8ª etapa da temporada, e subiu da quinta para a vice-liderança da temporada. Foi o segundo triunfo do piloto no ano, que já havia faturado a prova de abertura, em Hockenheim (ALE). Restando duas corridas para o fim do campeonato, Rockenfeller lidera com 124 pontos. Farfus possui 91. Cada vitória vale 25 pontos e, dos 22 pilotos do grid, apenas os dois possuem chances de título. A próxima etapa está marcada para dia 29 de setembro, em Zandvoort (HOL). A temporada se encerra em 20 de outubro, em Hockenheim.
- Enquanto tivermos chances matemáticas, brigaremos até o fim pelo título. Mas dando um passo de cada vez. Espero ter um bom resultado em Zandvoort para adiar a decisão para Hockenheim. Vou encarar essas duas corridas como encarei todo o campeonato, buscando sempre dar o meu melhor. Vamos ver o que o destino nos reserva - disse o brasileiro.
Considerado o favorito à vaga aberta na STR depois que o australiano Daniel Ricciardo foi anunciado como companheiro de Sebastian Vettel na RBR para 2014, António Félix da Costa mostrou neste domingo que a pressão lhe cai bem na missão de mostrar que está pronto para ingressar na Fórmula 1. O português, que já testou carros da Force India e da RBR nas sessões para novatos, cumpriu neste domingo mais uma etapa rumo à elite do automobilismo. Ele venceu a segunda prova do fim de semana da World Series 3.5 – uma das divisões de acesso da F-1, ao lado da GP2 – no circuito de Hungaroring, na Hungria. E vibrou muito pelas redes sociais.
'Rush - No Limite da Emoção' (Foto: Divulgação)
Campeão mundial de Fórmula 1 em 1972 e 1974, Emerson Fittipaldi acompanhou a estreia neste fim de semana do longa-metragem “Rush - No Limite da Emoção”, que retrata esta fase da categoria através da rivalidade entre o calculista austríaco Niki Lauda e o fanfarrão inglês James Hunt. E confessou que se emocionou ao rever o drama do amigo Lauda, que sofreu um grave acidente no GP da Alemanha daquele ano, ficando com o rosto deformado pelas queimaduras e os pulmões intoxicados pela fumaça. Além de resgatar o austríaco do carro em chamas (cena recriada com riqueza de detalhes no filme), o brasileiro acompanhou sua recuperação nos dias que se seguiram no hospital, quando recusou um convite que muitos pilotos buscam durante toda a vida, em respeito ao sofrimento do colega.
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